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O DITADOR

Posted by Clenio on 20:01 in
Se existe algo que não pode ser dito do inglês Sacha Baron Cohen é que ele é covarde. Mesmo diante dessa insuportável onda do politicamente correto que vem acometendo o cinema americano há intermináveis anos, o ator e roteirista sempre fez questão de mostrar ao público um humor ácido e quase ofensivo, incapaz de poupar qualquer minoria. Para cada fã que arrebatou, porém, provocou polêmicas e desafetos. Seja como o protagonista de "Borat" (um cazaquistanês apaixonado por Pamela Anderson) ou no papel-título de "Bruno" (como um modelo homossexual), Sacha desfila pela tela piadas de extremo mau-gosto ao lado de tiradas de uma inteligência ímpar, refletindo um estado de espírito crítico e inquieto. Seu novo filme, "O ditador", mantém a veia sarcástica de seus antecessores, mas esbarra em uma estrutura quadradinha que o torna o mais irregular de sua carreira até então. Mesmo assim, é impossível não rir.

Logicamente, assim como acontece com os filmes de Woody Allen, é preciso ter predisposição ao humor metralhadora-giratória de Cohen para melhor aproveitar a experiência. Se o público precisa aguentar piadas de gosto um tanto duvidoso sobre masturbação e todo tipo de escatologia ele também é brindado com diálogos de puro nonsense onde o roteiro - co-escrito pelo ator - brinca de forma inteligente com a situação política do mundo e com a cultura da celebridade (e aí destaca-se a participação especial de Edward Norton e Megan Fox). Engraçado como poucos filmes desse ano, "O ditador" pode não ser uma obra-prima, mas é melhor que qualquer abobrinha metida a cult.

A história de "O ditador" é apenas pretexto para que Sacha critique os governos ditatorias do Oriente Médio (e de quebra, em seu discurso final, a própria forma de governo americana). Haffaz Alladeen (vivido por Cohen) é o megalomaníaco ditador de um país fictício chamado Wadyia, onde assumiu o poder ainda criança, para desgosto de seu tio Tamir (Ben Kingsley, à vontade). Violento e cruel, Alladeen viaja à Nova York para um discurso na ONU e acaba sendo vítima de uma conspiração armada por seu tio, que coloca um sósia em seu lugar. Tido como morto, ele assume o nome de Efawadh e vai trabalhar ao lado da politicamente corretíssima Zoey (Anna Faris), que lhe mostra uma nova maneira de enxergar o mundo. Apaixonado por ela, o ditador descobre que pode ser amado sem que pague para isso (e inicia uma revolução em seus ideais).

Pode soar como uma história romântica e boboca, mas é bom que não esqueçamos que "O ditador" é mais um produto da mente deliciosamente doentia que demoliu o mundo da moda em "Bruno" e riu descaradamente das diferenças culturais entre os EUA e o resto do mundo em "Borat". Sendo assim, espere por piadas quase grosseiras equilibradas com um humor bastante sutil. No meio de tudo isso, mais uma caracterização marcante do ator e a vontade de assistir a mais filmes com a coragem de desafiar o marasmo da comédia americana.

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É para assistir e embarcar na crítica hilária que ele faz!

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