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QUEDA LIVRE

Posted by Clenio on 18:57 in
"Queda livre" já chegou ao Brasil com a pecha de "Brokeback Mountain alemão". O que poderia ser uma boa propaganda - afinal o premiado filme de Ang Lee é respeitado e admirado por qualquer bom fã de cinema, independente de sua sexualidade - acaba sendo, no final das contas, um peso. Por que o público iria às salas exibidoras assistir a um filme com uma história já conhecida, afinal? No entanto, à parte esse deslize de marketing - e as inúmeras semelhanças que tem com o filme estrelado por Heath Ledger e Jake Gyllenhaal - o trabalho do cineasta Stephan Lacant tem suas próprias qualidades e, embora não acrescente muito ao cinema de temática gay, serve para, mais uma vez, levantar questões importantes em um mundo perigosamente à beira de uma hecatombe religiosa.

Enquanto "Brokeback Mountain" tinha como sua maior ousadia localizar seus protagonistas em um mundo notoriamente viril e masculino, "Queda livre" encontra seus personagens também em um ambiente claramente hostil a manifestações homoafetivas: o corpo policial. Marc Borgmann (Hanno Koffler) é um policial com um futuro promissor e que está em vias de tornar-se pai. Morando com a esposa Bettina (Katharina Schuttler) e os pais, ele se surpreende com a força de sua atração por um colega de treinamento, Kay Engel (Max Riemelt), com quem se envolve numa relação passional e romântica. Dividido entre suas duas vidas, ele ainda testemunha o preconceito que circunda os homossexuais em seu meio, sentindo-se incapaz tanto de assumir sua nova condição - e logicamente ter de enfrentar as consequências disso - quanto de levar uma vida normal com a família.

Não há maiores surpresas ou inovações na maneira com que Lacant conta sua história. Assim como acontece nos filmes do gênero, a ligação entre Marc e Kay vai tornando-se cada vez forte, forçando os personagens ao encontro de seus destinos mesmo contra sua vontade. Como normalmente ocorre, é Kay, o bem-resolvido, o catalisador de todas as mudanças e, como de praxe, não existe crescimento sem dor. O roteiro é, ao menos, esperto em fugir do previsível em seu terço final, buscando resolver as situações propostas de maneira realista - ainda que talvez suas escolhas não agradem a todo mundo.

Fotografado com grande competência - em especial nas cenas de amor entre os protagonistas, que prescindem do vulgar mas não do calor - e interpretado com vigor por dois atores entregues sem medo a seus papéis, "Queda livre" não é uma obra-prima do gênero, mas está muitos degraus acima de muitos produtos feitos apenas para chocar.

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