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SORRY, MYRIAN RIOS... WE WERE BORN THIS WAY

Posted by Clenio on 20:04 in
São tantos absurdos, tanta ignorância, tanto preconceito e tanta falta de informação reunidos no mesmo discurso que fica difícil escolher por onde começar, mas o fato é que a retórica absolutamente inaceitável da ex-atriz e deputada estadual Myrian Rios (PDT-RJ) contra a PEC 23 - que acrescenta a orientação sexual às formas de discriminação puníveis no estado do Rio de Janeiro - não pode passar em brancas nuvens ou se perder em meio a piadas ou agressões rasas a seu passado. Não me cabe julgar as capas de revistas masculinas que ela estampou, tampouco a natureza de seus sentimentos por seus ex-maridos ou por quem quer que tenha passado por sua cama. Não posso exigir respeito sem oferecer o meu. Cada um cuida do que é seu, da sua vida, do seu passado e ponto final. Mas ficar calado diante de tanto desrespeito me parece no mínimo falta de caráter, o que, ao contrário do que parece julgar a nobre parlamentar, não é algo que se define a partir do sexo da pessoa com quem se transa.

Em primeiro lugar é preciso que eu deixe bem claro que eu não sou favorável a nenhum tipo de paternalismo. Não sou a favor de cotas, nem de regalias relacionadas ao que se convencionou chamar de minorias. Não quero ser discriminado na busca por um emprego devido ao que faço na minha vida particular, nem tampouco exijo tratamento diferenciado por isso. O que vale é a minha competência ou não, e tenho certeza que muitos acham o mesmo. Os gays não querem ser tratados de maneira diferente, muito pelo contrário, querem ser tratados como pessoas normais - o que eles são, apesar do preconceito ululante de pessoas do tipo de Myrian Rios e Jair Bolsonaro. Os gays pagam impostos, trabalham, respeitam as leis como todo mundo. E querem que essas leis sejam as mesmas para todos, indepente de quem desperta o seu desejo. Queremos respeito, queremos justiça. Racismo é crime (e isso é indiscutivelmente justo). Homofobia também deve ser, assim como heterofobia, se um dia um heterossexual for agredido covardemente por homossexuais, verbal ou fisicamente (existe algum caso assim na história? Isso não reitera a velha teoria de que homofóbicos querem destruir o que não tem coragem de ser???)

Sou contra qualquer tipo de vulgaridade, seja hetero ou homo, assim como sou contra exageros e estereótipos que, infelizmente muitos gays ainda fomentam com seu comportamento. Mas também sou contra heteros que gritam no meio da rua exaltando sua masculinidade de forma patética. No entanto, eu respeito, porque a tolerância é algo imprescindível em uma sociedade que se pretende sadia. Se todo mundo resolvesse agredir as pessoas cujo comportamento lhe são desagradáveis o mundo voltaria aos paus e às pedras... E culpar a mídia pela distorção dos valores familiares é uma conversa tão velha que cheira a mofo. Então havia a Globo no Império Romano? Michelangelo assistia a "Insensato coração" - cuja forma de abordar o assunto da violência homofóbica merece elogios - enquanto pintava a Capela Sistina? Oscar Wilde dava uma pausa em seu "O retrato de Dorian Gray" para assistir a "Glee"? Não, queridos, os gays sempre existiram, não é preciso culpar o entretenimento. Ao contrário do que se diz, a TV reflete a sociedade, e não vice-versa.

Chega-se, então, à questão da relação feita pela nobre deputada entre homossexualidade e pedofilia. É inaceitável que palavras tão disparatadas e ignóbeis sejam levadas a sério por qualquer um, por mais cegos a uma fé recheada de culpa que sejam os admiradores dessa nova fase "palmatória do mundo" da ex-senhora Roberto Carlos. Mostrando-se tão obtusa e mal-informada quanto qualquer um que utiliza a Bíblia como desculpa para suas atrocidades - interpretando-a da forma mais conveniente - ela declarou em alto e bom som (sem dar espaço a quaisquer dúvidas sobre confusão) que não contrataria gays ou lésbicas como empregados por medo que eles abusem de seus filhos, ignorando completamente as estatísticas que mostram que tais agressões normalmente vem de familiares ou amigos aparentemente "normais". E nem vou acrescentar às estatísticas os escândalos que conectam de forma inegável o abuso sexual infantil com padres da igreja católica. Não quero dizer que todos os padres são pedófilos ou gays, longe de mim generalizar e cmpactuar com o sectarismo da admirável deputada. Mas é bom que se olhe com mais cuidado à volta antes de falar besteira. A emenda constitucional que causou todo esse celeuma não quer proteger ninguém que não deva ser protegido ou respeitado - quem trabalha mal ou comete crimes tem que lidar com as consequências, independente de raça, religião ou orientação sexual. A emenda quer, e isso sim merece ser aplaudido, evitar que gente preconceituosa e intolerante seja capaz de tolhir os direitos inerentes a qualquer cidadão honesto. E para sua informação, dona Myrian Rios, provavelmente aqueles gays que você tem medo de empregar nem queiram trabalhar sob um teto tão hipócrita.

Para finalizar, apenas digo que homossexualidade não é opção. Mas, entre ser um gay bem-resolvido, digno - e com muito mais caráter do que muito heterossexual que posa de marido exemplar enquanto dá suas escapulidas com michês - ou uma religiosa tão ignorante e cheia de falsa moral, mil vezes ser "anormal". E entre citar Jesus Cristo de maneira distorcida ou cantar Lady Gaga em "antros de perdição"... sinto muito, baby.... I WAS BORN THIS WAY!

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SO PURE

Posted by Clenio on 17:55 in ,
Ao som de "Pedaço de mim", de Chico Buarque

Era uma vez um rapaz que acreditava no amor. Apesar de todas as provas contrárias, ele achava que nada no mundo era mais potente e invencível do que o amor puro entre duas pessoas. Talvez ele fosse ingênuo, talvez ele tivesse sido exposto em demasia a canções românticas, livros poéticos, filmes exageradamente sonhadores. Talvez ele tivesse medo de acreditar que o mundo, na verdade, era um moinho que reduzia as ilusões a pó, conforme dizia a canção de Cartola. Talvez ele fosse um bobo, mas ele acreditava no amor com uma força que chegava a ser comovente.

Um dia esse rapaz se apaixonou perdidamente. Finalmente tinha a chance de sentir todos os sintomas sobre os quais havia tanto lido e ouvido falar. Vivia nas nuvens, sorriso estampado no rosto, músicas bregas nos ouvidos. Compreendeu os sonetos de Camões, amou como um Romeu... Mas o amor não foi recíproco. Sentiu então a dor excruciante da rejeição, do desamor, do abandono. Entendeu todas as dores de amor, sofreu como um Werther. Pensou em morrer, sonhou em jamais acordar. Mas a vida é real e de viés, segundo Caetano... E ele sobreviveu.

Amar de novo? Do mesmo jeito? Com a mesma intensidade? Isso não existe. Uma outra dor da mesma intensidade não lhe deixaria vivo. Seguiu a vida, com a lembrança dolorosa e indelével daquela história triste e frustrante. Tentou se apaixonar, tentou amar, tentou ser normal. Não conseguiu. O tempo passou. Ele se curou. Mas não pensava em amar de novo. Isso só acontece uma vez na vida, dizem por aí. A sua oportunidade tinha aparecido, ele a tinha aproveitado, mas ela acabou quase antes de começar.

E então ele amou de novo. Um amor dessa vez, ao que parecia, plenamente correspondido. Almas sofridas, almas carentes, almas apaixonadas. Distantes, mas estranhamente próximas. Intensas, mas apavorantemente vulneráveis. O amor em toda a sua força estava se manifestando. O sol tornou a lhe aquecer os membros e a solidão parecia-lhe que enfim estava com os dias contados. O amor, ah, o amor. Finalmente estava ali, lhe acenando com a possibilidade de uma felicidade infinda. Mas a certas pessoas ser feliz não é permitido. E o amor novamente acabou. Ou não existiu. Ou era frágil demais.

Hoje, o rapaz que outrora acreditava no amor recolheu-se em sua caverna escura e fria. Hoje, o rapaz que pensava que o amor era forte e impávido descobriu que ele é, na verdade, uma lenda. Ao menos para ele amor significa dor. E ele não quer mais sentir a fisgada que, lhe arrancando a alma, quase lhe tirou a vida.

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YOU OWE ME NOTHING IN RETURN

Posted by Clenio on 11:00 in ,
Eu te dou meu amor, meus pensamentos diários, minha dedicação em tentar entender os caminhos tortuosos de seu coração e tudo que eu puder para te dar toda a paz do mundo. Te dou meu esforço em tentar te fazer feliz, mesmo que isso violente todas as minhas possibilidades de um sono tranquilo. Te dou minhas forças, meus sonhos, minha energia. E te peço tão pouco em troca...

Eu penso em você do minuto em que acordo ao último segundo desperto. Eu lembro de você em cada música do Placebo, em cada frase do Marquês de Sade, em cada sotaque mineiro que ouço, em cada palavra, por menor que seja, que faça meu coração viajar em sua direção. Eu sonho em ter teu corpo, tua alma, teu sorriso. E o que eu preciso de volta é tão mínimo....

Eu confundo meus sentimentos, meus pensamentos, minhas esperanças com as tuas. Eu sonho em voar acima de tudo e de todos de mãos dadas com você, confirmando a certeza de que somos muito mais do que simples seres solitários unidos pelo desespero e pelo tédio. Eu arranco sangue de dentro de mim, tentando com ele te chamar a atenção, te fazer perceber que eu te amo mais do que o sensato, que o recomendável, que o saudável. E peço o que de volta?

Peço que você me entenda, que respeite meus sentimentos, que saiba que ninguém nesse mundo vai te amar como eu. Peço que compreenda que nada nesse mundo vai me fazer desistir de você, de te provar o meu amor incondicional e profundo. Peço que não crave sua agonia disfarçada de insensibilidade em minha alma vulnerável a qualquer ato que venha de você. Eu te amo e só o que peço é que entenda isso, já que pedir mais de você é buscar no vazio um sonho irrealizável.

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MEIA-NOITE EM PARIS

Posted by Clenio on 22:32 in
Woody Allen é um cineasta capaz de devolver à plateia a fé no bom cinema. "Meia-noite em Paris", seu novo longa-metragem, é uma pequena obra-prima de delicadeza, romantismo, bom-humor e cultura. Logicamente, não é um filme para o público cuja ideia de comédia é "Se beber não case 2", mas sim um presente carinhoso a seus fieis espectadores. Ecoando a fantasia de "A rosa púrpura do Cairo" - em que a personagem de Mia Farrow se apaixonava pelo protagonista de um filme, que abandonava a tela para conquistá-la - e a beleza singela de "Manhattan" - que, como o título sugere, é uma homenagem à Nova York - "Meia-noite em Paris" convida a audiência a uma deliciosa viagem a um tempo em que a Cidade-Luz ainda era uma festa, frequentada por gente da estirpe de Ernest Hemingway e Salvador Dalí.

Owen Wilson (surpreendentemente bem e deixando para trás os irritantes trejeitos que lhe deram fama) vive Gil Pender, um roteirista de Hollywood que sonha em ser reconhecido como escritor sério. Em viagem por Paris com sua noiva, a bela Inez (Rachel McAdams imitando Scarlett Johansson), ele sente-se enciumado por sua relação com um antigo professor, Paul (Michael Sheen) e, um pouco bêbado e muito perdido nas ruas da cidade em uma madrugada, acaba indo parar em uma festa um tanto estranha, onde dá de cara com o escritor F. Scott Fitzgerald (Tom Hiddleston) e sua esposa Zelda (Alison Pill), além de testemunhar o próprio Cole Porter (Yves Heck) tocando para os convidados. Percebendo que está convivendo com artíficies dos anos 20, como Hemingway (Corey Stoll, ótimo) e Gertrude Stein (Kathy Bates) - a quem pede opiniões sobre seu novo romance - Gil passa a, todas as noites, sair para a farra com seus novos amigos, que incluem o pintor Salvador Dalí (Adrien Brody) e o cineasta Luis Buñuel (Adrien de Van) - a quem dá a ideia de seu filme "O anjo exterminador". Tudo fica complicado quando ele se apaixona pela bela Adriana (Marion Cottilard), musa de artistas como Pablo Picasso e Modigliani e fica tentado a abandonar sua geração para permanecer na segunda década do século XX.

As piadas de "Meia-noite em Paris" são sofisticadas e eruditas, mas jamais soam pedantes ou herméticas. É claro que é preciso uma certa cultura para melhor usufruir de todos os detalhes e homenagens que Allen larga pelo caminho, mas mesmo quem nunca ouviu falar de Toulouse-Lautrec e T.S. Eliot pode se deixar contaminar pelo romantismo derramado que a bela fotografia de Darius Khondji inspira e pela questão que o roteiro levanta: afinal de contas, a época em que sonhamos viver é realmente melhor do que a em que realmente vivemos ou tudo não passa de uma fantasia regada por nossas referências culturais?

Qualquer que seja a resposta, isso é o que menos importa. O que realmente vale dizer é que "Meia-noite em Paris" é Woody Allen em sua melhor forma.

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4 FILMES EM DVD

Posted by Clenio on 18:33 in

DESCONHECIDO - Liam Neeson até que se sai bastante bem neste thriller cujos 40 minutos iniciais não envergonhariam o mestre Alfred Hitchcock. Ele interpreta Martin Harris, um médico que, acompanhado da esposa (January Jones), chega à Berlim, aparentemente para uma conferência. Depois de perder uma valise com informações importantes, ele sofre um grave acidente de táxi e, ao acordar do coma, descobre que um outro homem assumiu sua identidade (o sumido Aidan Quinn) e que nem mesmo sua mulher o reconhece mais. Contando com a ajuda da taxista que estava dirigindo o carro no momento do seu acidente, uma imigrante ilegal (Diane Kruger), ele tenta juntar as peças de um quebra-cabeças que envolve até mesmo seu superior (em mais uma atuação sinistra de Frank Langella). Eficientíssimo em sua primeira metade, que intriga o espectador, o filme de Jaume Collet-Serra, baseado no livro "Out of my head", de Didier Van Cauwelaert (inédito no Brasil), cai um pouco em seu terço final, quando a trama começa a ser deslindada e pouca coisa faz real sentido. Ainda assim, vale uma espiada, ainda que tenha cara de Supercine.


72 HORAS - Russell Crowe é um bom ator e é ele quem carrega o filme de Paul Haggis (de "Crash") nas costas. Inspirado em um filme francês, o roteiro de Haggis é propositalmente elíptico, deixando a plateia em uma eterna dúvida sobre os reais acontecimentos que fizeram com que John Brennan (vivido por Crowe) passasse a dedicar seus dias a elaborar um plano para tirar sua esposa (a apenas correta Elizabeth Banks) da cadeia. Acusada de homicídio e condenada a vinte anos de prisão, ela nem tem ideia de todo o plano complicado do marido para salvá-la. O problema maior do filme é que ele demora demais em chegar ao que realmente interessa: a transformação do plano em ação ocorre apenas nos vinte minutos finais, quando o espectador já está cansado de esperar um pouco de movimento... É interessante, mas é outro produto fadado às sessões noturnas da televisão aberta.
ONDE O AMOR ESTÁ - Gwyneth Paltrow solta a voz novamente. Dessa vez ela interpreta Kelly Canter, uma cantora de música country adorada pelo público e que tenta um retorno triunfal depois de ter passado meses em uma clínica de reabilitação, onde foi parar após um escândalo no Texas (e um consequente aborto). Alcóolatra, ela tem o apoio do marido e empresário James (Tim McGraw) e do jovem aspirante a cantor Beau Hutton (Garret Hedlund), com quem tem um envolvimento amoroso. O que ela não sabe é que Beau, ainda que goste muito dela, também tem um caso com a jovem cantora Chiles Stanton (Leighton Meester), que idolatra Kelly. O quarteto amoroso é tratado de forma um tanto superficial pela diretora Shana Feste (de "Em busca de uma nova chance"), mas Paltrow faz o que pode com sua personagem deprê e insegura. Os números musicais são agradáveis até mesmo para quem não curte o gênero - uma das canções foi indicada ao Oscar - e o filme transcorre sem ofender ninguém. Não é ruim, mas tampouco é ótimo.

CONTATOS DE 4º GRAU - Os produtores tiveram a má-fé de lançar este filme do desconhecido Olatunde Osunsanmi como se tivesse sido inspirado em fatos reais, chegando a ponto de abrí-lo com uma declaração da atriz Milla Jovovich reiterando a hipótese. Depois de saber que é tudo papo-furado fica menos impressionante assistir à história da psicóloga Abbigail Tyler (interpratada por Jovovich), cujos pacientes passam a sofrer com eventos inexplicáveis após ter sido abduzidos por suspostos alienígenas. A ideia é boa: mixar cenas fictícias com ditas "cenas reais", mas quando se sabe que é tudo lorota, os sustos são menores. Mesmo assim, tem tudo para agradar aos fãs do gênero e até mesmo conquistar aqueles que não se interessam pelo assunto. Palmas para a criatividade do povo!

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AGENTES DO DESTINO

Posted by Clenio on 11:45 in
Um dos elogios que se pode fazer ao ator Matt Damon é que ele está conduzindo sua carreira de forma bastante interessante desde que estourou em "Gênio indomável", em 1998. Dividindo-se entre produções mais sérias como "Invictus" e "Além da vida", ambos dirigidos por Clint Eastwood e filmes bem mais comerciais (como a trilogia Bourne e o fracassado "A zona verde", que não encontrou seu público apesar de ser bem melhor do que muitos similares), o amigo de Ben Affleck tem se saído muito bem em ambas as frentes. Seu mais recente projeto apenas confirma a boa fase. Baseado em um conto de Philip K. Dick (o cérebro por trás de "Blade Runner" e "Minority Report"), o filme "Agentes do destino" é uma ficção científica inteligente que não abusa dos efeitos visuais para contar uma história que conquista o espectador desde o início e o mantém atento até seus momentos finais.

Damon interpreta David Norris, um jovem candidato ao senado americano que, logo depois de perder as eleições devido a um escândalo bobo, conhece a bela Elise Sellas (Emily Blunt, linda e talentosa como sempre). Os dois se apaixonam à primeira vista, mas são afastados por misteriosos homens vestidos de terno, gravata e chapéu que se intitulam "agentes" e, segundo eles mesmos, são responsáveis por fazer com que os cidadãos sigam as rotas traçadas desde seu nascimento. Algum tempo depois, David e Elise voltam a se encontrar (quando ele está novamente em vias de ser eleito) e o rapaz resolve desafiar as regras impostas, conquistando assim a admiração de Harry (Anthony Mackie), um dos seus perseguidores. Porém, para proteger a felicidade da mulher que ama - que sonha em tornar-se bailarina - David abre mão de seu romance. Algum tempo depois, no entanto, ao descobrir que ela está de casamento marcado com outro homem, ele conta com a ajuda de Harry para reconquistá-la.

Primeiro filme de George Nolfi (um dos roteiristas do excelente "O ultimato Bourne"), "Agentes do destino" está recheado de boas ideias, desde a trama central até algumas características dos agentes (os chapéus lhe dão poderes, a água dilui os mesmos) e proporciona ao público algumas cenas de ação discretas mas eficientes. O romance entre Damon e Blunt convence apesar da rapidez com que o roteiro o apresenta (aliás, é uma pena que o filme acabe tão rapidamente em uma época em que qualquer produção ultrapassa facilmente os 120 minutos) e a ideia de que toda a nossa vida está escrita desde o nascimento não deixa de suscitar discussões filosófico-existenciais muito empolgantes (ainda que isso não seja aprofundado no roteiro).

No final das contas "Agentes do destino" cumpre até mais do que promete, sendo um entretenimento de qualidade e um antídoto frente a burrices e idiotices como "Velozes e furiosos 5". Merecia melhor sorte nas bilheterias.

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DIA DOS NAMORADOS... COMO SER FELIZ?

Posted by Clenio on 23:46 in
Ao som de "Falling slowly", de Glenn Hansard e Marketa Irglova

Há exatamente um ano meu coração se encheu de esperanças. Há exatamente 365 dias eu li a declaração do que eu acreditei ser o começo do resto da minha vida. Há doze meses eu voltei a acreditar que, sim, eu tinha jeito, que minha solidão intermitente estava em vias de acabar, que eu era capaz de ser amado por quem eu sou, azedo, amargo, sarcástico e intenso como sou. Mas era mais uma vez uma ilusão dolorosa.

Em junho de 2010 eu passei a me achar mais bonito, mais inteligente, mais tudo do que qualquer pessoa. Porque eu era amado. Porque, mesmo à distância eu tinha encontrado a pessoa que me faria feliz - e que me permitiria fazê-la tão feliz quanto. Porque essa pessoa tinha enxergado dentro de mim, dentro da minha alma, dentro do meu coração e se identificado. Porque dentre todas as pessoas do mundo EU tinha sido escolhido. EU tinha despertado uma paixão, um amor, um desejo. EU, sem fazer esforço, tinha conquistado alguém que era lindo, sensível, inteligente e que sabia que o mundo é um lugar que não comporta gente como nós. Mas novamente eu percebi que meus voos nunca alcançarão maiores alturas.

Hoje eu sinto um vazio incomensurável porque percebi que tudo não passava de uma projeção. Eu queria ser amado, eu queria viver aquela história de amor complicada mas forte, difícil mas inquebrantável. Mas hoje eu sei que o amor veio só do meu lado. Hoje eu sei que lá, bem longe dos olhos (mas infelizmente nunca longe demais do coração) existe alguém que eu amo mais do que tudo no mundo. Alguém de sotaque quente cujo amor não foi grande o bastante pra me salvar da desilusão, da tristeza e da certeza de que não valho a pena. Como ser feliz no Dia dos Namorados sem ter quem eu amo ao meu lado???

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A MAN

Posted by Clenio on 11:40 in ,
Eu sou homem não apenas porque consta "sexo masculino" na minha certidão de nascimento. Sou homem não porque tenho um pênis entre as pernas. Não sou homem somente porque tenho pelos no peito e nas pernas, tenho que fazer a barba e posso mijar em pé e andar sem camisa nas ruas. Acima de tudo eu sou um Homem com H maiúsculo porque não tenho medo de assumir meus defeitos, minhas falhas e meus desejos. Ser homem é mais do que torcer desesperadamente por um time de futebol ou preferir tomar um chope gelado em mesa de boteco do que beber vinho tinto em frente à lareira. Ser homem prescinde antes de mais nada da coragem de lutar pelo que quer, pelo que ama, pelo que anseia. Ser homem não tem nada a ver com não chorar (aliás, é até bom chorar, para deixar claro que dogmas preconceituosos devem ser extirpados da face da Terra). Ser homem não tem nada a ver com manter-se distante, nada a ver com esconder sentimentos. Ser homem é se deixar levar por aquela velha magia chamada amor sem sentir vergonha de estar apaixonado.

Por isso tudo eu posso dizer que sim, sou um homem. Tenho milhões de defeitos e os assumo senão com orgulho pelo menos com a humildade de quem se sabe falível. Posso não saber trocar pneu de carro, não sou dado a puxar brigas nem sou expert em computação ou outras dessas coisas chamadas masculinas, mas quando necessário eu não abro mão de ter mais coragem do que qualquer integrante do exército espartano, em especial se for para declarar meus sentimentos. E é justamente desse tipo de homens como eu (que gritam aos quatro ventos seu amor mesmo que isso sirva apenas para incitar sofrimento e dor) que sinto falta nesse mundo tão repleto de gente fria e covarde. São homens assim, que tem medo de ser feliz, tem medo de ser rejeitado, tem medo de amar, que fazem com que cada vez mais tudo seja tão cinzento, tão negativo, tão triste. Eu amo, sim. Desesperadamente, sofregamente, apaixonadamente, quase sem esperanças.... mas amo... mal consigo viver sem ter o amor de quem eu quero, mas amo. Ele me merece? Provavelmente não, faz parte do time dos que morrem de medo (de que é uma coisa que não consigo entender...). Provavelmente não, porque usa e abusa do meu amor e da minha paciência. Mas sou muito homem pra assumir que, sim, eu estou sofrendo (e sofro em pé, estoicamente). Se isso é coisa de mulherzinha, foda-se (e dizer foda-se é coisa de macho!) Sou homem suficiente para aguentar o deboche...

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X-MEN, PRIMEIRA CLASSE

Posted by Clenio on 18:06 in

Não é preciso ser fã de HQ para se divertir assistindo a "X-Men, Primeira Classe", que traz de volta aos cinemas a trupe de mutantes da Marvel que devolveu qualidade e bilheteria às adaptações  de comic books à sétima arte. Desde que Bryan Singer lançou o primeiro "X-Men", em 2000, personagens como Homem-aranha, Homem-de-ferro e afins lotaram salas de cinema e redimiram transposições equivocadas anteriores. Mas, repetindo, o melhor, em se tratando de X-Men, é que nem é necessário gostar do estilo para curtir as duas horas do filme de Matthew Vaughn. Basta pegar refrigerante e pipoca e se deixar ser levado por uma trama que, a despeito de versar sobre heróis mutantes, fala também, sutilmente (ou nem tanto, às vezes), sobre a tolerância às diferenças.

Para quem não sabe, esse novo filme não é uma continuação da primeira trilogia - cujo segundo capítulo é tudo aquilo que se pode esperar de um filme de ação e um pouco mais: seguindo uma tendência cada vez maior, o que se mostra aqui é a gênese de toda a história contada antes, ou seja, não se pode esperar Ciclope, ou Jean Gray, ou Tempestade, ou Wolverine (ops, será que não??). A trama dessa nova investida da Marvel nas telas apresenta o início da relação de amizade/admiração/rivalidade entre duas das personagens mais interessantes do universo dos quadrinhos: Charles Xavier e Erik Lehnsherr, também conhecido como Magneto.

Vividos pelo inglês James McAvoy e pelo alemão Michael Fassbender, Xavier e Erik são a base de um roteiro que é valorizado pela seriedade (ainda que nunca deixe de lado o senso de humor). A inteligência da audiência jamais é desrespeitada, principalmente pela coragem dos produtores em situar toda a trama na famigerada crise dos mísseis de Cuba, momento crucial do governo Kennedy. É nesse momento, essencial para a história mundial, que a raça dos mutantes tem sua primeira cisão: de um lado, aqueles que acreditam em uma política de tolerância, liderados por Xavier. De outro, o grupo que vislumbra na guerra absoluta a solução para os problemas de discriminação e preconceito. Tem como não gostar de um filme que trata de assuntos tão sérios de forma tão comercial e popular?

"X-Men, Primeira Classe" começa em um campo de concentração polonês em 1944 (assim como o primeiro filme), quando Erik começa a perceber seus poderes de manipular metais. No mesmo ano, o jovem Charles Xavier também tem ciência de seus grandes poderes e assume a jovem Raven (também uma mutante) como sua irmã de criação. Em 1962, os caminhos dos dois jovens irão se cruzar na busca de Erik pela vingança contra Sebastian Shaw (Kevin Bacon), que matou sua mãe e na tentativa da CIA (na figura de Moira MacTaggert, vivida pela australiana Rose Byrne) em impedir a III Guerra Mundial, que está prestes a acontecer devido ao embargo americano ao país de Fidel Castro. Juntos, Xavier e Erik iniciam o recrutamento de jovens mutantes.

Resumir um filme de "X-Men" não é tarefa das mais fáceis, uma vez que sempre acontece tanta coisa - e de forma tão orgânica e natural - que é mais fácil realmente apertar o botão de relaxar e curtir cada cena, cada momento, cada diálogo. Sim, em toda a série - talvez com a possível exceção do fraco "Wolverine" - há o cuidado com a relação entre as personagens e a maneira com que os acontecimentos se conectam. E aqui, o público é brindado com duas aparições-relâmpago muito divertidas e com algumas cenas que explicam muito do que está por vir (ou já veio, depende de como se vê as coisas). E é por isso que a escolha do elenco, mais uma vez, mostrou-se extremamente acertada. James McAvoy é um dos melhores jovens atores do momento, e Jennifer Lawrence (indicada ao Oscar deste ano por "Inverno da alma") se sai muito bem como a adolescente Mística. Nicholas Hoult (o ator de "Um grande garoto" irreconhecível) e Kevin Bacon também não deixam a peteca cair (Bacon, aliás, parece se divertir muito no papel de vilão). Mas é inegável que o maior destaque é Michael Fassbender. Na ausência de Wolverine, é ele quem tem as melhores cenas, é por ele que o público torce mais fervorosamente e é ele que é o responsável por empolgar a audiência (até mesmo na esperada sequência que explica o motivo de Xavier estar preso em uma cadeira de rodas nas continuações). E honra o papel, vivido majestosamente por Ian McKellen nas primeiras partes.

Em suma, "X-Men, Primeira Classe" não decepciona os fãs dos primeiros filmes - ao menos àqueles que nunca leram uma linha sequer dos quadrinhos - e nem de longe é tão decepcionante quanto "Wolverine". É um exemplo a ser seguido por quem preza unir qualidade e sucesso financeiro. Vida longa aos mutantes!

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