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VOCÊ VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS

Posted by Clenio on 21:02 in
Quando quer, Woody Allen sabe ser sombrio e pessimista. Depois que flertou com o final feliz em seu "Tudo pode dar certo" ele volta a conversar com a falta de esperança em "Você vai conhecer o homem dos seus sonhos", no qual ele utiliza novamente a ironia e as armadilhas do destino para contar uma história sobre gente normal presa a seus próprios problemas amorosos/profissionais/sexuais. Lembra bastante "Crimes e pecados" e "Match point", dois de seus melhores trabalhos e, se não chega ao nível deles, fica bastante perto.

O filme acompanha a história de várias personagens que se cruzam por laços familiares. A primeira a ser apresentada é Helena (a extraordinária Gemma Jones), uma dona-de-casa que vê sua vida devastada ao ser abandonada pelo marido, Alfie (Anthony Hopkins), que resolve viver a vida depois dos sessenta anos. Perdida e sem rumo, ela procura uma vidente, Cristal (Pauline Collins), que lhe garante que ela irá encontrar um novo amor, assim como aconteceu com seu ex-marido, que casou-se com uma ex-prostituta, Charmaine (a exagerada Lucy Punch). A filha de Alfie e Helena, Sally (Naomi Watts exercitando um belo sotaque britânico) começa a trabalhar na galeria de arte do sedutor Greg (Antonio Banderas) e sente-se atraída por ele, mesmo porque seu casamento também está em crise: seu marido, Roy (Josh Brolin), que abandonou a Medicina para ser escritor, está com um problema de criatividade e sente-se tentado ao adultério quando passa a espionar a vizinha da frente, a bela Dia (Freida Pinto).

Essa ciranda de adultério, desejos reprimidos e busca desenfreada pela realização pessoal é contada de forma sóbria por um dos roteiros mais interessantes de Allen dos últimos anos. Não há muito humor - ao menos um humor óbvio - e o cineasta mantém-se neutro em relação aos atos de suas personagens. Como em seus melhores filmes, a imprevisibilidade da trama é um aliado poderoso, deixando a plateia sempre em suspenso, aguardando os desvios de sua história. E mais uma vez a escalação certeira do elenco merece um capítulo à parte. Naomi Watts e Josh Brolin estão em perfeita sintonia como um casal à beira da separação; Anthony Hopkins está à vontade em um papel bastante diferente dos que costuma representar e Gemma Jones rouba a cena como a desnorteada Helena, uma personagem crucial que ela segura com uma firmeza que mereceria uma indicação ao Oscar de coadjuvante.

Ao citar "Macbeth", de Shakespeare, em seu prólogo - que diz que a vida é feita de som e fúria e que não quer dizer nada - Woody Allen dá o tom amargo de seu novo e belo filme. Nem mesmo o final em aberto consegue estragá-lo, muito pelo contrário, o reafirma como um dos mais interessantes títulos de sua digna filmografia.

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4 Comments


Ah, parece bem legal, claro que provavelmente esse filme aumentaria meu desespero porque sou muito ansioso para esperar as "providencias divinas" ou as enrolações da vida, sou prático, oi quero isso, me dá, te amo, pronto rs......... mas fiquei curioso! Boa dica! Bjuuu!


Peço perdão.....mas W.Allen só me conquistou em "A Rosa Púrpura do Cairo". Não sei porque, mas essa é uma verdade absoluta.


Hum...quero assistir


abraços


Um filme bem divertido e irônico!!!
Acho que fica longe de Match Point (que é meu Woody Allen favorito), mas vale a pena conferir.

Abraços,
Thomás

http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/

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