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UM FILME INFANTOJUVENIL E AS VERDADES SOBRE O AMOR

Posted by Clenio on 15:10 in
O filme é bobinho, mesmo porque é infantojuvenil. O elenco tem aqueles atores que conhecemos de vista mas não sabemos o nome (mentira, sei, sim... Cynthia Nixon, de "Sex and the city" e Bradley Withford, que foi irmão de Tom Hanks em "Filadélfia"). O cenário é aquela Nova York com a qual todos os românticos sonham (sem problema de espécie alguma). E os protagonistas da história de amor são um menino de dez anos cujos pais estão se divorciando (vivido por Josh Hutcherson, roubando descaradamente o filme com seu carisma infantil) e sua colega de caratê, poucos meses mais velha (mas mais madura, conforme ela mesma afirma) e em vias de mudar de escola. Então por que "ABC do amor" - tradução idiota de "Little Manhattan" - me conquistou tanto? Simples. É porque, através do ponto de vista de uma criança inexperiente e vivendo seu primeiro amor, eu pude finalmente entender o porquê de tanta gente insistir em se apaixonar várias e várias vezes mesmo sabendo que o amor pode trazer tanto sofrimento (ou LEMBRAR o porquê): todos buscam aquele sentimento estranho de borboletas no estômago porque, apesar de estranho... ele é uma delícia.

Apesar de ser uma criança, Gabe - o protagonista do filme - não deixa de ser um alter-ego de todos aqueles que acreditam no amor, na paixão desmedida, no desespero sem fim, na angústia dos olhares enigmáticos, no medo de ter se precipitado, nas palavras ditas de forma errada, no medo de não ser correspondido, na tristeza de saber que tudo pode estar apenas dentro de sua cabeça. Na sua inocente paixão por Rosemary Telesco (vivida com graça por Charlie Ray), Gabe constrói um mundo de dúvidas que qualquer adulto compreenderia. Que atire a primeira pedra quem nunca imaginou uma vida inteira ao lado da pessoa amada (mesmo que a conheça há poucos minutos). Que julgue quem nunca se sentiu a pessoa mais poderosa do universo ao sentir o toque de quem ama. Que olhe com desprezo quem nunca sentiu o coração disparar quando o telefone toca... Gabe passa por tudo isso com a beleza de uma primeira vez e é justamente aí que o filme atinge seu ponto principal.

Amar só vale a pena se for como da primeira vez. Amar sem aquele frio na barriga, sem a espera de um telefonema, sem a sensação de onipotência, sem aquela pontadinha de angústia masoquista, sem aqueles momentos de alegre tensão diante do primeiro beijo (e do segundo, e do terceiro) e sem aquela vontade de nunca mais ver o dia (ou a noite) acabar não tem graça. É preciso sempre que sejamos crianças quando nos apaixonamos. É preciso aquela entrega infantil, quase ingênua. É essencial que não tenhamos aquele cinismo de amores passados, que o esqueçamos como quem esquece a tabuada do oito justamente na hora da prova oral. Todo amor deve ser como o primeiro, como se fosse o último, como se fosse o realmente mais importante de toda a nossa vida. Pra amar de verdade - contrariando aí toda uma teoria que diz que amor verdadeiro é aquele maduro e etc etc - é preciso que amemos como um menino de dez anos apaixonado pela colega de caratê. O mundo adulto já é cruel o bastante para que até mesmo no amor as coisas pesem.

Obrigado, "ABC do amor". Por sua causa, eu voltei a acreditar que um dia vou amar de novo. E se não for como Gabe ama Rosemary Telesco não tem a menor graça.

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2 Comments


Boa resenha, vou ver o filme, me amarro na tematica


Filme lindinho. Vale a pena ver de novo. Um Meu Primeiro Amor pra geração que veio tempos depois daquela. As coisas mudaram?? Sabe, dentre as reações que listou... hahahah a que eu mais me identifico é sobre "a tristeza de saber que tudo pode estar apenas dentro de sua cabeça" e que se nao for pra amar como os dois.... PRA QUÊ?????????
^^

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