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MILLENNIUM - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES

Posted by Clenio on 01:35 in
A coisa já começa mais do que bem, com créditos iniciais criativos e intrigantes (como não deixa de ser tradicional em se tratando de David Fincher). Mas a versão americana de "Os homens que não amavam as mulheres" - sob o comando do mesmo homem que fez a criação do Facebook tornar-se um filme empolgante em "A Rede Social" e assinou dois dos mais fantásticos thrillers das últimas décadas, "Seven" e "Zodíaco" - tem muito mais a oferecer. Em 158 minutos de filme, Fincher consegue o que parecia bastante improvável: realizar o remake de um suspense sueco baseado em um best-seller mundial, dando a ele uma marcante assinatura visual e um clima de tensão que era apenas ensaiado em seu original. Não é que o filme de Niels Arden Oplev seja ruim, muito pelo contrário. Mas, por incrível que pareça, seu irmão americano é muito melhor.

Pra quem não sabe, "Os homens que não amavam as mulheres", primeiro livro de uma série chamada "Milleninum",  publicada no Brasil pela Companhia das Letras e escrita por Stieg Larsson (que morreu antes da publicação e consequente explosão de vendas de seu filhote) começa quando o jornalista Mikael Blomkvist (vivido aqui por um discreto mas muito eficaz Daniel Craig) é condenado por difamação, por ter denunciado um poderoso empresário com suas matérias na revista onde trabalha - e cuja editora é sua amante. Sem muita credibilidade, ele é procurado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), um milionário que lhe pede que tente solucionar o desaparecimento de sua sobrinha-neta, acontecido em 1966. A princípio desinteressado pela proposta - por várias razões - Mikael aceita o encargo quando vê a possibilidade de limpar seu nome. Instalado em uma das casas da imensa propriedade da família Vanger - que inclui alguns simpatizantes do nazismo e alguns segredos muito bem guardados - o jornalista aos poucos começa a ir mais longe do que alguns gostariam e passa a contar com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara, surpreendente candidata ao Oscar de melhor atriz deste ano), uma hacker de visual exótico, comportamento antissocial e com um histórico de violência no passado.

Espertamente, o roteiro de Steven Zaillian - que concorre ao Oscar deste ano pelo chato "Moneyball, o homem que mudou o jogo" - concentra-se na estrutura policial da obra de Larsson, um vasto volume repleto de informações desnecessárias a uma adaptação cinematográfica. A maneira com que a investigação de Mikael - e posteriormente Lisbeth - transcorre é contada por Fincher com seu próprio ritmo, sem pressa, quase como um filme cerebral da Hollywood dos anos 70, mas dotado de uma violência que contrasta com a frieza dos cenários em que as personagens transitam. E Fincher - que bem merecia uma indicação ao Oscar por seu trabalho impecável - felizmente não caiu na tentação de suavizar algumas das sequências mais polêmicas da trama, mostrando com crueza cenas de estupro que podem chocar a audiência mais conservadora - fato que a ótima edição (também indicada ao Oscar) consegue destacar com extrema competência.


Pontuado por uma extraordinária trilha sonora, "Os homens que não amavam as mulheres" é um dos grandes filmes americanos dos últimos anos, ainda que tenha uma origem nórdica que aparentemente destoa do convencional cinema ianque. E é a prova cabal (mais uma!) de que David Fincher é um dos diretores mais confiáveis de Hollywood. Oremos para que os demais capítulos da saga se mantenham em suas geniais mãos.

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3 Comments


Vou ver entre hoje e amanhã xD


daqui a pouco tou indo com amigos pro cinema. tou ansioso!

eu já li a trilogia e já vi os filmes suecos. espero que a expectativa dessa nova versão se cumpra!


Filme absolutamente fantástico! David Fincher provando mais uma vez que é um dos melhores diretores da atualidade.

Abração,
Thomás
http://brazilianmovieguy.blogspot.com/

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