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Posted by Clenio on 20:25 in

O que se pode oferecer a alguém que só te dá alegria? O que se pode dar a uma pessoa que quer te cuidar, te mimar, te proteger, te fazer simplesmente feliz? Como ser merecedor de tamanha dedicação e carinho? Será que sou digno de tanta atenção e amor? Em que momento eu fui capaz de despertar tantos sentimentos positivos? Será que finalmente é chegada a hora da bonança depois de tanta tempestade?

Depois de tanto choro, tanta lágrima, tanta desilusão, nada melhor do que dar de cara com alguém que não tem dúvidas quanto ao amor que sente, quanto ao que deseja pro futuro, quanto aos planos que faz, quanto à vontade de ser feliz independente dos percalços que possam surgir - e nenhum deles parece ser maior do que a certeza de que a estrada já está sendo percorrida.

E está sendo percorrida com gargalhadas bobas, com lágrimas ainda mais bobas, com piadas internas, com apelidos ridículos, com inseguranças que duram poucos minutos, com histórias para contar, com trilha sonora própria, com implicâncias debochadas. Está sendo preenchida por momentos aparentemente banais que crescem de importância diante da grandiosidade dos sentimentos. Por detalhes insignificantes como um frasco de Sorine quase vazio ao lado do rádio-relógio, um anel de compromisso comprado na última hora para sublinhar os sentimentos de proteção, um dicionário de expressões locais para lembrar sempre. Está tendo suas lacunas completadas pelas lembranças de todas as "primeira vez" e pela saudade ansiosa por um novo encontro.

O que se pode oferecer a alguém que faz questão de te ver feliz? Que se esforça mais pela tua paz do que pela própria? Que é capaz de qualquer coisa pra te deixar sentindo-se a pessoa mais importante do universo? O que posso oferecer a não ser o meu amor, também?  Sintonia não é comum, TT. Zukm.t

 

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MAMA

Posted by Clenio on 15:53 in
Estava demorando para que Jessica Chastain desse um passo em falso em sua carreira. Fazendo vários filmes por ano - e aparentemente nem sempre se preocupando com sua qualidade - era esperado que ela tropeçasse feio. Tudo bem que "Histórias cruzadas" era um amontoado de clichês e hipocrisia, mas ao menos tinha um pé na realidade, o que não acontece com "Mama", baseado em um curta-metragem de Andrés Muschietti, que agora expande sua ideia para 100 minutos de um filme que abusa da boa-vontade do público ao contar uma história que, em seu terço final, troca o suspense psicológico por uma trama sem pé nem cabeça realizada com efeitos visuais toscos e mal acabados.

A bem da verdade, "Mama" começa bastante bem, mostrando a tragédia que se abate sobre uma família quando o pai mata a esposa e, pensando em suicidar-se logo após, tenta matar as duas filhas pequenas, que são salvas por alguém misterioso. Cinco anos mais tarde, as meninas são descobertas em uma floresta e vão viver com o tio, Lucas (Nikolaj Coster-Waldau) e com a namorada dele, a cantora de rock Annabel (Chastain, fazendo o possível e o impossível para superar as limitações do papel), cujos instintos maternos são praticamente nulos. As crianças - praticamente selvagens, sem traquejo social e fisicamente díspares de todo o resto das pessoas que as rodeiam - não demoram, porém, a demonstrar que não saíram da floresta sozinhas. Sua mãe adotiva - uma criatura cujo visual e motivações são escondidas até o final "what the fuck?" - surge para recuperá-las, nem que tenha que utilizar-se de violência para isso.

O problema de "Mama" é justamente sua opção por deixar o terror psicológico de sua primeira metade para abraçar o trash em seu terço final. Enquanto Annabel - e o espectador - está no escuro, sem saber exatamente o que está errado com a volta das meninas, o filme caminha bem, com sustos nos lugares certos e uma atmosfera clássica que justifica a produção de Guillermo Del Toro. Quando o clima dá lugar ao visual, porém, tudo desanda. O design da criatura da floresta - a tal Mama do título - é sofrível, e os efeitos visuais que soterram o roteiro são capengas e nem de longe lembram a sofisticação das obras de Del Toro, para citar o exemplo mais próximo. Jessica Chastain tenta ao máximo dar consistência à sua personagem, que apresenta todos os lugares-comuns do estilo (é uma roqueira que aparentemente é gótica, e como tal, é tatuada, fuma e solta palavrões a rodo), mas afunda em um roteiro repleto de furos e um final ridículo.

Quem é fã de cinema trash pode até se deleitar com "Mama", mas até mesmo eles podem se decepcionar com a esquizofrenia do roteiro. Jessica Chastain - uma das melhores atrizes da atualidade - merecia coisa melhor.

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