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SO PURE
Ao som de "Pedaço de mim", de Chico Buarque
Era uma vez um rapaz que acreditava no amor. Apesar de todas as provas contrárias, ele achava que nada no mundo era mais potente e invencível do que o amor puro entre duas pessoas. Talvez ele fosse ingênuo, talvez ele tivesse sido exposto em demasia a canções românticas, livros poéticos, filmes exageradamente sonhadores. Talvez ele tivesse medo de acreditar que o mundo, na verdade, era um moinho que reduzia as ilusões a pó, conforme dizia a canção de Cartola. Talvez ele fosse um bobo, mas ele acreditava no amor com uma força que chegava a ser comovente.
Um dia esse rapaz se apaixonou perdidamente. Finalmente tinha a chance de sentir todos os sintomas sobre os quais havia tanto lido e ouvido falar. Vivia nas nuvens, sorriso estampado no rosto, músicas bregas nos ouvidos. Compreendeu os sonetos de Camões, amou como um Romeu... Mas o amor não foi recíproco. Sentiu então a dor excruciante da rejeição, do desamor, do abandono. Entendeu todas as dores de amor, sofreu como um Werther. Pensou em morrer, sonhou em jamais acordar. Mas a vida é real e de viés, segundo Caetano... E ele sobreviveu.
Amar de novo? Do mesmo jeito? Com a mesma intensidade? Isso não existe. Uma outra dor da mesma intensidade não lhe deixaria vivo. Seguiu a vida, com a lembrança dolorosa e indelével daquela história triste e frustrante. Tentou se apaixonar, tentou amar, tentou ser normal. Não conseguiu. O tempo passou. Ele se curou. Mas não pensava em amar de novo. Isso só acontece uma vez na vida, dizem por aí. A sua oportunidade tinha aparecido, ele a tinha aproveitado, mas ela acabou quase antes de começar.
E então ele amou de novo. Um amor dessa vez, ao que parecia, plenamente correspondido. Almas sofridas, almas carentes, almas apaixonadas. Distantes, mas estranhamente próximas. Intensas, mas apavorantemente vulneráveis. O amor em toda a sua força estava se manifestando. O sol tornou a lhe aquecer os membros e a solidão parecia-lhe que enfim estava com os dias contados. O amor, ah, o amor. Finalmente estava ali, lhe acenando com a possibilidade de uma felicidade infinda. Mas a certas pessoas ser feliz não é permitido. E o amor novamente acabou. Ou não existiu. Ou era frágil demais.
Hoje, o rapaz que outrora acreditava no amor recolheu-se em sua caverna escura e fria. Hoje, o rapaz que pensava que o amor era forte e impávido descobriu que ele é, na verdade, uma lenda. Ao menos para ele amor significa dor. E ele não quer mais sentir a fisgada que, lhe arrancando a alma, quase lhe tirou a vida.
Era uma vez um rapaz que acreditava no amor. Apesar de todas as provas contrárias, ele achava que nada no mundo era mais potente e invencível do que o amor puro entre duas pessoas. Talvez ele fosse ingênuo, talvez ele tivesse sido exposto em demasia a canções românticas, livros poéticos, filmes exageradamente sonhadores. Talvez ele tivesse medo de acreditar que o mundo, na verdade, era um moinho que reduzia as ilusões a pó, conforme dizia a canção de Cartola. Talvez ele fosse um bobo, mas ele acreditava no amor com uma força que chegava a ser comovente.
Um dia esse rapaz se apaixonou perdidamente. Finalmente tinha a chance de sentir todos os sintomas sobre os quais havia tanto lido e ouvido falar. Vivia nas nuvens, sorriso estampado no rosto, músicas bregas nos ouvidos. Compreendeu os sonetos de Camões, amou como um Romeu... Mas o amor não foi recíproco. Sentiu então a dor excruciante da rejeição, do desamor, do abandono. Entendeu todas as dores de amor, sofreu como um Werther. Pensou em morrer, sonhou em jamais acordar. Mas a vida é real e de viés, segundo Caetano... E ele sobreviveu.
Amar de novo? Do mesmo jeito? Com a mesma intensidade? Isso não existe. Uma outra dor da mesma intensidade não lhe deixaria vivo. Seguiu a vida, com a lembrança dolorosa e indelével daquela história triste e frustrante. Tentou se apaixonar, tentou amar, tentou ser normal. Não conseguiu. O tempo passou. Ele se curou. Mas não pensava em amar de novo. Isso só acontece uma vez na vida, dizem por aí. A sua oportunidade tinha aparecido, ele a tinha aproveitado, mas ela acabou quase antes de começar.
E então ele amou de novo. Um amor dessa vez, ao que parecia, plenamente correspondido. Almas sofridas, almas carentes, almas apaixonadas. Distantes, mas estranhamente próximas. Intensas, mas apavorantemente vulneráveis. O amor em toda a sua força estava se manifestando. O sol tornou a lhe aquecer os membros e a solidão parecia-lhe que enfim estava com os dias contados. O amor, ah, o amor. Finalmente estava ali, lhe acenando com a possibilidade de uma felicidade infinda. Mas a certas pessoas ser feliz não é permitido. E o amor novamente acabou. Ou não existiu. Ou era frágil demais.
Hoje, o rapaz que outrora acreditava no amor recolheu-se em sua caverna escura e fria. Hoje, o rapaz que pensava que o amor era forte e impávido descobriu que ele é, na verdade, uma lenda. Ao menos para ele amor significa dor. E ele não quer mais sentir a fisgada que, lhe arrancando a alma, quase lhe tirou a vida.