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VIAGENS MUSICAIS COM MEU PAI

Posted by Clenio on 23:29 in
Além de ter me passado o vício da leitura - geneticamente ou não - e ter me dado o nome - que eu ODEIO, diga-se de passagem - meu pai é o maior responsável por uma das características mais marcantes da minha personalidade cultural: meu gosto musical.

Por causa dele eu tive acesso à música clássica, através de uma coleção de discos de vinil meticulosamente encapados pela minha mãe e de vez em quando ouvia Beethoven, Mozart e Bach, ainda que não fosse exatamente um especialista no assunto. Através dele eu conheci os Beatles, uma paixão que se mantém firme e forte - o vinil de "Let it be" foi meu primeiro contato com os quatro rapazes de Liverpool e tinha como ter sido mais auspicioso? Foi meu pai que me apresentou, ainda que não formalmente, a Chico Buarque e Elis Regina. Lembro da ocasião da morte de Elis, e de ter assistido a um especial na TV sem me dar conta do tamanho da perda pela qual o Brasil passava. E Chico... foi meu pai que me levou ao cinema para assistir a "Os saltimbancos trapalhões" e, encantado por Lucinha Lins e aquelas canções tão bacanas, nem de longe imaginava que seu autor era o maior gênio da música nacional e que eu me tornaria um apaixonado incondicional por sua obra.

Mas talvez as maiores lembranças musicais relacionadas a meu pai tem um cenário específico: o carro. As viagens que eu fazia com minha família - normalmente de Camaquã em direção à capital Porto Alegre - ficaram marcadas na minha memória não pelas brigas com meus irmãos no banco de trás e sim pela trilha sonora que saía do toca-fitas (sim, isso aconteceu na era pré-CD). Em especial duas fitas me remetem à infância. A primeira tocava frequentemente e era do nosso Rei Roberto Carlos. Podem achar brega e tal, mas considero Roberto um dos mais importantes e talentosos cantores e compositores brasileiros. Adoro, de verdade, e a fita que ouvíamos - não sei se meus irmãos gostavam tanto quanto eu - era aquela que tinha no repertório "Café da manhã", "Força estranha", e a mais poderosa de todas pra mim, na época: "Lady Laura", que sempre me dava vontade de chorar porque falava de mãe e isso me toca - John Lennon, outro dos meus ídolos, também compôs canções para sua progenitora, o que diz muito sobre minha pessoa.

A segunda fita que tocava e tocava e tocava era a trilha sonora da novela "Água viva", que eu gostava pra caramba - e confesso que gosto até hoje, porque a Som Livre a lançou em CD e eu comprei... Tempo bom em que uma trilha de novela reunia o time que essa reuniu: Maria Bethânia, Simone, Elis, Gal Costa, Gilberto Gil, Angela Ro Ro e João Gilberto cantavam nas duas horas de viagem e eu sabia de cor coisas que nem faziam muito sentido pra uma criança de sete anos de idade: "nosso caso é uma porta entreaberta" não dizia absolutamente nada pra mim. Hoje eu entendo cada sílaba de cada canção... e preferia não entender...

O fato é que MPB é uma das minhas fraquezas. Se hoje eu venero Marisa Monte, Cássia Eller, Chico, Caetano, Bethânia, Vanessa da Mata, Roberta Sá, Maria Rita, Gal, Gi, Vinícius e Gonzaguinha devo a meu pai, que, com seu gosto impecável por música brasileira, me ensinou a separar o joio do trigo.

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3 Comments


Gosto musical realmente excelente. Se eu fosse pelo gosto do meu pai, eu iria amar música sertaneja, gênero que corro, sinceramente.

Hoje em dia gosto bastante de pop, mas estou viciando demais em MPB como Vanessa da Mata, Elis Regina, Cassia Eller e por aí vai. Sem contar que baixo todas as trilhas sonoras de filmes. Phillip Glass é o me favorito, a trilha de "As Horas" é incrível D:

Enfim, um viva ao seu pai que foi um bom homem e lhe ensinou o caminho certo! hehehe


Digo o mesmo em partes.....Meu pai fez parte do meu amor por Portugal e fez eu gostar de fado.kk


Embora eu estivesse no carro, confesso que não muitos vestigios conscientes disso tudo! Mas é bom saber!

O meu gosto musical, em parte é culpa tua!!

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