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AINDA...

Posted by Clenio on 17:14 in
Oi, cadê você com suas reclamações da vida? Cadê seu sotaque preocupado que se aliviava com uma boa dose de cerveja? Cadê sua raiva do mundo, seu desprezo pela humanidade, seu sentimento de superioridade mesclado com seu senso de inadequação? Cadê você, onde anda seu pensamento, por onde vaga seu desejo? Eu preciso saber de você, da sua vida, dos seus planos, de suas crises... Eu preciso!

Em que mesas de bar você anda afogando suas eternas mágoas que tanto tentei curar? Com que tipo de pessoa você desabafa seus medos, suas bravatas? Que tipo de filmes você anda assistindo, que livros anda lendo (ou relendo)? Quais novas canções tristes e melancólicas lhe tem feito viajar para fora do seu mundo torturante? Ainda existe dentro de você aquele pedacinho de céu que impede o inferno de assolar sua existência? Quais são suas ideias para enfrentar mais um verão? Quem anda ocupando seu coração?

Eu continuo aqui, levando uma existência sem você, mas lembrando cada contorno do seu rosto, cada detalhe da sua voz, cada idiossincrasia de sua personalidade tão caótica, e isso me assusta, isso me assombra, me sufoca, me apavora. Tenho medo de não conseguir apagar de minha memória todos os planos que fiz com você, todas as certezas que construí, toda a coragem que arrumei como se fosse a última possibilidade de uma utopia inimaginável. Tenho medo - e a cada dia ele me parece menos paranoia e mais uma verdade insofismável - de nunca mais ver em outras pessoas as qualidades que vi em você, mesmo que a dor e a tristeza muitas vezes tenham acompanhado a felicidade (e quando é que não é assim quando se ama de verdade??)

Eu queria dizer que estou bem, que sua ausência me libertou e me deixou menos angustiado e mais leve, mas mentiras nunca fizeram parte do meu show junto a você. Eu poderia dizer que já me apaixonei de novo, que vislumbrei em outro alguém a alma que senti saindo de suas palavras tristes. Eu seria esperto e soaria menos fracassado se dissesse que superei a distância emocional que nos separa, mas quem sou eu para berrar inúteis falácias se o universo - pra quem soltei impropérios os mais variados - sabe da dor que se mantém viva no meu coração? Eu queria dizer que apaguei seu número de telefone da discagem rápida... mas isso tampouco é verdade. Ele ainda está lá, me chamando como um mau agouro, como um precipício, como um corvo em busca do alimento diário.

Não, eu não te esqueci. E aquelas canções dolorosas que dividimos em noites frias ainda me fazem chorar....

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3 Comments


Profundo, triste, sincero e arrebatador.


Forte, real e não deixa de ser lindo ... bobo de quem ignora.


ai, só tenho que concordar com os dois comentários acima...

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