0
UM LUGAR SEGURO
Posted by Clenio
on
23:43
in
CINEMA 2013
Não é preciso ser nenhum gênio de marketing ou especialista em cinema para reconhecer uma adaptação para as telas de um livro de Nicholas Sparks já a partir de seu cartaz: via de regra ele estampa um casal apaixonado e fotogênico abraçado ou aos beijos, diante de um cenário bucólico. Se a dúvida persiste, basta dar uma espiada na sinopse, que raramente sofre maiores alterações: se a história se passa em uma pequena cidade litorânea (ou qualquer localidade do interior, com habitantes que conhecem a vida de todo mundo), se trata de um amor proibido, se o obstáculo entre os amantes for banal e se houver a possibilidade de transformar o espectador (em especial o feminino) em um pudim de lágrimas, pode ter certeza de que se trata de um legítimo Sparks.
Um dos mais bem-sucedidos escritores românticos da atualidade, Sparks vê seus romances serem adaptados para as telas sistematicamente nos últimos anos, quase sempre com resultado sofrível - o que não impede, porém, seu sucesso financeiro e a devoção das fãs. Se filmes como "Diário de uma paixão" e "Uma carta de amor" ainda conseguem ter qualidade dramática (em boa parte devido ao cuidado com a escalação de elenco e com a direção), o mesmo não pode ser dito de coisas como "A última música", "Querido John" e "Um homem de sorte", que optaram por colocar como protagonistas rostinhos e corpos bonitos e queridos entre a molecada americana (Myley Cyrus, Channing Tatum e Zac Efron) em detrimento de contar com atores de verdade. O mesmo pode ser dito, infelizmente, de "Um lugar seguro", novo produto da série, que apresenta os mesmos problemas de seus piores exemplares.
O roteiro de "Um lugar seguro" é repleto de furos, mas provavelmente isso não deverá incomodar os espectadores fiéis a Sparks, que tem mais chances de reprovar algumas mudanças na adaptação do que na falta de profundidade de todas as personagens da história. A protagonista é Katie (a péssima Julianne Hough, do igualmente péssimo "Rock of ages"), uma jovem que chega a uma pequena cidade do interior da Carolina do Norte fugindo de um obcecado policial - que vem a ser seu marido violento e agressivo, talvez eco de "Dormindo com o inimigo". Logo que chega à cidade (de cabelo mais curto e loiro), ela arruma emprego como garçonete, compra uma casa (tudo muito fácil) e, apesar de estar escondendo-se de todo mundo, resolve aceitar o flerte do charmoso viúvo Alex (Josh Duhamel, o sr. Fergie), que vive sozinho com seus dois filhos pequenos desde a morte da esposa. Apaixonada pelo rapaz, Katie vê seus sonhos de paz destruídos quando seu ex-marido descobre seu paradeiro, mas o amor de Alex e a amizade de uma vizinha solícita (Cobie Smulders, da série "How I met your mother") a fazem enfrentar seus medos e seus segredos.
E é isso. O romance entre Katie e Alex não emociona, o suspense em relação aos segredos da protagonista inexiste, o elenco coadjuvante não serve para nada a não ser proporcionar às personagens principais um interlocutor e até mesmo o ritmo é claudicante - em nada lembrando os melhores momentos de seu diretor, o sueco Lasse Halstrom (que deu um tempo em seu país de origem para dirigir "O hipnotista" mas voltou para Hollywood com a mesma preguiça com que comandou "Chegadas e partidas" e "Querido John"). Tudo bem que a reviravolta final é interessante - ainda que soe mais uma tentativa de buscar a emoção do público - mas é pouco perto do que se pede de um drama romântico. Do jeito que está, é mais um filme que deverá tornar-se reprise constante nas madrugadas televisivas. Nicholas Sparks está milionário. Mas a que custo!
Um dos mais bem-sucedidos escritores românticos da atualidade, Sparks vê seus romances serem adaptados para as telas sistematicamente nos últimos anos, quase sempre com resultado sofrível - o que não impede, porém, seu sucesso financeiro e a devoção das fãs. Se filmes como "Diário de uma paixão" e "Uma carta de amor" ainda conseguem ter qualidade dramática (em boa parte devido ao cuidado com a escalação de elenco e com a direção), o mesmo não pode ser dito de coisas como "A última música", "Querido John" e "Um homem de sorte", que optaram por colocar como protagonistas rostinhos e corpos bonitos e queridos entre a molecada americana (Myley Cyrus, Channing Tatum e Zac Efron) em detrimento de contar com atores de verdade. O mesmo pode ser dito, infelizmente, de "Um lugar seguro", novo produto da série, que apresenta os mesmos problemas de seus piores exemplares.
O roteiro de "Um lugar seguro" é repleto de furos, mas provavelmente isso não deverá incomodar os espectadores fiéis a Sparks, que tem mais chances de reprovar algumas mudanças na adaptação do que na falta de profundidade de todas as personagens da história. A protagonista é Katie (a péssima Julianne Hough, do igualmente péssimo "Rock of ages"), uma jovem que chega a uma pequena cidade do interior da Carolina do Norte fugindo de um obcecado policial - que vem a ser seu marido violento e agressivo, talvez eco de "Dormindo com o inimigo". Logo que chega à cidade (de cabelo mais curto e loiro), ela arruma emprego como garçonete, compra uma casa (tudo muito fácil) e, apesar de estar escondendo-se de todo mundo, resolve aceitar o flerte do charmoso viúvo Alex (Josh Duhamel, o sr. Fergie), que vive sozinho com seus dois filhos pequenos desde a morte da esposa. Apaixonada pelo rapaz, Katie vê seus sonhos de paz destruídos quando seu ex-marido descobre seu paradeiro, mas o amor de Alex e a amizade de uma vizinha solícita (Cobie Smulders, da série "How I met your mother") a fazem enfrentar seus medos e seus segredos.
E é isso. O romance entre Katie e Alex não emociona, o suspense em relação aos segredos da protagonista inexiste, o elenco coadjuvante não serve para nada a não ser proporcionar às personagens principais um interlocutor e até mesmo o ritmo é claudicante - em nada lembrando os melhores momentos de seu diretor, o sueco Lasse Halstrom (que deu um tempo em seu país de origem para dirigir "O hipnotista" mas voltou para Hollywood com a mesma preguiça com que comandou "Chegadas e partidas" e "Querido John"). Tudo bem que a reviravolta final é interessante - ainda que soe mais uma tentativa de buscar a emoção do público - mas é pouco perto do que se pede de um drama romântico. Do jeito que está, é mais um filme que deverá tornar-se reprise constante nas madrugadas televisivas. Nicholas Sparks está milionário. Mas a que custo!