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INVICTUS

Posted by Clenio on 10:22 in

Época de Oscar, época em que os filmes com ambições mais sérias começam a aportar na capital, época de Clint Eastwood. Já faz alguns anos que o veterano Dirty Harry já é figurinha fácil nas festas da Academia, portanto não é nenhuma surpresa que seu filme mais recente - que estreou em Porto Alegre ontem - esteja cotado para concorrer a algumas estatuetas. No entanto, acho que é dífícil que "Invictus" passe do limite de ser indicado. Além de provavelmente ter que encarar "Avatar" (a falta de originalidade dos membros da Academia é de chorar!) ainda terá que lutar contra si mesmo: apesar de tecnicamente impecável, a adaptação do livro de John Carlin (na verdade uma história real) carece de emoção, mesmo tratando de um assunto palpitante e socialmente relevante.

A grosso modo, "Invictus" conta como Nelson Mandela, presidente da África do Sul, contou com a seleção de rugby de seu país para unir todos os seus conterrâneos - brancos ou negros - em uma mesma sintonia. Porém, não é apenas a história, forte por si mesma que interessa a Eastwood. Ao falar de tolerância, união e persistência, o cineasta entrega à plateia mais do que simplesmente um filme sobre esporte ou uma propaganda pacifista: assim como em grande parte de seu currículo como diretor - premiado duas vezes com o Oscar da categoria - seu trabalho mais recente discorre, nas entrelinhas, sobre pessoas e suas interrelações, sobre sentimentos nobres e boa vontade a respeito das diferenças. Mas, para contrabalançar o baixo-astral de suas obras-primas "Os imperdoáveis", "As pontes de Madison", "Sobre meninos e lobos" e "Menina de ouro" - que versam, entre outras coisas, sobre o lado mesquinho do ser humano, sobre o peso das decisões, sobre a inevitabilidade do destino - Clint desta vez se permite um otimismo raro em sua filmografia.

Mesmo com todas as suas boas intenções e suas cenas de esporte esplendidamente fotografadas e editadas, falta a "Invictus" um coração. Morgan Freeman é um ator excelente, não há dúvidas quanto a isso, mas seu Mandela parece demais com todos os outros personagens interpretados por ele - diferentemente do trabalho de Forrest Whitaker em "O último rei da Escócia", por exemplo - e em nenhum momento chega a arrebatar. E Matt Damon nem tem muito a fazer na pele do capitão da equipe de rugby sul-africana François Pienaar, mesmo que tenha sido indicado ao Globo de Ouro por sua atuação.

Em suma, "Invictus" é um filme com a qualidade que se espera de um filme de Clint Eastwood. Bom gosto, sensibilidade, uma parte técnica irrepreensível - a partida final disputada pela seleção da África é mostrada de forma eletrizante - e um elenco formidável. Mas não chega nem perto da emoção de seus maiores acertos.

PS - Considerações sobre os trailers assistidos hoje:

NINE - Rob Marshall ("Chicago" sensacional e "Memórias de uma gueixa" lindo visualmente mas fraco em conteúdo - essa será a prova dos nove), Daniel Day-Lewis (why???) e um elenco fabuloso de atrizes: Nicole, Penelope, Marion, Judi, Kate, Sophia e Fergie... Bela fotografia e muita curiosidade... só não vi hoje porque queria companhia.

HOMEM DE FERRO 2 - Downey Jr. é incrível e Gwyneth Paltrow é maravilhosa, mas jamais perderia meu tempo assistindo (e nem é por causa de Mickey Rourke e Scarlett Johansson, é porque tenho mais a fazer com meus momentos livres).

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2 Comments


Não vi Nine, mas algo me diz que o filme...é, melhor eu ver!

Ah, eu gosto do A Troca de Clint Eastwood, conhece? abraço!


"Nine" eu vou assistir essa semana. Depois te conto...
"A troca" é muito bom, apesar do tom pessimista. Angelina Jolie mandou muito bem, mereceu a indicação ao Oscar.

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