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APRENDENDO NA MARRA

Posted by Clenio on 12:14 in
A gente começa a perceber que tem alguma coisa muito errada acontecendo quando uma cena da novela das sete nos faz pensar sobre a vida. E foi exatamente o que aconteceu comigo ontem, assistindo à novela "Tititi". Era uma cena normal, repleta dos clichês da teledramaturgia nacional - ainda que interpretada pela sempre ótima e cada vez mais linda Christiane Torloni - mas abriu dentro da minha consciência uma torrente de questionamentos e até algumas constatações que me fizeram perder o sono - como se ele estivesse frequentando minha cama nos últimos meses!! A questão primordial de tudo isso é que, assistindo à cena em que a personagem de Torloni aconselha a filha em vias de se casar - mesmo sem ter a certeza absoluta de seus sentimentos - fiquei com uma puta inveja e uma espécie de ressentimento dolorido. Eu nunca tive uma conversa desse tipo com meus pais. Ninguém nunca me orientou nos descaminhos da minha vida amorosa/sentimental. Fui aprendendo na marra, aos trancos e barrancos, do meu jeito torto, como já o disse Caio Fernando Abreu. E esse caminho pedregoso provavelmente teria sido bem menos difícil se qualquer um - QUALQUER, seja pai, mãe, amigo, Mestre Yoda - tivesse me aberto os olhos sobre o quão árdua é a vida quando o coração começa a falar mais alto do que o cérebro.

Até ontem, por volta das sete e meia da noite, eu não tinha me dado conta do quanto me fez falta um guia. Talvez por ter despertado um tanto tarde para esse lado "frio-na-barriga" da vida, eu nunca procurei ajuda, ou conselhos. Mas precisava de alguém. Alguém que me dissesse que, não importa o quanto eu amasse alguém isso não garantiria que eu fosse amado de volta. Alguém que me deixasse claro que, independente do tanto de amor que eu possa dar, certas pessoas simplesmente fogem de muito amor. Uma pessoa experiente que me obrigasse a sentir não mais importante nem menos do que a outra pessoa - e sim alguém no mesmo nível. Que me explicasse que, para algumas pessoas o amor não é tão importante quanto é pra mim. Ou até mesmo me abrisse os olhos para uma realidade - dura, porque realidade - mas inegável:  duas pessoas nunca se amam ao mesmo tempo e com a mesma intensidade e é preciso administrar essa certeza sem se deixar abater por negativistas pensamentos sobre o futuro.

Talvez eu tivesse quebrado a cara da mesma forma, ainda que um guru romântico/sentimental/sexual estivesse sempre a meu lado, desenhando mapas e me sussurrando todas as regras. É possível que esse meu jeito de aprender errando muito mais do que acertando não sofresse nenhuma alteração, mesmo com os conselhos recebidos. Mas eu tenho certeza de que o caminho seria menos solitário e eu teria com quem desabafar todos as minhas frustrações.

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2 Comments


É chato mesmo não poder contar com um ombro amigo em certos momentos da vida.
Beijos.


Viu o que da olhar TITITI e querer flosofar!!

E não põe a culpa nos nossos pais, quem disse que eles sabem amar? Poderia ser pior se bancassem os orientadores!

Dessa sorte quase ninguém goza, no asfalto, é cada um por si mesmo. Os jedis da vida real são autodidatas!

Bjs!!
(to esperando teu e-mail sobre a peça!)

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