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À PROVA DE MORTE

Posted by Clenio on 23:28 in

Eu sou fã de Quentin Tarantino. E não só do Tarantino de "Pulp fiction" e "Bastardos inglórios", seus filmes incensados por estatuetas do Oscar e unanimidade crítica. Adoro "Jackie Brown", por exemplo, que muitos consideram "menor" (é inacreditável que um filme como esse seja menor... o que dá a exata noção do talento de um cineasta cujos filmes menos bem sucedidos sejam como ele...) O mais incrível nos filmes de Tarantino, a meu ver, é o universo particular que circunda sua obra (auto-referência, quando funciona, é uma maravilha, que o diga Pedro Almodovar). Um filme de Tarantino é um filme de Tarantino, assim como una película de Almodovar é una película de Almodovar e uma obra de Woody Allen é uma obra de Woody Allen - não à toa os três estão entre meus mais admirados cineastas em atividade, ao lado de Scorsese e David Fincher. Mas toda essa introdução tem apenas uma razão: elogiar "À prova de morte", que finalmente estreou por aqui, três anos depois de seu lançamento - e consequente fracasso comercial - nos EUA.

É fácil descobrir porque "À prova de morte" naufragou nas bilheterias ianques. Salvo raras exceções, o público americano é de uma mediocridade assustadora e qualquer coisa que saia do corriqueiro - leia-se efeitos visuais caros, algarismos ao lado dos títulos e piadas burras - o afugenta de forma inevitável. Sendo assim, um filme que obriga a platéia a entrar em um clima diverso do normal só pode encontrar as salas vazias... Uma pena que "À prova de morte" não tenha encontrado um grande público, mas de certa forma ele não deixa de ser "pérolas aos porcos".

Assim como aconteceu com "Planeta Terror", dirigido por Robert Rodriguez e que foi lançado na terra do tio Sam juntamente com "À prova" (em uma sessão dupla), o filme de Tarantino exige de sua audiência muito mais do que coisas como "Lua nova": ao se entrar na sala de cinema, é preciso saber qual é a proposta da obra e a partir daí se deixar levar pela magia. A fotografia é tosca, a edição é propositalmente capenga, as atrizes são de dar inveja a qualquer tosqueira de Zé do Caixão e os diálogos do diretor estão lá - quase em excesso. Muito se fala na primeira metade de "À prova de morte" (marca registrada de Tarantino). Mas quando ele deixa o palavrório de lado... segure-se na poltrona, porque você será testemunha do acidente automobilístico mais gráfico da história do cinema e, na segunda parte, de uma perseguição tão bem dirigida que fica a dúvida de porque Tarantino nunca havia demonstrado essa veia anteriormente. E nem é preciso falar da última cena, que lava a alma das mulheres da audiência - e arranca gargalhadas gerais.

"À prova de morte" tem muitas marcas de Tarantino: os diálogos longos, os insistentes closes nos pés femininos, o visual mezzo cafona mezzo criativo e a imprevisibilidade. Mas é Kurt Russell que é a assinatura visual do filme. Na pele de Doublé Mike e a bordo de seu carro envenenado, ele junta-se ao time das redescobertas do diretor e comprova que definitivamente não se leva a sério. Longe de ser o melhor filme de Tarantino, "À prova de morte", no entanto, valeu a paciente espera.

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1 Comments


Acho que nesse filme Tarantino quis brincar!!!

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