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J. EDGAR

Posted by Clenio on 02:05 in
Muitos fãs de Leonardo DiCaprio ficaram ofendidos e indignados ao não localizarem seu nome na lista dos indicados ao Oscar deste ano, mesmo ele tendo concorrido ao Golden Globe e ao prêmio do Sindicato dos Atores. Porém, se eles deixassem que a razão falasse mais alto do que o coração eles perceberiam que sua exclusão nada mais é do que extremamente justa. O trabalho de DiCaprio como uma das mais controversas personalidades americanas do século passado é frágil e irregular, assim como o é o filme de Clint Eastwood como um todo. Com sérios problemas de ritmo e um roteiro que não se decide entre o histórico e o escandaloso, "J.Edgar" fica muito aquém de suas pretensões.

O 32º longa-metragem de Eastwood sofre principalmente por ter que resumir, em pouco mais de duas horas, quase cinquenta anos da vida de J.Edgar Hoover, que dedicou praticamente toda a sua existência à criação e modernização do FBI, usando e abusando de chantagens e todo tipo de intimidação e meias-verdades. Mesmo levando em conta essa dificuldade, o roteiro de Dustin Lance Black - vencedor do Oscar por "Milk, a voz da igualdade" - peca por não alcançar toda a complexa personalidade de seu protagonista (que escondia vorazmente sua homossexualidade e mantinha uma relação obsessiva com a mãe superprotetora vivida aqui por Judi Dench), apelando para o velho clichê da narrativa em flashbacks, quando um envelhecido Hoover conta sua ascensão dentro do governo aos autores da história do Bureau. É por suas palavras que a audiência fica sabendo de sua perseguição a alguns dos gângsteres mais conhecidos dos anos 30, como Dillinger e Al Capone e à trágica resolução do sequestro do filho bebê do aviador Charles Lindbergh (Josh Lucas), além de sua relação problemática com alguns dos presidentes americanos (apesar de tais problemas passarem pela tela de forma tão rápida que, para que sejam plenamente compreendidos, é preciso ter um conhecimento da história dos EUA maior do que grande parte do público tem).

Apesar de ser admirável a intenção do veterano cineasta de mostrar o lado menos conhecido de Hoover - que, apesar de tudo foi o responsável por grandes avanços na técnica investigativa e lutava contra seus próprios desejos - seu filme sofre também com a escalação equivocada do elenco. DiCaprio se esforça para interpretar o papel-título com fidelidade, mas é visível que não tem o estofo dramático necessário para atingir todas suas notas, nunca ultrapassando o razoável (além de ser prejudicado por uma maquiagem das mais tenebrosas da história do cinema recente). Seu colega de cena, Armie Hammer (que vivia os gêmeos milionários de "A rede social"), que interpreta o amante de Hoover, Clyde Tolson, consegue ser ainda pior, o que fica claro na sua última cena juntos, que tenta emocionar mas apenas entedia. E Naomi Watts, coitada, não tem possibilidade nenhuma com uma personagem que poderia ser crucial - a secretária de extrema confiância Helen Gandy - mas não passa de uma coadjuvante de luxo.

Para não dizer que não se falou das flores, "J.Edgar" tem uma reconstituição de época caprichada e uma bela fotografia (cortesia de Tom Stern, fiel parceiro do diretor). Mas é pouco em se tratando de um filme muito esperado e que poderia ser o veículo certo para que Leonardo DiCaprio conseguisse convencer seus detratores de que é um grande ator. Ainda não foi dessa vez!

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1 Comments


Olha, desde o início eu não estava botando muita fé neste filme e agora o meu medo se comprovou! rs

Bem, não estou muito curioso, mas sei que verei... Portanto...

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