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A CULPA É DAS ESTRELAS

Posted by Clenio on 00:19 in
Hazel é uma adolescente que convive com um câncer terminal. Obrigada pelos pais a frequentar um grupo de apoio, ela conhece e se apaixona por Augustus Waters, também castigado pela doença - que já lhe tirou uma perna e acabou com sua carreira esportiva. Testemunhando o sofrimento das pessoas que os cercam - e ao mesmo tempo sendo apoiados pelos pais - eles encontram um objetivo para suas vidas: conhecer um escritor recluso, autor de um livro que os inspira a ter esperanças de uma vida plena. Com essa história, cuja premissa melancólica pode afastar a quem procura uma leitura mais leve, o autor norte-americano John Green conquistou milhares de leitores mundo afora. "A culpa é das estrelas" (Ed. Intrínseca), no entanto, consegue fugir do dramalhão e agrada justamente por ter como protagonistas um casal que, apesar dos pesares, tem fé em um futuro menos doloroso.

Mesmo que esteja longe de ser uma obra-prima inesquecível, "A culpa é das estrelas" é uma leitura agradável, com personagens bem delineados e alguns momentos de pura poesia. Soa como infantojuvenil em várias passagens, mas nunca se torna fácil demais ou condescendente. A história de amor entre Hazel e Augustus é apaixonante e seduz pela inocência na medida certa. O autor não cede à tentação de criar milagres, mas também consegue a façanha de emocionar sem apelar para a pieguice que lhe clama a cada página. E além disso, algumas passagens são tão lindas e inocentes que fica difícil não se emocionar.

"A culpa é das estrelas" é um livro que tem tudo para tornar-se o livro preferido dos jovens mais sensíveis, principalmente porque seus direitos já foram adquiridos para o cinema e em breve deve estar chegando às telas para levar o público às lágrimas...



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LOUCAMENTE APAIXONADOS

Posted by Clenio on 00:02 in
Às vésperas de voltar para a Inglaterra depois de formar-se, a britânica Anna (Felicity Jones) se apaixona perdidamente por um colega, o sensível Jacob (Anton Yelchin), com quem passa a viver uma idílica história de amor. Sem querer abandonar o amante durante as férias de verão, ela resolve burlar seu visto de permanência por alguns meses. Depois de visitar os pais, portanto, ela descobre que não pode mais entrar nos EUA.

Desesperados de amor e saudade, os dois jovens passam, então, a administrar um romance à distância. Esta é a trama de "Loucamente Apaixonados", filme independente do jovem (28 anos) Drake Doremus que caiu nas graças da crítica americana depois de sua estreia no Festival de Sundance, em janeiro de 2011 e de sua participação em uma série de outros festivais de cinema (Toronto, Vancouver, Amsterdã, Montreal, Estocolmo). Elogiado principalmente por sua aura e frescor juvenis, o drama romântico engrendrado por Doremus tem em sua espontaneidade justamente sua maior qualidade e seu calcanhar de Aquiles. A liberdade de seu casal de protagonistas em improvisar muitos dos diálogos dá ao filme uma autenticidade sempre bem-vinda, mas também uma fragilidade no roteiro que lhe deixa, em certos momentos, um tanto capenga.

O roteiro de "Loucamante Apaixonados" é, provavelmente seu maior problema. A ideia do diretor - contar uma história de amor à distância sem o humor um tanto forçado do filme estrelado por Drew Barrymore em 2010 - é enfraquecida pelo excesso de idas e voltas das personagens centrais e pela falta de consistência dramática de suas personalidades, que não são desenvolvidas a contento. Quando estão juntos - em especial na primeira parte da narrativa - Jones e Yelchin preenchem a tela com seu carisma e convencem como amantes apaixonados. Quando separados, não conseguem manter o mesmo nível de interesse (talvez porque seus novos pares românticos não sejam suficientemente ameaças à sua relação). Doremus é um cineasta visualmente criativo e inteligente - utilizando a edição ágil e modernosa a seu favor - mas precisa dar mais atenção à profundidade de suas personagens (ainda que o final agridoce seja de um realismo doloroso).

Mas, apesar de seus pecadilhos, "Loucamente Apaixonados" é um filme que, sim, merece ser visto, se não pelo talento da dupla central ao menos para tomar contato com o estilo de um cineasta que dá sinais de um talento que, amadurecido, pode vir a dar grandes alegrias aos cinéfilos menos conservadores em um futuro próximo. Os românticos de plantão não irão se decepcionar!

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ADEUS AO OI OI OI....

Posted by Clenio on 03:12 in
Ok, o último capítulo foi um atropelo só e decepcionou 9 entre 10 fãs. Ok, o final do Adauto foi patético. Ok, o núcleo Cadinho não precisava nem constar da sinopse. Mas é inegável que, até que a palavra FIM aparecesse junto à bandeira do Divino F.C. a trama de João Emanuel Carneiro foi muitos patamares acima das novelas apresentadas nos últimos anos. "Avenida Brasil" não apenas parou o país. Foi comentada à exaustão em redes sociais, nas ruas, em locais de trabalho. Conquistou parcelas da população normalmente avessas ao gênero telenovela. E comprovou que é possível, sim, equilibrar inteligência com gosto popular. Ousou de cabo a rabo, embaralhando os papéis de vilã e heroína e mostrando um cuidado admirável ao visual - fotografia, edição, movimentos de câmera - que deu o que falar entre cinéfilos do Oiapoque ao Chuí. E, melhor ainda, criou uma comoção como não se via há muito tempo entre os telespectadores. Podia-se falar mal, sim, mas falava-se. Foi impossível, nesses sete meses em que a novela esteve no ar, fugir de Carminha, Nina (ou Rita), Tufão e todas aquelas personagens que invadiram o imaginário popular como o fazem criações dramatúrgicas que aliam bom texto e bons (e no caso de alguns, extraordinários) atores.


A trama central da novela era lugar-comum? Sim, histórias de vingança existem há milhares de anos. O roteiro teve furos quase imperdoáveis? Sim, mas que novela não os tem? Em alguns momentos ficava a impressão de que alguns núcleos não estavam adequados à qualidade dos outros? Óbvio, mas pergunte aos espectadores que gostam de humor mais explícito se isso não funcionava. "Avenida Brasil" tinha um pouco pra todo mundo. Todos os estereótipos estavam lá: a periguete, o gay enrustido, o mulherengo, o par romântico, a vilã cruel, o comparsa meio burro, as empregadas cômicas, as amigas da mocinha. Os clichês também: segredos, traições, vinganças, assassinato misterioso, redenções inesperadas. Mas João Emanuel Carneiro misturou todos esses ingredientes de uma maneira pouco convencional, dando à história um ritmo alucinante (que sofreu uma queda em alguns momentos mas nunca deixou de estar presente) e criando alguns diálogos já destinados a antológicos. Que o digam os fãs que ficavam ansiosos pelo dia seguinte a cada congelamento de final de capítulo. De quantas novelas pode-se dizer o mesmo ultimamente?

A barra era pesada? A violência em alguns momentos chegou a assustar aos mais sensíveis? Que bom, novela das nove da noite não é pra criança, mesmo. Existia negatividade, adultério, maldade? Sim, felizmente. Novela das nove não é conto de fada água-com-açúcar. O exagero às vezes dava as caras? Claro, novela é ficção - e não deixa de ser irônico ouvir os detratores falando mal da falta de verossimilhança da trama e acorrendo às cegas para assistir a produtos importados que, a despeito de sua qualidade, são bem mais fantasiosos, como "Game of thrones" e "The walking dead".  Mas quem negar a excelência da produção da novela - e aí inclui-se a direção de arte, a trilha sonora apropriada, a fotografia, a edição e a direção inspirada de Amora Mautner e José Luiz Villamarim - pode-se considerar no mínimo injusto e radical.

E isso que nem falamos ainda do elenco magistral. Cada núcleo de "Avenida Brasil" tinha um ou mais trunfos em termos de texto e interpretação. Os veteranos estiveram brilhantes: Marcos Caruso criou um Leleco triunfante, José de Abreu imprimiu seu nome na história com seu extraordinário Nilo, Vera Holtz deu um banho como Mãe Lucinda, Juca de Oliveira chegou matando como o pérfido Santiago, Marcello Novaes foi um Max acertadamente asqueroso e Murilo Benício foi um Tufão apaixonante e doce. Os novatos roubaram a cena: Juliano Cazarré foi um Adauto cujas pérolas aliviavam o clima pesado da mansão, Claudia Missura e Cacau Protásio foram empregadas geniais, cada uma com seu estilo (as grandes cenas dramáticas de Janaína e o humor certeiro de Zezé), Daniel Rocha Azevedo foi um Roni no tom certo e Emiliano D'Ávila fez seu Lúcio crescer a cada capítulo. Isis Valverde confirmou seu talento para interpretar gostosonas de índole duvidosa e José Loreto ganhou a chance de sua vida como o apaixonado Darkson. E o que dizer dos sensacionais diálogos entre a guerreira Monalisa (Heloisa Perissé) e a sexy Olenka (Fabíula Nascimento arrasando)?

Mas, mesmo com todo o sucesso do elenco como um todo (vamos ignorar o núcleo Cadinho?) é impossível negar que "Avenida Brasil" tem uma dona absoluta: calando a boca de todos os críticos que detonaram sua Mariana da novela "Renascer" (de 1993), Adriana Esteves simplesmente não deixou pedra sobre pedra com sua atuação devastadora como Carminha, a grande vilã da trama. Desde o primeiro capítulo - em que não poupava nem sua enteada criança - até sua redenção final (e coerente, apesar de muitos clamarem o contrário), Esteves brilhou com uma interpretação repleta de complexidades, demonstrando em um olhar e uma entonação toda a vastidão de sentimentos que atormentava sua personagem. Nunca aquém de espetacular, ela nem deixou espaço para sua colega de cena Débora Falabella, que penou com uma personagem chata e desagradável que despertou mais raiva e tédio do que entusiasmo. Os confrontos entre as duas já podem tranquilamente figurar em qualquer antologia séria sobre teledramaturgia.

Resumindo, "Avenida Brasil" acaba com um saldo pra lá de positivo. O final foi um tanto decepcionante pela obviedade da revelação do assassino de Max, pelo final infantiloide de Adauto e pelas perguntas sem respostas que deixou (culpa da mania de todos os novelistas de deixar absolutamente TUDO pra última semana de exibição). Mas vai ser difícil uma outra novela conquistar tão ferozmente seu público quanto ela. Tenho pena da Glória Perez!!!

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VIRADA NO JOGO

Posted by Clenio on 20:01 in
Uma das personalidades mais interessantes da campanha eleitoral que culminou na vitória do democrata Barack Obama para a presidência dos EUA em 2008 se chamava Sarah Palin. Governadora do Alasca, mãe de cinco filhos (um servindo o exército na guerra do Afeganistão, outra adolescente grávida e o caçula com Síndrome de Down) e carismática, ela logo transformou-se de esperança do candidato republicano John McCain em uma espécie de constrangimento, com seu desconhecimento de política externa e despreparo para o cargo - fatores que a levaram a ser parodiada pela humorista Tina Fey e se transformar em piada. A trajetória de Palin - do momento de sua escolha para assumir a candidatura até a derrota histórica - é o tema de "Virada no jogo", telefilme dirigo por Jay Roach que saiu da última cerimônia do Emmy com as merecidas estatuetas de melhor filme/minissérie e atriz (para uma Julianne Moore impecável no papel central).

Inspirado em um livro escrito pelo analista político Mark Halperin e pelo jornalista John Heileman, o roteiro de "Virada no jogo" acerta em cheio ao focar-se bem mais na figura de sua controversa protagonista do que em meandros da política americana (o que poderia afastar uma audiência não familiarizada com o assunto). Mesmo que em vários momentos a trama se concentre em reuniões de cúpula dos organizadores da campanha republicana (algo inevitável para melhor compreensão da história), a espinha dorsal de tudo é o drama de Sarah Palin, jogada no olho de um furacão sem o respaldo necessário para tanto. Apresentado em forma de flashback por Steve Schmidt, coordenador da campanha, vivido por um contido e eficaz Woody Harrelson, o filme começa quando o senador John McCain (Ed Harris, sempre excelente), procurando por um candidato a vice-presidente que possa competir com a popularidade crescente de Obama, chega até Palin, que lhe parece a melhor opção por inúmeras razões. É somente quando a campanha está em seu auge que as falhas da ex-governadora começam a parecer reais ameaças para suas ambições de chegar à Casa Branca. Sentindo-se pressionada pela mídia (que descobre com facilidade suas dificuldades), ela chega à beira de um colapso nervoso, mas resolve dar a volta por cima.

Dirigido com sobriedade por Roach - que tem no currículo o também interessante "Recontagem", que fala sobre a questionada vitória de George W. Bush na corrida pela presidência americana em 2000 - "Virada no jogo" prende a atenção da audiência principalmente porque mostra suas personagens mais como humanos propensos a falhas do que como seres imbatíveis e sem sentimentos. E essa complexidade encontra em seu elenco os intérpretes ideais. Se Ed Harris e Woody Harrelson não precisam mais provar nada a ninguém, Sarah Paulson tem o tom perfeito de sua Nicole Wallace - assessora de Palin, que acaba sendo acusada por ela de sabotar sua imagem e Julianne Moore deita e rola com uma personagem tão saborosa que deixa nítido o seu prazer em seu trabalho. Fisicamente semelhante à real Sarah Palin, Moore presenteia o público com uma atuação das mais felizes de sua vitoriosa carreira, rica em nuances e detalhes. Fosse o filme feito para o cinema o Oscar estaria com o olhar fincado em sua performance...

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VIAJAR É PRECISO

Posted by Clenio on 20:55 in
Amigos de longa data, Jennifer Aniston e Paul Rudd contracenaram no delicado "A razão do meu afeto" e em vários episódios da saudosa série "Friends". Isso explica a química e a familiaridade entre eles em "Viajar é preciso" - título derivativo para um filme que se chama "Wanderlust" e que quase foi batizado no Brasil com o estranho "Loucuras no paraíso". Dirigida por David Wain (que dirigiu Rudd no pouco visto "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço"), a comédia - também co-produzida pelo ator e por Judd Apatow, considerado o midas da chamada nova comédia adulta americana - passou quase em brancas nuvens nos EUA, rendendo menos de 20 milhões de dólares (o que atrapalhou consideravelmente sua distribuição mundial). Porém, comparada a tanto lixo que faz sucesso em terras ianques, seu fracasso não deixa de ser um bocado injusto. "Loucuras no paraíso" pode não ser um filme brilhante, mas é simpático o bastante pra segurar com tranquilidade uma sessão descompromissada.

Fazendo uma crítica bem-humorada a estilos alternativos de vida, o filme de Wain tem como protagonistas um casal nova-iorquino que sofre na pele os efeitos da crise econômica americana: Linda e George Gergenblatt são obrigados a se desfazer do minúsculo apartamento que acabaram de comprar quando repentinamente se descobrem desempregados. A caminho da casa do irmão de George - um executivo metido a besta que fez fortuna comercializando banheiros químicos - eles acabam, por acidente, conhecendo uma comunidade alternativa liderada pelo carismático Seth (Justin Theroux, noivo de Aniston na vida real). Encantados pela possibilidade de fugir da rotina estressante das grandes metrópoles, eles tomam a decisão de experimentar uma vida nova. Sua dificuldade de lidar com certas liberdades do grupo - não há portas na casa, não se pode matar nem mesmo insetos e todos vivem em busca da verdade absoluta - chega a um impasse quando eles descobrem que a comunidade também é adepta do amor livre: Linda passa a ser assediada por Seth e George fica tentado a ir pra cama com a bela Eva (Malin Ackerman).

Mesmo que perca o ritmo em sua segunda metade - quando as dúvidas do casal a respeito de seu relacionamento assume o foco da história - "Viajar é preciso" tem a seu favor algumas piadas realmente engraçadas, quase sempre relacionadas às regras da comunidade e valorizadas pelo excelente elenco coadjuvante - no qual se destacam o veterano Alan Alda e as ótimas Lauren Ambrose e Kathryn Hahn. Nem quando apela para uma reviravolta um tanto forçada na personalidade de uma das personagens o roteiro chega a incomodar, já que o tom nunca ultrapassa o da farsa descompromissada. E se Aniston ainda não consegue se livrar dos maneirismos de sua eterna Rachel Green isso não é problema para os fãs de sua beleza e seu carisma.

Para quem procura um filme leve e divertido sem maiores ambições que não entreter por duas horas, "Viajar é preciso" serve como uma luva. Mas não espere mais do que isso...

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ROCK OF AGES, O FILME

Posted by Clenio on 00:41 in
O diretor Adam Shankman - que já tem no currículo a divertida versão 2007 de "Haispray, em busca da fama" - declarou que "Rock of Ages, O Filme" é o primeiro "musical para heterossexuais". Deixando de lado a implicação um bocado preconceituosa da afirmação, pode-se dizer que ele não deixa de ter uma certa razão. Utilizando-se de clássicos do rock - a saber, safra anos 70 e 80 - como matéria-prima, a adaptação para as telonas da peça teatral de Chris D'Arienzo (que estreou na Broadway em 2006) usa e abusa dos clichês do gênero, mas, ao contrário de transposições bem-sucedidas como "Chicago" (que brincava com eles de forma orgânica e debochada), jamais encontra um satisfatório ponto de equilíbrio. E os problemas são tantos e tão óbvios que até mesmo os fãs do velho e bom rock'n'roll podem se sentir incomodados com as versões "Glee" de suas amadas canções.

Os problemas começam na escalação da dupla central de atores, a péssima Julianne Hough (que esteve presente na desnecessária refilmagem de "Footlose") e o fraquíssimo Diego Boneta (que fez parte da formação mexicana do grupo Rebelde). Juntos, eles fazem o espectador sofrer com sua total falta de sintonia e talento, e não são ajudados pelas personagens que lhe cabem: ela vive Sherrie Christian, uma jovem que chega a Hollywood vinda de Oklahoma, disposta a vencer na carreira de cantora (bocejo) e ele interpreta (se é que se pode dizer isso sobre seu trabalho) Drew Boley, que trabalha como bartender em um bar chamado Bourbon Club e tem o sonho de (surpresa!) tornar-se astro do rock. O dono do bar - que já teve melhores dias e está ameaçado por tubarões financeiros, como sempre - é Dennis Dupree (Alec Baldwin, fazendo o possível com seu ingrato papel), que, com a ajuda de seu velho colega Lonny (Russell Brand), tem uma grande ideia para salvar o negócio: um show com o grande astro Stacee Jaxx (Tom Cruise no auge da canastrice). Soma-se a isso uma jornalista ambiciosa (Malin Ackerman) e a primeira-dama da cidade (Catherine Zeta-Jones) - que tem na destruição da imoralidade causada pelo rock seu objetivo de vida - e o caldo está pronto. Pena que não deu liga.

O roteiro é sonolento - e para quem defende a teoria de que musicais prescindem de bom texto em favor de boas músicas vale sempre lembrar os diálogos afiados de clássicos como "Cantando na chuva" e exemplares mais recentes como "Chicago", que equilibram bons números musicais com um texto primoroso. O humor é tosco - o que justifica a inclusão do insuportável Russell Brand no elenco - e nem mesmo as cenas musicais, o que deveria ser o ponto forte da produção, conseguem empolgar (em parte pelas vozes tenebrosas de Hough e Boneta em parte pela direção frouxa e sem criatividade de Shankman). Tom Cruise - em tese a principal atração popular do projeto - falha em sua tentativa de emular roqueiros ao estilo Axl Rose, sendo nada além de patético em cena, além de comprovar que está cada vez menos infalível (a bilheteria ínfima de menos de 50 milhões nos EUA não deixou de ser um balde de água fria em sua popularidade). E, por melhor que sejam, Catherine Zeta-Jones e Alec Baldwin não tem como fazer milagres com suas personagens rasas e previsíveis.

Alguns fanáticos por rock menos exigentes podem até gostar, mas o fato é que "Rock of Ages, O Filme" é um tiro no pé de todos os envolvidos. Um fiasco que nem divertir consegue.

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HISTÓRIA SEXUAL DA MPB, A SÉRIE

Posted by Clenio on 22:29 in ,
Em 2006, o jornalista e pesquisador musical Rodrigo Faour fez a delícia dos fãs da música popular brasileira com seu envolvente "História sexual da MPB", onde analisava a maneira como o cancioneiro nacional tratava o sexo (e por consequência o amor, as relações e as convenções de gênero). Quatro anos - e um programa de rádio - depois, o livro - que, além de interessante em termos culturais e sociológicos é também muito engraçado e revelador - virou série de TV. Apresentada em 13 episódios no Canal Brasil (e disponível para os assinantes da NET HD através do catálogo NOW), a série - roteirizada, dirigida e apresentada por Faour - é simplesmente imperdível.

Dividida em episódios de 25 minutos - cada um sobre um tema específico - "História sexual da MPB" é dinâmica, divertida e emocionante, proporcionando ao espectador uma viagem no tempo, desde os primórdos das marchinhas "inocentes" de carnaval até os infames funks cariocas, com suas letras de uma sexualidade assustadoramente explícitas. Passando a limpo a forma como a homossexualidade, a fossa, o feminismo, a sensualidade e o romantismo eram vistos por compositores de qualidades díspares, o programa de Faour não permite nenhum tipo de preconceito, mostrando depoimentos que vão de Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Gilberto Gil e Ivan Lins a Wando e Valesca Popozuda - passando por pérolas como Adelaide Chiozzo e Jorge Goulart. As entrevistas, intercaladas com números musicais nostálgicos, são o ponto alto dos programas, sendo conduzidas com naturalidade e bom-humor pelo apresentador, que arranca de seus convidados histórias saborosas e reveladoras.


É difícil escolher o melhor episódio de "História sexual da MPB", tamanha é a quantidade de informações valiosas, de entrevistas fascinantes e números musicais tão saudosistas e que comprovam a enormidade e a riqueza da música nacional. Versando sobre as conquistas femininas, a dor-de-cotovelo, sexualidade transgressora, sensualidade negra, olhares masculinos e femininos e sobre o erotismo exagerado e nada sutil, a série merece ser item de colecionador para qualquer um que tenha orgulho de ser do mesmo país de gente como Elis Regina, Rita Lee, Gal Costa, Maria Bethânia, Simone, Ney Matogrosso, Alcione, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Paula Toller, Barão Vermelho, Marina Lima, Angela Rorô (que dá sua versão do escândalo ocorrido no início da década de 80) e tantos outros artistas que fizeram da nossa música a melhor e mais eclética do mundo.

Parabéns a Faour, e que outras séries tão boas e empolgantes venham nos presentear. E um aviso aos assinantes NET: corram, porque tudo está liberado somente até dezembro.

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BURLESQUE

Posted by Clenio on 18:19 in
Em 1995 o diretor holandês Paul Verhoeven foi praticamente apedrejado nas ruas por ter assinado "Showgirls", que logo em sua estreia recebeu da crítica e do público o título de um dos piores filmes de todos os tempos. Com o tempo, seu trabalho acabou tornando-se cult, principalmente por ter uma aura de filme B que lhe deixa mais engraçado do que ambicioso. Talvez isso aconteça daqui a uns quinze anos com "Burlesque", veículo para o estrelato da cantora Christina Aguilera. Com um roteiro medíocre, atuações caricatas e um visual cafona, o filme dirigido (força de expressão) por Steve Antin (que era o vilão adolescente de "Os goonies") só diverte mesmo se não for levado a sério em nenhum momento.

Marcando a volta da atriz/cantora/show-woman Cher às telas depois de uma ausência de 11 anos (sem contar a rápida aparição em "Ligado em você", de 2003, sua última performance como atriz de cinema havia sido em "Chá com Mussollini", de Franco Zefirelli), "Burlesque" é clichê do início ao fim: tudo começa quando a ambiciosa e talentosa Ali (Christina Aguilera ainda magra e com a voz potente de sempre) sai de sua Iowa natal para tentar a sorte em Los Angeles. Depois de ser rejeitada em várias audições ela arruma emprego como garçonete no clube Burlesque, comandado no fio da navalha financeira pela experiente Tess (Cher em um papel que em nada lhe exige). Não demora para que Ali mostre a todos que tem uma grande voz e torne-se a grande estrela do lugar, chamando a atenção do milionário Marcus (Eric Dane) e demorando a perceber que seu melhor amigo - e aspirante a compositor - Jack (Cam Gigandet) cai de amores por ela. Unindo-se a Tess, ela irá tentar salvar o Burlesque de fechar.

Para os fãs de Aguilera, "Burlesque" é a pedida ideal. Os números musicais são feitos especificamente para que ela demonstre seus dotes vocais e de dançarina e para isso funcionam perfeitamente (ainda que as canções não sejam exatamente brilhantes). O resto, no entanto, é de uma pobreza franciscana. Os diálogos são fracos, o elenco coadjuvante é desperdiçado (Stanley Tucci e Alan Cumming fazem pontas de luxo) e a trama - se é que pode ser chamada assim - é derivativa ao extremo. Se não se levasse tão à sério poderia ser divertido e simpático. Mas lhe falta a ironia tão bem-vinda em musicais. E só dá a Cher a chance de uma única canção (que inclusive levou o Golden Globe). É muito pouco resultado pra muita ambição.

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