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VIRADA NO JOGO

Posted by Clenio on 20:01 in
Uma das personalidades mais interessantes da campanha eleitoral que culminou na vitória do democrata Barack Obama para a presidência dos EUA em 2008 se chamava Sarah Palin. Governadora do Alasca, mãe de cinco filhos (um servindo o exército na guerra do Afeganistão, outra adolescente grávida e o caçula com Síndrome de Down) e carismática, ela logo transformou-se de esperança do candidato republicano John McCain em uma espécie de constrangimento, com seu desconhecimento de política externa e despreparo para o cargo - fatores que a levaram a ser parodiada pela humorista Tina Fey e se transformar em piada. A trajetória de Palin - do momento de sua escolha para assumir a candidatura até a derrota histórica - é o tema de "Virada no jogo", telefilme dirigo por Jay Roach que saiu da última cerimônia do Emmy com as merecidas estatuetas de melhor filme/minissérie e atriz (para uma Julianne Moore impecável no papel central).

Inspirado em um livro escrito pelo analista político Mark Halperin e pelo jornalista John Heileman, o roteiro de "Virada no jogo" acerta em cheio ao focar-se bem mais na figura de sua controversa protagonista do que em meandros da política americana (o que poderia afastar uma audiência não familiarizada com o assunto). Mesmo que em vários momentos a trama se concentre em reuniões de cúpula dos organizadores da campanha republicana (algo inevitável para melhor compreensão da história), a espinha dorsal de tudo é o drama de Sarah Palin, jogada no olho de um furacão sem o respaldo necessário para tanto. Apresentado em forma de flashback por Steve Schmidt, coordenador da campanha, vivido por um contido e eficaz Woody Harrelson, o filme começa quando o senador John McCain (Ed Harris, sempre excelente), procurando por um candidato a vice-presidente que possa competir com a popularidade crescente de Obama, chega até Palin, que lhe parece a melhor opção por inúmeras razões. É somente quando a campanha está em seu auge que as falhas da ex-governadora começam a parecer reais ameaças para suas ambições de chegar à Casa Branca. Sentindo-se pressionada pela mídia (que descobre com facilidade suas dificuldades), ela chega à beira de um colapso nervoso, mas resolve dar a volta por cima.

Dirigido com sobriedade por Roach - que tem no currículo o também interessante "Recontagem", que fala sobre a questionada vitória de George W. Bush na corrida pela presidência americana em 2000 - "Virada no jogo" prende a atenção da audiência principalmente porque mostra suas personagens mais como humanos propensos a falhas do que como seres imbatíveis e sem sentimentos. E essa complexidade encontra em seu elenco os intérpretes ideais. Se Ed Harris e Woody Harrelson não precisam mais provar nada a ninguém, Sarah Paulson tem o tom perfeito de sua Nicole Wallace - assessora de Palin, que acaba sendo acusada por ela de sabotar sua imagem e Julianne Moore deita e rola com uma personagem tão saborosa que deixa nítido o seu prazer em seu trabalho. Fisicamente semelhante à real Sarah Palin, Moore presenteia o público com uma atuação das mais felizes de sua vitoriosa carreira, rica em nuances e detalhes. Fosse o filme feito para o cinema o Oscar estaria com o olhar fincado em sua performance...

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