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APRENDENDO NA MARRA

Posted by Clenio on 12:14 in
A gente começa a perceber que tem alguma coisa muito errada acontecendo quando uma cena da novela das sete nos faz pensar sobre a vida. E foi exatamente o que aconteceu comigo ontem, assistindo à novela "Tititi". Era uma cena normal, repleta dos clichês da teledramaturgia nacional - ainda que interpretada pela sempre ótima e cada vez mais linda Christiane Torloni - mas abriu dentro da minha consciência uma torrente de questionamentos e até algumas constatações que me fizeram perder o sono - como se ele estivesse frequentando minha cama nos últimos meses!! A questão primordial de tudo isso é que, assistindo à cena em que a personagem de Torloni aconselha a filha em vias de se casar - mesmo sem ter a certeza absoluta de seus sentimentos - fiquei com uma puta inveja e uma espécie de ressentimento dolorido. Eu nunca tive uma conversa desse tipo com meus pais. Ninguém nunca me orientou nos descaminhos da minha vida amorosa/sentimental. Fui aprendendo na marra, aos trancos e barrancos, do meu jeito torto, como já o disse Caio Fernando Abreu. E esse caminho pedregoso provavelmente teria sido bem menos difícil se qualquer um - QUALQUER, seja pai, mãe, amigo, Mestre Yoda - tivesse me aberto os olhos sobre o quão árdua é a vida quando o coração começa a falar mais alto do que o cérebro.

Até ontem, por volta das sete e meia da noite, eu não tinha me dado conta do quanto me fez falta um guia. Talvez por ter despertado um tanto tarde para esse lado "frio-na-barriga" da vida, eu nunca procurei ajuda, ou conselhos. Mas precisava de alguém. Alguém que me dissesse que, não importa o quanto eu amasse alguém isso não garantiria que eu fosse amado de volta. Alguém que me deixasse claro que, independente do tanto de amor que eu possa dar, certas pessoas simplesmente fogem de muito amor. Uma pessoa experiente que me obrigasse a sentir não mais importante nem menos do que a outra pessoa - e sim alguém no mesmo nível. Que me explicasse que, para algumas pessoas o amor não é tão importante quanto é pra mim. Ou até mesmo me abrisse os olhos para uma realidade - dura, porque realidade - mas inegável:  duas pessoas nunca se amam ao mesmo tempo e com a mesma intensidade e é preciso administrar essa certeza sem se deixar abater por negativistas pensamentos sobre o futuro.

Talvez eu tivesse quebrado a cara da mesma forma, ainda que um guru romântico/sentimental/sexual estivesse sempre a meu lado, desenhando mapas e me sussurrando todas as regras. É possível que esse meu jeito de aprender errando muito mais do que acertando não sofresse nenhuma alteração, mesmo com os conselhos recebidos. Mas eu tenho certeza de que o caminho seria menos solitário e eu teria com quem desabafar todos as minhas frustrações.

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NARCISSUS

Posted by Clenio on 22:23 in
Era um Narciso às avessas. Não apenas pela diferença de sexo, mas principalmente porque não via, em si mesma, nada que pudesse lhe encantar, quanto mais aos outros. Desde criança fora deixada de lado em um mundo que privilegiava a beleza física acima de qualquer outro atributo mental ou sentimental. Não que fosse feia. Não o era, ao menos não era dotada de uma feiúra de Quasímodo. Mas também não tinhas as pernas longas e bem torneadas de sua irmã mais velha ou os cabelos brilhantes e sedosos da caçula. Usava aparelho nos dentes, mas não lutava contra a balança. Não tinha seios admiráveis, mas tampouco tinha mais celulite do que a maioria das mulheres de sua idade. Tinha 25 anos de idade e ainda era virgem.

Odiava espelhos, se pudesse viver sem jamais refletir-se neles teria a mais agradável das vidas. Mas era parte de uma família de saudáveis auto-estimas, de mulheres altivas, elegantes, atraentes e como tal, vaidosas e senhoras de si. Não havia um dia em que se enxergasse em um dos vários espelhos espalhados pela casa sem sentir espasmos violentos no estômago. Só encontrava paz em seu quarto, lendo Goethe, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Michael Cunningham, Byron e tudo com que pudesse identificar-se. Percebendo a alma desses escritores, separados por idiomas e gerações, ela sentia-se parte do mundo, uma parte um tanto menor, insignificante, mas parte dele. E poderia viver tranquilamente assim, em seu mundo particular, desprovido de espelhos e da busca pela beleza, se não tivesse conhecido o amor.

Foi de repente, como de repente são todas as coisas que mudam as vidas para sempre. Ela estava em uma livraria, decidindo entre Sylvia Plath e Proust quando o viu, olhos fixos e fascinados em uma leitura quase hipnotizada. Ficou tentada a descobrir o que fazia aquele rapaz magro, um tanto pálido e muito emotivo estar a ponto de verter lágrimas em plena tarde de sexta-feira, dentro de um shopping-center. Era "Werther". E o rapaz - não mais de 20 anos, certamente - chorava não mais discretamente, limpando com a manga da camisa as lágrimas que a morte trágica do protagonista lhe haviam despertado. Guardou o exemplar na mesma prateleira de onde havia tirado e saiu em direção à rua. Foi um impulso irrefreável que a fez seguí-lo, chamar-lhe e oferecer-lhe um lenço. Chamava-se Guilherme. E tinha 20 anos. E amava Werther mais do que amava a própria vida. E tinha uma inocência no olhar que arrancou em poucos segundos todas as resistências que ela tinha em se apaixonar.

O segundo encontro foi em um café, ao som de violinos clássicos - se bem que ela não poderia dizer com certeza se eles estavam presentes ou se era apenas ilusão. Falaram de música, literatura, cinema. Trocaram impressões sobre um mundo ao qual não pareciam pertencer. Choraram as mágoas em relação a suas vidas, seus corpos, seus medos. Discutiram religião, descobriram que gostavam de Chico Buarque. E no fim da tarde roçaram, de leve, as mãos no rosto do outro.

Em uma tarde de agosto, ela aceitou o convite dele de visitar seu apartamento. Ele vivia sozinho, cercado apenas de livros, discos de vinil e fotografias da infância. Ela lembrou que não havia fotografias em seu redor. Sua imagem não lhe agradava e ela não queria lembrar-se dela. Ele sorriu, disse que as fotografias estavam ali porque ele gostava de lembrar-se de um tempo em que era feliz e beijou-a longamente. Ela rendeu-se ao beijo, e sua alma sentiu-se mais beijada do que seus lábios. Quando ele penetrou-a, docemente como ela sonhava em seus delírios românticos, era Schubert que estava tocando. Ou talvez fosse apenas uma ilusão de sua cabeça.

Ela só percebeu a tatuagem dele algumas horas depois, quando estava recostada em seu peito, ouvindo-o ler, com sua voz calma e pausada, trechos de Milan Kundera. Era um coração trespassado por arames farpados. Em um ex-presidiário soaria aterrorizante. Nele, pareceu extremamente romântico e melancólico. Quando ele parou de ler, olhou-a profundamente e declarou-se apaixonado. Elogiou a cor e o formato de seus olhos, a tonalidade de porcelana de sua pele, o perfume de seus cabelos. Acariciou longamente seus seios, beijou-a sofregamente e disse que queria casar-se com ela. E pediu para vê-la sorrindo.

Ela chegou em casa como se tivesse descido de uma nuvem. Uma chuva intermitente lhe havia molhado os cabelos e ela sentia-se, pela primeira vez na vida, uma mulher. Melhor ainda, uma pessoa, alguém que era amada. E sim, que amava. Pela primeira vez. Pela única vez. Amava e era amada. Era uma sensação indescritível. Tomou um demorado banho de chuveiro, gostando do próprio corpo pela primeira vez. Ao secar os cabelos - depois de cheirá-los para tentar guardar em suas narinas o mesmo cheiro que havia encantado o amor de sua vida - vislumbrou-se no espelho. Ali estava. A mesma mulher de antes. Estava feliz, sim, mas era o mesmo rosto, o mesmo olhar, a mesma testa. Sorriu. E seu sorriso de felicidade era tão grotesco que ela não tolerou encará-lo por muito tempo. Foi até a cozinha, de pés descalços e roupão. Abaixou-se junto à pia e fez o que tinha certeza que deveria ser feito. Espirrou desinfetante nos olhos.

Urrava de dor quando foi posta na ambulância. Mas estava feliz. Era amada. Amava. Mas não precisava ver a face de sua felicidade nunca mais.

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CHÉRI/O PRÍNCIPE DA PÉRSIA

Posted by Clenio on 14:42 in
Mais de dez anos separam "Ligações perigosas" de "Chéri", a reunião dos talentos de Stephen Frears na direção, Christopher Hampton no roteiro e Michelle Pfeiffer frente às câmeras. Mas a distância que os separa é bem mais grave do que a temporal. É quase inacreditável que os mesmos Frears e Hampton tenham assinado a obra-prima baseada em Choderlos de Lacols vencedora de 3 Oscar em 1988 e essa pálida e insossa versão cinematográfica da obra da francesa Colette, considerada "literatura adulta" em sua época. Mesmo que não se faça nenhum tipo de comparação, "Chéri" é simplesmente um filme chatinho e sem graça, que não convence como romance nem muito menos como drama erótico, principalmente devido à péssima escolha do inglês Rupert Friend para o papel-título.

O Chéri criado por Colette é um dândi francês, filho de uma antiga cortesã (Kathy Bates como cortesã, ainda que aposentada??!!) que, aos 19 anos, não faz nada na vida a não ser beber e dormir com qualquer mulher que lhe apareça na frente. Preocupada com seu futuro, sua mãe praticamente o entrega a uma ex-colega, a bela Lea de Lonval (Michelle Pfeiffer, ainda deslumbrante), que o aceita como amante fixo. Seis anos depois, quando é arranjado o casamento do rapaz com a filha de uma outra ex-mulher da vida, Cheri e Lea se descobrem mais apaixonados do que supunham.

Talvez o maior problema do filme de Frears - e isso praticamente destrói o conjunto todo - é a atuação de Friend, que confunde o ar blasé de sua personagem com fragilidade de atuação. Em nenhum momento o público se deixa acreditar no romance entre os protagonistas. E isso é mortal para as intenções do filme, que não consegue nem ao menos transmitir o ar de ironia que a narração em off parece aspirar. Salva-se o luxo da direção de arte e dos figurinos, além da sensualidade sempre latente de Pfeiffer.


E "O príncipe da Pérsia, as areias do tempo" é uma sessão da tarde divertida, mas inócua. Infantil demais para um público que deseja uma dose saudável de violência fictícia, a adaptação do game se beneficia da excelente parte técnica que um orçamento generoso pode oferecer. Os efeitos visuais são competentes, a fotografia é belíssima e a história, apesar de ser apenas um pretexto para sequências muito bem feitas de ação, não ofende a inteligência. Jake Gyllenhaall se sai bem como herói e Ben Kingsley dá legitimidade a um projeto que poderia ficar relegado a uma plateia apenas juvenil. A atriz principal, Gemma Arterton, não colabora - não é nem particularmente bonita ou carismática nem tampouco tem um talento que justifique sua escalação e a duração talvez seja um tanto excessiva. Mas entretém dignamente e acaba com uma canção de Alanis Morissette, o que já lhe dá um selo de qualidade dos grandes...

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HOUVE UM TEMPO...

Posted by Clenio on 19:49 in
É impressionante como certas coisas aparentemente banais podem deflagrar um turbilhão de sentimentos, emoções e saudades. Uma mesa de bar e algumas cervejas me proporcionaram, na última terça-feira, uma viagem no tempo, um retorno a uma época da minha vida em que eu talvez fosse feliz e soubesse, uma época em que todos os dias tinham o frescor de novidade, todas as noites tinham o aroma de inúmeros futuros empolgantes, e as madrugadas pareciam longas o bastante para que fossem vividas mil vidas.

Houve um tempo em que as amizades pareciam reais (e o eram). Momentos em que o mundo, moinho insensível que é, ainda não havia forjado em mim, a ferro e fogo, cicatrizes indeléveis na alma e no coração. Uma época em que havia sim, inocência e esperanças. Melhor ainda, havia uma infinidade de possibilidades e uma juventude que não aparentava querer ir embora.

Mas tudo vai embora. A juventude, a energia, a paciência, a esperança. Os amigos somem - o tempo, a distância, a morte chega e nos toma a intimidade, legando apenas as lembranças sorridentes e alcoolizadas, os abraços sonolentos e satisfeitos, as conversas alteradas pela paixão e pelas certezas inabaláveis que em breve foram desmentidas pela realidade.

É triste perceber que tempos assim não serão mais recuperados. No máximo podem ser relembrados e comemorados melancolicamente de vez em quando. Seria bom se pudéssemos prender esses momentos que tanto nos encheram de felicidade em outro lugar que não as memórias. Teria sido ótimo se tivéssemos tido a inteligência de notar que ali estava o melhor tempo de nossas vidas.

"Permanece intacta aquela perfeição singular, perfeita em parte porque parecia, na época, tão claramente prometer mais. Agora sabe: aquele foi o momento, bem ali. Não houve outro." (Michael Cunningham, "As horas")

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ANGÚSTIA SILENCIOSA QUERENDO GRITAR

Posted by Clenio on 01:30 in
Quem me olha não me vê. Quem fala comigo não me escuta. É impressionante como o que se passa na minha alma é invisível aos olhos e ouvidos de quem me rodeia. Uma angústia desesperada me corrói dia a dia, um peso incomensurável se abate em meus ombros, uma dor indescritível me machuca por inteiro e só o que posso fazer é beber, me anestesiar paliativamente de uma tristeza que só me faz chorar. Choro por dentro, em companhia de outras pessoas. Choro desbragadamente sozinho, em casa. Diante da TV, diante do computador, diante da geladeira, diante do espelho. Diante de uma vida tão insuportável que chega a me fazer sangrar. Diante da luz do dia, que me empurra para a escuridão dos pesadelos.

Não há saídas na minha vida. Não há um caminho a escolher que me faça vislumbrar uma felicidade, ainda que fugidia. Me sinto sozinho, dono de uma solidão que parece me amassar os órgãos vitais, me sufocar pouco a pouco, ou em certas ocasiões, muito a muito. Minha solidão é maior do que simplesmente não ter a quem abraçar na cama. Minha solidão alcança a alma.É devastador perceber que se chegou a determinada altura da vida em que só o que me resta fazer é olhar pra trás e perceber os inúmeros erros que cometi, as escolhas equivocadas que fiz, as oportunidades que perdi, as pessoas que magooei. Eu não tenho pra onde ir, pra onde correr, onde me esconder. Tenho só a mim mesmo. E sou um fracasso completo.

Perdi a única pessoa que amei e que me amou de volta. Não fui capaz de dar a ela a certeza do meu amor, a segurança dos meus sentimentos. Não cheguei nem mesmo a tocar seus lábios, a sentir seu cheiro, a experimentar a sensação de seu orgasmo. Nunca cheguei tão perto da felicidade e a perdi tristemente. Nunca me senti tão amado e esse sentimento me foi arrancado. Nunca encontrei alguém tão próximo a minha alma... e talvez justamente por isso o tenha afastado.

Eu não tenho nada, não sou ninguém, não tenho nenhum talento especial. Não sou bonito, não sou particularmente inteligente, não tenho nem ao menos dinheiro pra poder comprar substitutos para tudo isso. Não tenho nem coragem de romper com o marasmo e a infelicidade da minha vida de merda. Só o que faço é tentar sobreviver pesadamente em um mundo que me dá nojo. É manter-me vivo porque foi isso que me ensinaram a fazer, em um sermão ridículo imposto por um deus que só me causa repugnância. O abismo me chama e o que vejo lá embaixo me encanta e me seduz.

Só duas coisas nessa vida me fariam o milagre de ser feliz: ser outra pessoa, completamente diferente do que sou, ou ter a permissão de quem me prende para ir embora daqui. Nada disso vai acontecer. Sou um morto-vivo esperando o final de sua desgraçada odisséia.

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GUERRA AO TERROR

Posted by Clenio on 22:00 in
Qualquer fã de cinema sabe que Kathryn Bigelow tornou-se, no início deste ano, a primeira mulher a levar o Oscar de direção. Qualquer leitor de colunas de fofocas sabe também que ela tirou a estatueta das mãos do ex-marido James Cameron, que concorria pelo mega-sucesso "Avatar". E qualquer pessoa bem-informada sabe que seu filme premiado com 6 prêmios da Academia - inclusive melhor filme e roteiro - só estreou nos cinemas brasileiros depois de ter sido lançado em DVD - porque simplesmente ninguém em sã consciência acreditaria que um filme feito com meros 11 milhões de dólares, sem astros consagrados no elenco (os mais famosos, Guy Pearce e Ralph Fiennes aparecem cerca de dez minutos cada um, apenas) e que falava da guerra do Iraque (um veneno de bilheteria) pudesse atrair público. O que talvez nem todo mundo saiba é que foi o próprio James Cameron quem incentivou Bigelow a dirigir o filme, que tornou-se uma espécie de "Platoon" sofre o conflito iraquiano.

O fato é que "Guerra ao terror" é, sim, um bom filme. É extremamente bem-dirigido, é tecnicamente impecável e não se prende a sentimentalismos comuns ao gênero. Mas justamente por optar por um tom quase documental do conflito, o filme nega à platéia  um fator muito importante: a identificação. Mesmo que tenha um protagonista - no caso o soldado William James vivido muito bem por Jeremy Renner - o roteiro de Mark Boal (também premiado com o Oscar) não o desenvolve emocionalmente o bastante para que haja conexão com o espectador. Ao mesmo tempo em que isso diferencia o filme do trivial impede a entrega total do público, que entende a trama, a admira, mas nunca se encanta como deveria.

Muitas cenas de "Guerra ao terror" são tensas, fortes, verdadeiras. Kathryn Bigelow mereceu o Oscar, sem dúvida. Mas fica faltando uma emoção palpável ao resultado final. Ainda assim, é um vencedor justo e bastante honesto.

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CASA COMIGO?

Posted by Clenio on 13:43 in
Amy Adams é uma gracinha. Talentosa, simpática e carismática, ela tem tudo para ser uma das grandes atrizes de um futuro próximo, que o digam suas duas indicações ao Oscar de coadjuvante - em papéis absolutamente diferentes um do outro. Mas uma coisa ela tem que cuidar: escolher seus projetos com mais cuidado. Tudo bem, não é sempre que surgem coisas como "Dúvida" na carreira de uma atriz, mas até mesmo em gêneros menos arriscados, como a comédia romântica, é possível optar por alguma coisa mais fora do comum do que "Casa comigo?", uma sessão da tarde que até funciona como isso - entretenimento rápido - mas não acrescenta nada em sua promissora carreira.

O diretor de "Casa comigo?" é Anand Tucker, que tem no currículo o sensacional "Hilary & Jackie". Aqui, no entanto, ele não ousa nem um milímetro, contando uma história igual a dezenas de outras sem maiores trunfos a oferecer senão o talento de Adams e o charme de seu parceiro de cena, o inglês Matthew Goode, visto em "Match point", de Woody Allen e "Direito de amar", como o amante de Colin Firth. Utilizando as belas paisagens da Irlanda como pano de fundo para seu romance açucarado, Tucker pode até divertir em alguns momentos, mas nunca chega a encantar.

A história é daquelas bem bobinhas, como convém ao gênero: Adams vive Anna Brady, uma espécie de decoradora de apartamentos para vender que espera pacientemente que seu namorado de quatro anos, Jeremy (Adam Scott), lhe proponha casamento. Inspirada por uma tradição irlandesa - que permite que mulheres peçam homens em casamento no dia 29 de fevereiro, ou seja, em anos bissextos - ela parte atrás do rapaz, que está no país em uma conferência médica para tomar a iniciativa. Logicamente, milhares de coisas dão errado e ela se vê obrigada a contar com a ajuda de Declan (Goode), o rústico dono de um bar/pousada de uma cidade do interior, para chegar a Dublin e completar sua missão. De início totalmente antagônicos, os dois, como era de se esperar, acabam se apaixonando.

E é isso. A química entre o casal até que funciona e, apesar do final ser o mais óbvio possível, não há como ignorar a beleza dos cenários naturais e o talento de seus protagonistas. Falta um tempero maior, mas para uma tarde tediosa, cumpre seu papel, ainda que a possibilidade de ser esquecido na memória em poucos dias seja bastante grande.

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DEZ COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER

Posted by Clenio on 12:02 in
Em primeiro lugar, deixo bem claro que não pretendo morrer velho. Não vou dar um prazo certo da minha permanência neste mundo cruel porque não gosto de ser pressionado a cumprir datas-limite, nem mesmo quando elas são impostas por mim mesmo. Sendo assim, tendo a consciência de que não vou me estender demais nessa encarnação (eu juro!!!!) resolvi fazer uma lista de coisas a fazer antes de morrer. Pode parecer macabro, mas ando numa fase de listas, fazer o que??

1 - Pular de bungee jump ou voar de asa-delta (ou ambos);
2 - Ir a final de um campeonato importante no Beira-rio;
3 - Comer sushi;
4 - Tomar um porre de tequila;
5 - Fazer uma loucura enorme por amor;
6 - Andar naquele ônibus para turistas visitando os pontos turísticos de Porto Alegre;
7 - Assistir a um show da Maria Bethânia;
8 - Transar em um lugar público;
9 - Fazer uma tatuagem, mesmo que ninguém veja (a não ser quem eu escolha para tal...)

10 - Escrever um livro (já plantei uma árvore quando criança e filhos não quero ter).

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AMOR À DISTÂNCIA

Posted by Clenio on 10:52 in
Comédia romântica é um gênero que nunca sai de moda e tem seus fãs inveterados. Desde que haja no mundo pessoas apaixonadas e dispostas a rir das próprias desgraças amorosas, a velha receita que une boas piadas, trilha sonora agradável, gente bonita e de preferência um final feliz continuará dando certo. Um exemplo claro disso é "Amor à distância", novo filme "bonitinho" estrelado por Drew Barrymore, que deixou de lado definitivamente seus dias de rebordosa para seguir o filão de Meg Ryan. Dirigido pela desconhecida Nanette Burstein, "Amor" é uma comédia romântica que segue exatamente, norma por norma, os preceitos do estilo e justamente por isso consegue cumprir o que promete, mesmo que não seja exatamente uma experiência inesquecível. Mas afinal, quem espera isso de um filme assim?

A trama de "Amor à distância" é simples como convém: aos 31 anos, a jornalista Erin (vivida por Barrymore com a simpatia habitual) ainda busca a realização profissional, sempre adiada por sua tendência em dar mais importância a seus relacionamentos do que à carreira. Justamente quando está acabando um estágio em Nova York para voltar a San Francisco, ela conhece e se apaixona por Garret (Justin Long), que trabalha em uma gravadora, paparicando bandas adolescentes enquanto não dá seu pulo do gato vocacional. Quando ela volta para casa, eles resolvem manter o namoro à distância, mesmo conscientes das dificuldades do pacto de fidelidade a que se propõem. Aos poucos, no entanto, eles percebem que a coisa não será assim tão fácil e cor-de-rosa como eles pretendiam.

O humor de "Amor à distância" surge, como é de se esperar, a partir de seus coadjuvantes. Tanto os amigos de Garret (responsáveis pelas piadas mais, digamos assim, "sujas") quanto a família de Erin (em especial a sempre ótima Christina Applegate) são o tempero da história de amor contada pelo filme- ligeiramente inspirado na experiência real de um amigo do roteirista. E talvez seja por ser inspirado em acontecimentos reais (ainda que provavelmente muito disfarçados e exagerados) que "Amor" ganha pontos junto à plateia. Aqueles que nunca experimentaram o tipo de relação mostrado na tela se divertirão com as idas e vindas do casal central e com seus amigos - além de curtirem a bela escolha musical, que apresenta The Cure, Pretenders, etc. Mas são aqueles que já passaram por isso (ou estão passando) que certamente irão vivenciar o filme com mais conhecimento de causa.

Tudo é mostrado diante dos olhos da plateia: as pesquisas incansáveis por passagens mais baratas, os telefonemas saudosos, as conversas diante da tela do computador, os temores (infundados ou não) de infidelidade, as dúvidas em relação ao prosseguimento do namoro, a falta de sexo... Drew Barrymore e Justin Long (namorados na vida real) tem uma química interessante e a relação entre suas personagens é bastante crível.

Dependendo do estado de espírito de cada espectador, "Amor à distância" pode fazer rir ou chorar. Em caso de esquizofrênicos como este que vos escreve, pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

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21 THINGS I WANT IN A LOVER

Posted by Clenio on 13:30 in
Não, eu não exijo que tenha milhares de dólares disponíveis em bancos no exterior nem tampouco que me proporcione viagens anuais à Europa. Não faço questão de escolher detalhes insignificantes no final das contas como "não-fumante", "olhos azuis", "corpo dionisíaco" (características que não fazem da pessoa o que ela é em sua essência). Mas algumas exigências eu posso fazer a respeito do meu próximo grande amor (se é que isso realmente existe). Sonhar não custa nada e diz o nosso "mago" Paulo Coelho que devemos soltar no universo o que desejamos para que ele conspire a nosso favor. Yo no creo en brujas, mas enfim... mal não pode fazer.

Quero que alguém que saiba o que quer, que deseje com vontade e saiba aproveitar as oportunidades que a vida lhe dá para atingir seus objetivos. Que tenha bem resolvido na cabeça e no coração o quer e o que não quer e que não mude de ideia a cada lua cheia.

Quero alguém que goste de sexo, mas que não o use como forma de consertar o que não pode ser consertado nem muito menos como moeda de troca. Que utilize o sexo como forma de diversão, prazer, relaxamento e intimidade - mas que saiba que uma noite bem dormida (de preferência de conchinha) pode ser tão sensacional quanto uma maratona sexual.

Que tenha senso de humor - e de preferência politicamente incorreto. Que entenda as minhas citações de cultura inútil e minhas piadas - principalmente as que ainda não foram externadas.

Que seja inteligente, que leia, que vá ao cinema, que goste de boa música, bons filmes, bons livros.

Que seja atraente, porque afinal de contas não tenho mais idade pra brincar de São Jorge. Mas o meu "atraente" não precisa ser perfeito e sim que desperte em mim uma vontade incontrolável de ficar olhando, olhando, olhando...

Quero alguém independente, que não precise de mim nem de ninguém, mas que ao mesmo tempo se mantenha aberto a uma suave escravidão. Que ganhe o próprio dinheiro, que tenha suas próprias ideias, que saiba de suas paixões.

Alguém que saiba beber, dançar, se divertir e nas horas certas saiba ter a calma e a tranquilidade para ficar em casa, de mãos dadas, assistindo a um bom filme ou simplesmente aproveitando um silêncio é sempre bem-vindo.

Preciso de alguém que goste dos meus amigos, que se divirta com eles tanto quanto comigo (talvez um pouco menos pra não dar ciúmes...)

Não seria nada mal encontrar alguém que soubesse cozinhar e que utilizasse esse dom para reunir pessoas, para agregar... e que tenha paciência para me ensinar a fazer mais do que o trivial (sim, eu gosto de aprender).

Quero alguém que saiba amar. Sim, porque amar é uma arte. Saber a hora de dar amor e a hora de recebê-lo é difícil e requer um equilíbrio emocional invejável. Meu novo amor precisa discernir esses momentos para me conquistar de vez.

Meu novo amor precisa me amar. Basicamente. A mim acima de tudo e todos. Soa egoísta, mas eu mereço.

Meu futuro grande amor precisa ter um enorme romantismo dentro de si. Não apenas o romantismo acadêmico - mandar flores, recitar poesia e afins são grandes demonstrações de carinho mas não bastam. Ser romântico é crer no amor e nas suas possibilidades. É acreditar que se está em um filme de Hollywood em que todo mundo tem final feliz. É ingênuo, mas é fascinante.

Quero alguém que me compreenda, o que talvez seja o mais difícil de tudo, uma vez que nem mesmo eu tenho essa compreensão da totalidade do meu ser. Alguém que saiba entender quando quero ficar sozinho ou quando preciso de barulho de festa para encobrir meus pensamentos.

Preciso de alguém maduro, mas sem a chatice intrínseca ao tipo de maturidade que vem com a idade. Alguém que saiba quando ser uma criança boba e engraçada e quando ser um adulto com responsabilidades.

Quero alguém que sonhe, que tenha ambições, mas que não seja escravo de um futuro imaginário. Que tenha opiniões formadas, mas saiba respeitar aquelas que são contrárias sem soar condescendente ou irônico. Que tenha bom caráter, que seja honesto e confiável.

Preciso de alguém que me faça companhia, nos momentos bons e nos maus. Alguém com quem eu possa dividir minhas alegrias e também minhas dúvidas, meus medos, minhas tristezas. Alguém que queira segurar a minha mão quando eu estiver fazendo uma tatuagem ou uma endoscopia.

Meu novo amor precisa ser ciumento. Ciúme é diferente de posse. Não quero alguém que não tenha o menor ciúme de mim, nem tampouco quero alguém que me considere sua propriedade. Uma briguinha por ciúme aumenta a auto-estima. Uma discussão por possessividade pode desgastar uma relação.

Quero alguém que seja fã do meu trabalho, de mim, do que eu faço, do que eu penso, do que eu crio. Alguém com quem eu possa dividir minhas glórias e meus fracassos (espero que eles nunca aconteçam, mas a vida é cruel...). Alguém que saiba me incentivar, apontar meus erros sem ser arrogante e me elogiar quando for merecido.

Sou exigente, eu sei (talvez por isso tenha tempo para ficar escrevendo coisas assim...) Mas não exijo nada que não possa oferecer também.

E não me surpreenderia se meu coração não ficasse completamente enlouquecido por alguém que não se encaixa nem em metade disso. Amor não tem regra nem receita. Que o diga meus erros constantes...

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CINCO MÚSICAS PARA...

Posted by Clenio on 16:29 in
Atenção: as listas abaixo não são absolutamente imutáveis, uma vez que a vida se encarrega de me fazer mudar de ideia muitas vezes (em certas ocasiões, até mesmo de um minuto para outro). Sendo assim, é apenas uma pequena tentativa de organizar algumas sensações musicais que me acompanham. Um post desnecessário, obviamente, mas divertido de fazer...

CINCO MÚSICAS INDISPENSÁVEIS PARA UMA PISTA DE DANÇA:

1 - GROOVE IS IN THE HEART (Dee-Lite) - O psicodelismo do videoclipe de Miss Kier & cia me ganhou desde a primeira vez em que eu o assisti, e até hoje não consigo ficar parado quando escuto seus primeiros acordes. Um dia eu saberei fazer a coreografia dos caras...

2 - VOGUE (Madonna) - Pista de dança sem Madonna é como aniversário de criança sem brigadeiro e cachorro-quente. De tantas músicas dançantes da Rainha Absoluta do Pop, "Vogue" é a que se mantém atemporal... E ainda cita James Dean, Marlon Brando, Bette Davis... Strike a pose e corra pra pista.

3 - DANCING QUEEN (ABBA) - Tudo bem, é antigo. Ok, é cafona. Mas é irresistível, que o digam as milhares de pessoas que lotaram os cinemas para assistir a "Mamma mia!". Sem falar que é trilha sonora de "O casamento de Muriel"...

4 - FREEDOM '90 (George Michael) - Quem disse que videoclipes não ajudam a transformar canções em ícones de uma época é porque nunca assistiu Cindy Crawford, Naomi Campbell, Christy Turlington e outras dançando, sob a direção de David Fincher (o mesmo de "Vogue", diga-se de passagem) e cantando a clássica música de George Michael, quando ele ainda era mais um artista do que uma figurinha comum das páginas policiais.

5 - BAD ROMANCE (Lady Gaga) - Uma concessão à atualidade...Um som poderoso, uma letra interessante, um videoclipe bem cuidado e uma nova lei da Física -

CINCO MÚSICAS PARA CORTAR OS PULSOS:

1 - EVERYBODY HURTS (REM) - Quem disse que a versão de The Corrs é melhor que a voz melancólica de Michael Stipe na mais bela canção da história merece cadeira elétrica. Lindo é pouco...

2 - ONE (U2) - A triste canção de Bono Vox sobre o fim de um relacionamento é a mais bela das belas obras do grupo irlandês. Versos como "you gave me nothing now it's all I've got..." machucam qualquer coração...

3 - SIMPLE TOGETHER (Alanis Morissette) - Antes de casar-se com um rapper, Alanis Morissette compôs alguns dos versos mais devastadores sobre desilusão amorosa que a música pop já proporcionou ao mundo. De todas as suas sensacionais letras, escolho esta porque é difícil não me identificar...

4 - (EXIT MUSIC) FOR A FILM (Radiohead) - Quem assistiu à versão fim-de-século de "Romeu + Julieta", dirigida pelo australiano Baz Luhrmann sabe do que eu falo. Melancolia do mais alto gabarito na voz extraordinária de Thom Yorke.

5 - MY SWEET PRINCE (Placebo) - Sem comentários.

CINCO MÚSICAS ÓTIMAS PARA TRANSAR:

1 - WHY DOES MY HEART FEEL SO BAD (Moby) - Quase sem vocais, a mais famosa música de Moby serve perfeitamente para acompanhar lúbricas danças horizontais.

2 - JUSTIFY MY LOVE (Madonna) - Sim, é lugar-comum ligar Madonna a sexo, mas fazer o que se os gemidos da mãe de Lola excitam qualquer um?

3 - CRUSH # 1 (Garbage) - Uma batida moderna, gemidos, a voz rouca da vocalista e seja o que o diabo quiser...

4 - STELLA'S THEME (Patrick Doyle) - Uma das faixas da belíssima trilha sonora de "Grande esperanças" (a versão sexy com Gwyneth Paltrow) tem o ritmo certo para levar qualquer um ao paraíso.

5 - GLORY BOX (Portishead) - Quem gosta de uma transa mais romântica do que animal não tem como não gostar do acompanhamento da bela melodia do grupo...

CINCO MÚSICAS PARA TESTAR A ACÚSTICA DO BANHEIRO E AFUGENTAR OS VIZINHOS:

1 - EVIDÊNCIAS (Chitãozinho & Xororó) - Clássico absoluto dos videokês da vida, tem uma letra fácil e grudenta. Perfeito para o objetivo.

2 - ALMA GÊMEA (Fábio Jr.) - Mais um clássico de videokês, é a canção do pai da Cleo Pires que tem o refrão mais fácil e bizarro ("as metades da laranja????")

3 - ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE (Lulu Santos) - Lulu é talvez o compositor pop brasileiro mais querido por todos que gostam de cantar no chuveiro.... "Não imagine que te quero mal, apenas não te quero maaaaaaaais" é grito de guerra!

4 - JÁ SEI NAMORAR (Tribalistas) - Antes de sair pra caçar, é bom fazer pensamento positivo no banho, entoando o mantra de Brown, Antunes e Marisa - "eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também..."

5 - O MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ (Sidney Magal) - Já que é pra zoar, mesmo, por que não testar de verdade a acústica com o hino maior do amante de Sandra Rosa Madalena? Divertido pelo menos é...

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DUAS CONSIDERAÇÕES SOBRE POLÍTICA

Posted by Clenio on 10:12 in
Duas coisas ligadas à política me fizeram pensar durante essa semana - sim, ando com a cabeça voltada para o tema, mas nessa época, quem não está?
A primeira é relacionada à candidatura de Tiririca à Deputado Federal, sob o slogan "Tiririca, pior que está não fica!". Tudo bem que nossos políticos não são nenhum exemplo de seriedade ou orgulho, mas daí a uma criatura como Tiririca concorrer a um cargo dessa envergadura - e não me surpreenderei se for eleito - apenas explicita o triste estado das coisas em que nosso país se encontra. Tudo bem que vivemos em uma democracia, e que todos os cidadãos são iguais perante a lei (tá bom, acredito!!!!!), mas frente a essa patética situação só me resta concordar com Charles DeGaulle e afimar que realmente o Brasil não é um país sério. Acreditem quando digo que pode ficar pior sim, quando todos nós abandonarmos de vez a esperança de um país melhor e acharmos engraçado que um palhaço - literalmente - tenha sérias ambições de ter um cargo que, conforme ele mesmo diz em seu horário gratuito, nem ele mesmo sabe quais são as atribuições.

O segundo fato que me deixou boquiaberto também tem a ver com palhaçada, mas no bom sentido. Felizmente a proibição de se fazer humor às custas dos candidatos à eleição deste ano caiu - havia o medo generalizado que a sombra da censura que tanto apavorou nosso país nos anos da ditadura militar estivesse voltando. Humor (desde que com inteligência, o que convenhamos nem sempre acontece, sendo questão de bom gosto, apenas) é essencial para que possamos desopilar e até mesmo afirmar nosso desgosto em relação a tanta coisa errada que testemunhamos diariamente e ficarmos privados disso é inaceitável e inimaginável.

Acontece que uma leitora do jornal Zero Hora achou por bem escrever uma carta para a coluna dos leitores louvando a censura em relação aos humoristas, afirmando que eles são desrespeitosos em relação a pessoas que querem apenas o bem do Brasil... Cita planos econômicos e promessas feitas em campanhas como prova da boa vontade e da boa fé dessas "pessoas íntegras, honestas e bem intencionadas..." Eu não sei em que país essa senhora vive, nem se ela tem noção de como funcionava a censura nos anos 60 e 70, mas acredito que ela precisa urgentemente de uma aula de história e cidadania, porque elogiar uma postura fascista é no mínimo suspeito.

Esperei até o final da dita carta que ela desse sinal de estar sendo irônica, mas isso não aconteceu, o que me deixa aparvalhado e absolutamente chocado. Torço para que eu esteja enganado e que tenha entendido errado o que ela escreveu, porque só de pensar que alguém possa xcompactuar com tamanha ignorância me apavora...

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