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ROCK OF AGES, O FILME

Posted by Clenio on 00:41 in
O diretor Adam Shankman - que já tem no currículo a divertida versão 2007 de "Haispray, em busca da fama" - declarou que "Rock of Ages, O Filme" é o primeiro "musical para heterossexuais". Deixando de lado a implicação um bocado preconceituosa da afirmação, pode-se dizer que ele não deixa de ter uma certa razão. Utilizando-se de clássicos do rock - a saber, safra anos 70 e 80 - como matéria-prima, a adaptação para as telonas da peça teatral de Chris D'Arienzo (que estreou na Broadway em 2006) usa e abusa dos clichês do gênero, mas, ao contrário de transposições bem-sucedidas como "Chicago" (que brincava com eles de forma orgânica e debochada), jamais encontra um satisfatório ponto de equilíbrio. E os problemas são tantos e tão óbvios que até mesmo os fãs do velho e bom rock'n'roll podem se sentir incomodados com as versões "Glee" de suas amadas canções.

Os problemas começam na escalação da dupla central de atores, a péssima Julianne Hough (que esteve presente na desnecessária refilmagem de "Footlose") e o fraquíssimo Diego Boneta (que fez parte da formação mexicana do grupo Rebelde). Juntos, eles fazem o espectador sofrer com sua total falta de sintonia e talento, e não são ajudados pelas personagens que lhe cabem: ela vive Sherrie Christian, uma jovem que chega a Hollywood vinda de Oklahoma, disposta a vencer na carreira de cantora (bocejo) e ele interpreta (se é que se pode dizer isso sobre seu trabalho) Drew Boley, que trabalha como bartender em um bar chamado Bourbon Club e tem o sonho de (surpresa!) tornar-se astro do rock. O dono do bar - que já teve melhores dias e está ameaçado por tubarões financeiros, como sempre - é Dennis Dupree (Alec Baldwin, fazendo o possível com seu ingrato papel), que, com a ajuda de seu velho colega Lonny (Russell Brand), tem uma grande ideia para salvar o negócio: um show com o grande astro Stacee Jaxx (Tom Cruise no auge da canastrice). Soma-se a isso uma jornalista ambiciosa (Malin Ackerman) e a primeira-dama da cidade (Catherine Zeta-Jones) - que tem na destruição da imoralidade causada pelo rock seu objetivo de vida - e o caldo está pronto. Pena que não deu liga.

O roteiro é sonolento - e para quem defende a teoria de que musicais prescindem de bom texto em favor de boas músicas vale sempre lembrar os diálogos afiados de clássicos como "Cantando na chuva" e exemplares mais recentes como "Chicago", que equilibram bons números musicais com um texto primoroso. O humor é tosco - o que justifica a inclusão do insuportável Russell Brand no elenco - e nem mesmo as cenas musicais, o que deveria ser o ponto forte da produção, conseguem empolgar (em parte pelas vozes tenebrosas de Hough e Boneta em parte pela direção frouxa e sem criatividade de Shankman). Tom Cruise - em tese a principal atração popular do projeto - falha em sua tentativa de emular roqueiros ao estilo Axl Rose, sendo nada além de patético em cena, além de comprovar que está cada vez menos infalível (a bilheteria ínfima de menos de 50 milhões nos EUA não deixou de ser um balde de água fria em sua popularidade). E, por melhor que sejam, Catherine Zeta-Jones e Alec Baldwin não tem como fazer milagres com suas personagens rasas e previsíveis.

Alguns fanáticos por rock menos exigentes podem até gostar, mas o fato é que "Rock of Ages, O Filme" é um tiro no pé de todos os envolvidos. Um fiasco que nem divertir consegue.

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Enfim, quero assistir. Já vu vê-lo sabendo o que vem pela frente, rs

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