1

50%

Posted by Clenio on 15:05 in
Passar por um câncer raro na coluna provavelmente não é exatamente uma das experiências mais agradáveis da vida, mas há quem consiga ver um lado bom até nisso. É o caso do roteirista Will Reiser, que utiliza suas lembranças da doença como matéria-prima de "50%", comédia dramática que vem arrancando elogios da crítica e pode até conquistar uma vaga entre os candidatos ao Oscar de roteiro original deste ano.  A maior qualidade do filme dirigido por Jonathan Levine? A forma franca e direta com que trata o tema, equilibrando com inteligência momentos de cortar o coração com um senso de humor que o afasta do dramalhão sentimentalóide.

Amparado pela bela atuação do cada vez melhor Joseph Gordon-Levitt - que substituiu James McAvoy dois dias antes do início das filmagens - o filme de Levine acompanha a trajetória do jornalista Adam Learner, de 27 anos, depois que ele descobre que tem um tipo raro de câncer (de origem genética) na coluna.  Atordoado com a notícia (como não poderia deixar de ser), ele conta com a ajuda do melhor amigo Kyle (Seth Rogen) para lidar com as consequências da doença. Entre sessões de terapia com a jovem médica Katherine (Anna Kendrick) e quimioterapia com o veterano paciente Alan (Philip Baker Hall), Adam precisa também superar a crise em seu relacionamento com a artista plástica Rachael (Bryce Dallas Howard) e recuperar sua relação com os pais, em especial a mãe superprotetora Diane (Anjelica Huston, dando olé em cada cena que aparece).

Realizado de forma independente com um orçamento irrisório de 8 milhões de dólares (que já se transformaram em mais de 30 somente nos EUA), "50%" surpreende também pela forma não-romantizada com que trata a situação central da história, não derrapando na tentação de partir para clichês de autoajuda. Ainda que seja positivo, não esconde também o lado pesado da situação vivida pelo protagonista, interpretado com simpatia por Gordon-Levitt (indicado ao Golden Globe deste ano): para cada momento de humor (genuíno, inteligente e irônico) há uma cena capaz de emocionar (delicadamente, sem exageros), lembrando à audiência que, apesar das risadas, a história que está sendo contada não é um pastelão inconsequente.

Embora a opção do roteiro em não estigmatizar a doença através do humor possa ser considerada de mau-gosto por uma parcela mais conservadora do público, é inegável que a leveza com que Reiser revestiu sua triste (mas esperançosa) história é muito mais palatável à plateias contemporâneas do que o petardo emocional "Laços de ternura", citado nominalmente em um diálogo do filme. "50%" é muito melhor do que sua aparência de filme indie e metido a modernoso. Embalado por uma irresistível trilha sonora (que une Roy Orbison a Eddie Vedder) e interpretado por um elenco em dias inspirados (inclusive o bobalhão Seth Rogen em seu melhor trabalho até hoje), é uma das gratas surpresas da temporada, infelizmente lançada diretamente em DVD no Brasil (em mais uma prova da falta de visão das distribuidoras).

|

1 Comments


Ótimo filme!

Uma pena que veio direto em DVD no Brasil, assim como Guerreiro. Me irritei demais com isso.

Abraço,
Thomás
http://brazilianmovieguy.blogspot.com/

Copyright © 2009 Lennys' Mind All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates