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HISTERIA

Posted by Clenio on 01:45 in
Levando-se em consideração a vulgaridade com que o sexo é tratado nas comédias que chegam semanalmente às salas de exibição, não deixa de ser uma surpresa positiva perceber que um filme cujo tema é a invenção do vibrador seja tão sutil quanto "Histeria". Fosse assinado pelos irmãos Farrelly, por exemplo - e não pela desconhecida Tanya Wexler - certamente o público seria brindado com dezenas de piadas escatológicas e de gosto duvidoso (ainda que provavelmente engraçadas). Nas mãos de Wexler, dirigindo aqui seu terceiro longa - sendo "Finding North" (98) e "Ball in the house" (01) os anteriores - a história do surgimento de um dos mais festejados aparatos sexuais criados pelo homem tornou-se uma comédia romântica que, a despeito de seu ritmo irregular, serve como um passatempo agradável e inteligente.

Obviamente, a história se passa na Inglaterra vitoriana, quando o jovem médico Mortimer Granville (o simpático Hugh  Dancy, senhor Claire Danes na vida real) arruma emprego como assistente do renomado Robert Dalrymple (Jontahan Pryce) para tratar com massagem pélvica de suas pacientes que sofrem de um mal chamado histeria - originalmente definido como uma disfunção do útero. Aos poucos Mortimer passa a se tornar o médico preferido da ala feminina da cidade graças à sua habilidade, mas, exausto, cria um aparato que, movido à bateria, se transforma em coqueluche. Enquanto luta para transformar o aparelho em algo comercialmente aceito - e para isso conta com a ajuda de seu melhor amigo Edmund St. John-Smythe (Rupert Everett perceptivelmente com botox no rosto) - ele acaba sentindo uma forte atração pela filha mais velha de Dalrymple, a feminista Charlotte (Maggie Gyllenhaal).

Cuidadosamente produzido e dirigido com sensibilidade, "Histeria" tem a seu favor uma história interessante e ainda inédita (por incrível que pareça) e um elenco caprichado. Enquanto Maggie Gyllenhaal exercita uma vez mais sua preferência por personagens de personalidade forte, o jovem Hugh Dancy se sai bem com uma personagem que perde a força no terço final da narrativa. E se Jonathan Pryce interpreta seu veterano doutor com um pé nas costas o outrora celebrado Rupert Everett surpreende negativamente: seu excesso de caras e bocas e seu limitado leque de expressões demonstra que o sucesso da época de "O casamento do meu melhor amigo" foi realmente fogo de palha. Felizmente sua atuação medíocre não chega a atrapalhar o trabalho de Dancy ou a simpatia da trama.

Mesmo que tenha alguns sérios problemas de foco - a história segue vários rumos ao mesmo tempo sem conseguir costurá-los a contento durante o tempo todo - "Histeria" é acima da média. É um respiro de leveza em meio a filmes que muitas vezes não cumprem nem metade do que prometem. Vale uma espiada.

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