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COMO NÃO PERDER ESSA MULHER

Posted by Clenio on 19:00 in
Em "Sintonia de amor", a personagem central, vivida por Meg Ryan, reclamava dos estragos causados pelo cinema romântico hollywoodiano, que faz com que as mulheres busquem histórias de amor ilusórias em detrimento da realidade. Clássico do cinema pejorativa - e erroneamente - chamado de "filme de mulherzinha", a obra de Nora Ephron encontra em "Como não perder essa mulher" sua versão masculina, guardadas as devidas proporções. Estreia como diretor do ator Joseph Gordon-Levitt, que também interpreta o papel central, o filme substitui os romances de plástico de Hollywood por filmes pornográficos, as mocinhas sonhadoras por um bartender hedonista e transmuta o santo graal dos protagonistas de um amor verdadeiro em uma satisfatória vida sexual.

Jon, o protagonista que Gordon-Levitt escreveu para Channing Tatum - que faz uma participação afetiva e bastante engraçada ao lado de Anne Hathaway - e depois pegou para si, é um jovem bartender que divide suas noites em um curso profissionalizante e noitadas em baladas que sistematicamente acabam em insatisfatórias relações sexuais. Conquistador inveterado, ele não hesita em reconhecer a si mesmo - e ao padre com que frequentemente se confessa - que prefere masturbações frequentes diante de filmes pornográficos do que sexo propriamente dito. Segundo sua concepção, as mulheres são sempre desapontamentos, por não realizarem na vida real o que os filmes adultos prometem em suas cenas pra lá de quentes. Seu vício em pornografia não se revela problemático, porém, até que ele conhece e cai de amores por Barbara (Scarlett Johansson, vivendo pela enésima vez a mulher sexy que parece ser seu único talento). Aparentemente um vulcão, Barbara se revela uma mulher extremamente conservadora, que mais uma vez frustra suas expectativas de orgias alucinantes. Surge então Esther (Julianne Moore), uma mulher mais velha, com uma trágica história de vida, que acaba lhe mostrando um outro caminho a seguir.

A ideia do roteiro de Gordon-Levitt é ótima, afinal de contas falta ao cinema hollywoodiano filmes com pontos de vista masculinos a respeito de relações amorosas. O problema é que falta a ele um pouco mais de profundidade, em especial na relação entre Jon e Esther, que poderia ter sido explorada com menos pressa - o que poderia inclusive ter dado à sempre ótima Julianne Moore maior oportunidade de brilhar. O jovem ator demonstra personalidade em sua direção, fazendo uso inteligente da edição e da trilha sonora e demonstrando bom senso estético - além de proporcionar à Glenne Headley ótimos diálogos na pele de sua mãe desesperada por uma nora e conseguir se dividir entre a direção e a protagonização com segurança de veterano: a transformação de seu Jon, que em mãos menos talentosas poderia soar patética, com ele não é apenas crível, mas também encantadora.

No final das contas, "Como não perder essa mulher" é uma estreia competente, que aponta para Joseph Gordon-Levitt uma carreira promissora.

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