2

ALBERT NOBBS

Posted by Clenio on 17:49 in
Desde 1982, quando estreou uma versão teatral da novela "The singular life of Albert Nobbs",  do autor irlandês George Moore, a atriz Glenn Close sonhava em fazer sua transição para o cinema. Quase 30 anos se passaram até que finalmente seu objetivo foi alcançado. Dirigido por Rodrigo Garcia - filho do escritor Gabriel García Marquez e o cineasta responsável por obras pouco vistas como "Coisas que você pode dizer só de olhar para ela" e "Destinos ligados", estrelado por Annette Bening e Naomi Watts - a adaptação do texto de Moore, porém, não atinge todas as possibilidades que poderia. Indicado para três Oscar (incluindo melhor atriz para Close, que também é co-roteirista, produtora e autora da letra da canção dos créditos de encerramento), "Albert Nobbs" é um filme muito interessante, mas que peca principalmente por esvaziar a personagem central, dando enfoque a histórias paralelas que acabam por assumir a protagonização do filme.

Close está soberba como uma mulher que, para sobreviver no competitivo mundo profissional da Irlanda do século XIX, assume uma personalidade masculina e trabalha como copeiro em um hotel de alta classe. Compenetrado em seu trabalho e fechado em seu mundo pessoal, Nobbs guarda cada centavo que ganha para realizar seu maior sonho: abrir uma tabacaria e trabalhar por conta própria. Sua vida quase apática sofre um abalo quando ele (ou ela) conhece Hubert Page, que trabalha como pintor para sustentar a esposa. Acidentalmente desmascarada por Page, Nobbs (cujo nome feminino nunca é mencionado) acaba descobrindo que seu eventual colega de quarto também é uma mulher que vive como homem. Ao ver na relação de Page com sua mulher a vida que sempre ambicionou, o silencioso copeiro passa a cortejar uma jovem garçonete, Helen (Mia Wasikowska), cujo afeto está inteiramente endereçado ao sedutor Joe Mackins (Aaron Johnson, o John Lennon de "O garoto de Liverpool" mostrando aqui seu lado negro). Ao perceber o interesse de Nobbs por sua amante, Joe a convence a explorar o antigo serviçal.

É justamente quando a narrativa assume esse lado cruel que "Albert Nobbs" de certa forma se perde. Enquanto delineava a vida de seu protagonista, mostrando seu espírito sofrido/esperançoso, o filme de Garcia permitia à Glenn Close o domínio das atenções - fato que a entrada em cena de Page (personificado por uma brilhante Janet McTeer, merecidamente indicada ao Oscar de coadjuvante) apenas sublinhava com bela força dramática. Não à toa, as cenas que as duas atrizes estão juntas são as melhores do filme, lhe dando humanidade e calor. Quando Helen e Joe quase assumem a protagonização do filme, transformado a personagem-título em quase coadjuvante de luxo, o filme perde seu foco - e só recupera nas emocionantes cenas finais.

Dirigido sem maior brilho, "Albert Nobbs" é, com certeza, o veículo que a sempre ótima Glenn Close precisava para voltar a brilhar. Seu trabalho delicado é um trunfo (assim como o de McTeer) que se sobressai no resultado final do filme apenas correto de Rodrigo Garcia. Um roteiro mais forte e uma direção mais criativa certamente poderiam fazer dele uma pequena obra-prima sobre a solidão e a arte da adaptação em um mundo tantas vezes cruel. Como está, é apenas um show de duas grandes atrizes - o que, convenhamos, jamais é pouca coisa.

|

2 Comments


Esperava mais do filme. Apesar da atuação de Glenn Close ser ótima, faltou o brilho de uma boa direção.


Visite o Película Criativa também:
www.peliculacriativa.blogspot.com.br


Todos os trabalho de Close, a meu ver, merecem, no mínimo uma espiadinha.

Esse pode ser outra boa opção.

Abraços

Copyright © 2009 Lennys' Mind All rights reserved. Theme by Laptop Geek. | Bloggerized by FalconHive. Distribuído por Templates