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O RITUAL

Posted by Clenio on 00:38 in
Alguns atores dão credibilidade a qualquer projeto. Um desses atores é Anthony Hopkins. Desde que levou o Oscar por seu inacreditável Hannibal Lecter de "O silêncio dos inocentes", o ator galês tornou-se sempre o ponto alto de produções de qualidade duvidosa e abrilhantou ainda mais filmes de sucesso. E é justamente Hopkins, do alto de seu talento inegável, que é um dos maiores atrativos de "O ritual", suspense  dirigido pelo sueco Mikael Hafstrom - que tem no currículo o interessante "Evil", indicado ao Oscar de filme estrangeiro de 2004. Baseado em fatos reais, "O ritual" estreou em primeiro lugar nos EUA e, apesar de não ter sido exatamente elogiado pela crítica, tem tudo para repetir seu êxito no mercado internacional. Tudo graças não apenas a Hopkins, mas também a seu tema, atraente para as plateias desde, no mínimo, o clássico "O exorcista".

Apesar de ser o rosto de Hopkins que enfeita o cartaz - e ser também o primeiro a surgir nos créditos - o verdadeiro protagonista de "O ritual" é o ator irlandês Colin O'Donoghue. Ele vive - de forma apática mas que não chega a comprometer o resultado final - o jovem Michael Kovak, que, sentindo-se indeciso quanto a seguir a carreira religiosa, é enviado para Roma para um curso que ensina a realizar exorcismos. Passando por uma grande crise de fé, ele questiona sistematicamente os dogmas da Igreja relativos à possessão demoníaca. É quando conhece Padre Lucas (Anthony Hopkins) que suas ideias começam a sofrer transformações. Heterodoxo, o veterano sacerdote faz com que o rapaz acompanhe o tratamento que vem dando a uma jovem adolescente grávida que, acredita-se, está possuída. Atormentado por seu passado e pela difícil relação que mantém com o pai, dono de uma funerária, Michael conta com a ajuda da jornalista Angelina (a brasileira Alice Braga) para reavaliar sua fé, e é obrigado a lidar com suas dúvidas quando acontecimentos inexplicáveis começam a lhe assombrar.

A maior qualidade de "O ritual" é não tentar inventar moda. Hafstrom é um cineasta bastante visual, e utiliza a arquitetura italiana como um elemento importantíssimo em sua forma de contar uma história que prefere construir um clima consistente a pregar sustos desnecessários (conta-se uns bons cinco pulos da poltrona, uma média bem interessante). A falta de novidades no roteiro - que segue à risca a cartilha do gênero sem envergonhá-lo - é plenamente compensada por sua honestidade. O diretor não busca o medo fácil ou apela para efeitos especiais exagerados, deixando nas mãos de seus atores a maior parte do trabalho braçal. E ainda que O'Donoghue não seja bom ator o bastante para cativar a plateia e Alice Braga tenha pouco a fazer com uma personagem quase supérflua (mesmo que convença quando necessário), Anthony Hopkins salva o espetáculo em mais uma atuação de primeiro nível. Mesmo que repita alguns trejeitos de sua mais famosa personagem, é carismático como poucos atores de sua geração e vale o preço do ingresso.

Para os fãs do gênero, "O ritual" é imperdível. E pode ser assistido tranquilamente por quem procura um entretenimento decente e bem-cuidado. Em uma época com tantos filmes indicados ao Oscar em cartaz pode passar quase em branco, mas merece uma conferida.

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