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MAGIC MIKE

Posted by Clenio on 21:51 in
Quando surgiu, na segunda metade da década de 90, Steven Soderbergh chamou a atenção por ter feito seu "sexo, mentiras e videotape" com uns trocados, uma ideia na cabeça, uma câmera na mão e um roteiro forte e inteligente. Aos poucos foi se tornando mainstream - com filmes bem-sucedidos comercialmente como a trilogia "Onze homens e um segredo" e um Oscar por "Traffic" - e volta e meia desafia seus fãs a encontrarem alguma qualidade em filmes fraquíssimos como "Full frontal" ou apenas corretos, como "Contágio". Mas até mesmo os mais entusiastas membros do fã-clube de Soderbergh terão muito trabalho em achar o que elogiar em seu mais recente trabalho. A despeito de sua bilheteria generosa nos EUA - mais de 100 milhões de dólares de arrecadação - "Magic Mike" chega a ser quase constrangedor.

Segundo a lenda de bastidores, a história de "Magic Mike" é vagamente inspirada na trajetória de seu galã, Channing Tatum - também um dos produtores do filme - que foi um dançarino de strip antes de sua carreira cinematográfica. Falta, no entanto, um roteiro que consiga dar um pouco mais de substância a uma sucessão de cenas de um bando de homens sarados dançando seminus em cima de um palco (ainda que provavelmente esse seja o motivo pelo qual o público acorreu aos cinemas). Carregado dos clichês mais batidos da história do cinema e contando com um elenco que nem mesmo Soderbergh (que arrancou de Jennifer Lopez uma atuação decente em "Irresistível paixão") consegue fazer soar convincente, o filme é um desfile de erros em um belo embrulho (mas que mesmo assim provavelmente só vá atrair um público feminino ou gay).

A história - se é que se pode chamar assim - é centrada no jovem Adam (Alex Pettyfer), que, sem rumo profissional na vida, encontra um bico consertando telhados e conhece Mike (Channing Tatum, sem o timing cômico demonstrado em "Anjos da lei"), que junta dinheiro dançando em um clube de mulheres de propriedade de um ex-performer chamado Dallas (Matthew McConaughey), que ainda faz seus shows ocasionais. Aos poucos Mike vai ensinando Adam a melhorar suas apresentações, assim como apresenta a ele o glamour de um modo de vida calcado no prazer e na sensualidade. Enquanto Adam começa a aproveitar os bons momentos - e também a sofrer a pressão de Dallas, que o escolhe para trabalhos ilegais - Mike tenta conquistar o amor de sua irmã, Joanna (a péssima Olivia Munn).

Fosse um filme dirigido por um cineasta sem talento - ou alguém precisando pagar a hipoteca - "Magic Mike" seria apenas mais um lixo cinematográfico a aportar nas salas de exibição. O problema é tentar descobrir como um nome como Soderbergh pode entrar em uma barca tão furada. Nada no resultado final lembra a criatividade e a inteligência de seus melhores filmes. O roteiro fraco, a edição preguiçosa (que nem torna as cenas musicais tão atraentes quanto poderia) e o elenco no piloto automático só sublinham a incompetência da realização como um todo. Só vai agradar a quem for procurar unica e exclusivamente belos corpos masculinos em danças sensuais. E mesmo assim pode ser que decepcione. Channing Tatum pode estar no caminho certo em termos de bilheteria, mas precisa escolher melhor seus projetos futuros se quiser ser levado a sério....

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