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SALT

Posted by Clenio on 23:50 in

Desde que Jason Bourne chegou às telas de cinema criou uma missão impossível para todos os filmes de ação que se prezam: equilibrar cenas de pancadaria bem dirigidas com uma história intrigante, que não ofenda a inteligência do espectador. Infelizmente nem sempre essa perfeição é atingida, por isso não deixa de ser um alívio quando um filme como "Salt" chega às telas. Dirigido pelo competente Philip Noyce, o thriller estrelado por Angelina Jolie gruda a plateia na poltrona da primeira à última cena e, quando acaba, deixa um gostinho de quero mais que já deixa engatilhada uma continuação - e se seguir o exemplo da trilogia com Matt Damon, promete ainda mais.

Na pele de Evelyne Salt, uma agente da CIA acusada de ser uma espiã russa, a bela Angelina mostra que não é apenas uma mulher linda, talentosa e cidadã exemplar: fazendo pessoalmente algumas das perigosas cenas criadas pelo roteiro, ela luta pra valer, salta de caminhões em movimento, escala paredes, mata sem pena nem dó e ainda arruma tempo pra derramar algumas lágrimas sentidas. Sem parecer injusto com toda a parafernália que a envolve em cena - e aí estão atores de categoria, como Liev Schreiber - é Jolie quem manda no filme. É seu nome que estampa o cartaz, é seu rosto que vende os ingressos e com certeza é por sua entrega à personagem que "Salt" será lembrado, além da qualidade do filme, logicamente.

Repleto de reviravoltas, com um ritmo alucinante e dono de uma elegância raras no cinema de ação, "Salt" é um programa extraordinário para os fãs do gênero, de cinema de entretenimento e de Miss Jolie, mais linda do que nunca.

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UM NOVO DIA

Posted by Clenio on 11:36 in

Sei que provavelmente algumas pessoas vão entender exatamente o que vou dizer agora: em momentos de crise séria, palavras são apenas palavras, ainda que bem intencionadas. Quando o mundo parece sombrio como um filme do Batman, não há racionalidade que sobressaia e abafe o desespero e a angústia. Sendo assim, por mais que valorizemos os abraços, a preocupação das pessoas queridas e até mesmo as manifestações solidárias de gente que conhecemos apenas virtualmente (e aqui deixo meus agradecimentos públicos aos queridos amigos blogueiros Renato Orlandi, Getulio, Antonio Cesar, Visão), eles nada mais são do que um apoio carinhoso mas um tanto quanto inglório. A força necessária para sair do buraco, diz a sabedoria popular, temos que encontrar dentro de nós mesmos. Mas a sabedoria popular também diz que não podemos colocar a nossa felicidade nas mãos de outras pessoas e quando estamos apaixonados por acaso a gente leva a sério alguma sabedoria popular???

Minha vida continua cheia de crises a resolver. Ainda sou obrigado a manter uma espécie de máscara social para continuar vivendo. Permaneço perdido e confuso em inúmeros setores da minha existência. Mas pelo menos já sou capaz de respirar novamente, de ser eu mesmo pelo menos durante algumas horas (as melhores) do meu dia. Pelo menos voltei a sorrir e cantarolar. Ao menos resgatei o mínimo de auto-estima necessário para aguentar o tranco que é essa maledeta vita!!! E como foi isso? Um simples telefonema de poucos minutos e o céu voltou a ser colorido! Estou sendo cruel e/ou desleal ao esperar de uma pessoa mais do que deveria? Talvez não, porque não peço nada a mais do que também sou capaz de oferecer. Assim como quero amor, carinho, apoio e conversas inacreditavelmente profundas e sinceras também ofereço tudo isso. Quero ser a melhor parte da vida de quem amo, assim como quem amo é a melhor parte da minha vida. Acredito firmemente que o amor é mais forte do que tudo! Princípios são tudo! Não tenho muito amor-próprio, mas princípios eu os tenho profundamente arraigados!!!

Amo, sim, e muito. Se depender de mim, seremos felizes. Aqui em Porto Alegre, em Belo Horizonte, na Conchinchina... Basta sabermos respeitar nossos limites e nossas dúvidas. Basta acreditarmos nos nossos sentimentos. Basta saber que temos um ao outro, mesmo à distância. Basta seguir os conselhos do Lulu Santos: "quando um certo alguém desperta o sentimento é melhor não resistir e se entregar..."

Toddynho... sempre que precisar de mim, sabe que não estou brincando...

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UNINVITED

Posted by Clenio on 12:10 in ,

"É isso que as pessoas fazem, Richard. Ficam vivas por causa das outras." Dentre as milhares de frases já pronunciadas na história do cinema, nenhuma é mais certeira do que esse petardo de sabedoria lançado por Meryl Streep a um suicida Ed Harris no impecável "As horas", magistralmente adaptado pelo dramaturgo David Hare do romance de Michael Cunningham. É certeira porque é verdadeira! Me identifico plenamente com a afirmação porque é exatamente assim que me sinto, preso nesse mundo que me enoja e me faz mal pra não causar mágoa em outras pessoas. Só o que me mantém sobrevivendo - e a palavra aqui é a mais correta possível, porque viver de verdade eu não faço há muito tempo - é essa cruz que eu carrego, de ter que estar em um lugar em que eu não quero estar, em fazer coisas que não quero fazer, em sorrir para pessoas pelas quais eu não tenho nenhum sentimento a não ser desprezo e raiva. O maior presente que eu poderia receber nesse momento seria uma alforria desse arremedo de vida. A mais bela frase da língua portuguesa não é "Eu te amo!" - mesmo porque ela normalmente é vazia e mentirosa - e sim "Pode ir, eu te liberto..."

Fui a uma praça dia desses com um objetivo claro dentro de mim: tentar encontrar alguma coisa que me fizesse ver o valor da vida, para me provar equivocado em meus pensamentos negativos e sombrios. Qualquer coisa que me fizesse minimamente feliz seria capaz de me salvar a vida. Os felizes de plantão me fariam uma lista de "presentes de Deus": a natureza, as crianças, o sol... Mas nada disso me despertou sequer um suspiro. Os mais racionais viriam com belas músicas, livros maravilhosos, filmes deslumbrantes... Sim, isso tudo é mágico, mas o que fazer com as malditas horas antes e depois deles??? Fazer o que com todo o tempo opressivo que resta?

Odeio tudo em mim. Meu nome, minha aparência, minha tendência a gostar mais do que ser gostado, minha voz, minha sensibilidade exagerada, minha total falta de ânimo de romper esse marasmo que me afoga, meu talento em escolher sempre o caminho mais difícil e pedregoso para qualquer objetivo.

Vejo pessoas doentes lutando para sobreviver e me pergunto o motivo que as leva a essa batalha inglória. Vejo gente jovem e de bem com a vida morrendo tragicamente enquanto eu permaneço tão saudável que dá nojo!! Daria tudo pra trocar de lugar com alguém que teve a sorte de ir embora desse mundo que há muito não me encanta - se é que um dia encantou. Tento me lembrar em que momento da minha existência eu parei de ser feliz e chego à conclusão de que provavelmente isso nunca aconteceu de verdade. Sempre me senti deslocado, solitário, triste, como alguém que não foi convidado pra festa... Sempre me julguei incapaz de despertar um amor capaz de me salvar - e a vida me provou que eu estava certo, pelo menos uma vez! Não sou especial. Minha tendência a ser uma pessoa compreensiva só serve pra me machucar - porque ninguém quer me compreender quando eu mais preciso. Quando eu mais preciso de um abraço é quando mais me sinto sozinho. E solidão por solidão prefiro a eterna!

Eu tive o vislumbre de uma vida verdadeira! E hoje sou obrigado a continuar com a falsa... Até que um dia uma pessoa que realmente me ame chegue até mim e me liberte desse pesadelo. Nietzsche declarou: "Quem tem por que viver aguenta qualquer como." Eis aí a grande verdade: eu não tenho nenhum porque...

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À PROVA DE MORTE

Posted by Clenio on 23:28 in

Eu sou fã de Quentin Tarantino. E não só do Tarantino de "Pulp fiction" e "Bastardos inglórios", seus filmes incensados por estatuetas do Oscar e unanimidade crítica. Adoro "Jackie Brown", por exemplo, que muitos consideram "menor" (é inacreditável que um filme como esse seja menor... o que dá a exata noção do talento de um cineasta cujos filmes menos bem sucedidos sejam como ele...) O mais incrível nos filmes de Tarantino, a meu ver, é o universo particular que circunda sua obra (auto-referência, quando funciona, é uma maravilha, que o diga Pedro Almodovar). Um filme de Tarantino é um filme de Tarantino, assim como una película de Almodovar é una película de Almodovar e uma obra de Woody Allen é uma obra de Woody Allen - não à toa os três estão entre meus mais admirados cineastas em atividade, ao lado de Scorsese e David Fincher. Mas toda essa introdução tem apenas uma razão: elogiar "À prova de morte", que finalmente estreou por aqui, três anos depois de seu lançamento - e consequente fracasso comercial - nos EUA.

É fácil descobrir porque "À prova de morte" naufragou nas bilheterias ianques. Salvo raras exceções, o público americano é de uma mediocridade assustadora e qualquer coisa que saia do corriqueiro - leia-se efeitos visuais caros, algarismos ao lado dos títulos e piadas burras - o afugenta de forma inevitável. Sendo assim, um filme que obriga a platéia a entrar em um clima diverso do normal só pode encontrar as salas vazias... Uma pena que "À prova de morte" não tenha encontrado um grande público, mas de certa forma ele não deixa de ser "pérolas aos porcos".

Assim como aconteceu com "Planeta Terror", dirigido por Robert Rodriguez e que foi lançado na terra do tio Sam juntamente com "À prova" (em uma sessão dupla), o filme de Tarantino exige de sua audiência muito mais do que coisas como "Lua nova": ao se entrar na sala de cinema, é preciso saber qual é a proposta da obra e a partir daí se deixar levar pela magia. A fotografia é tosca, a edição é propositalmente capenga, as atrizes são de dar inveja a qualquer tosqueira de Zé do Caixão e os diálogos do diretor estão lá - quase em excesso. Muito se fala na primeira metade de "À prova de morte" (marca registrada de Tarantino). Mas quando ele deixa o palavrório de lado... segure-se na poltrona, porque você será testemunha do acidente automobilístico mais gráfico da história do cinema e, na segunda parte, de uma perseguição tão bem dirigida que fica a dúvida de porque Tarantino nunca havia demonstrado essa veia anteriormente. E nem é preciso falar da última cena, que lava a alma das mulheres da audiência - e arranca gargalhadas gerais.

"À prova de morte" tem muitas marcas de Tarantino: os diálogos longos, os insistentes closes nos pés femininos, o visual mezzo cafona mezzo criativo e a imprevisibilidade. Mas é Kurt Russell que é a assinatura visual do filme. Na pele de Doublé Mike e a bordo de seu carro envenenado, ele junta-se ao time das redescobertas do diretor e comprova que definitivamente não se leva a sério. Longe de ser o melhor filme de Tarantino, "À prova de morte", no entanto, valeu a paciente espera.

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MORTE EM VIDA

Posted by Clenio on 17:06 in

Dizem que viver sem esperança é apenas sobreviver. Então assumo, sem auto-comiseração de nenhum tipo, que sou apenas um sobrevivente, alguém que já não é mais uma pessoa no sentido mais amplo da palavra. Pessoas vivem porque tem esperança. Vivem porque, por mais que sua vida esteja passando por um momento de tristeza, sabem - ou esperam, ou sonham - que depois de uma tempestade sempre vem a bonança. Vivem porque tem motivos para tal. Vivem porque querem criar seus filhos, escrever seus livros, plantar suas árvores. Vivem porque acreditam na inconsequente música do Gonzaguinha que diz que a vida é bonita, é bonita e é bonita. Vivem porque alguém as ama - ou porque se isso não acontece não lhes é tão importante a ponto de desistir da esperança, esse substantivo para elas tão concreto. Vivem porque tem dentro de si essa vontade - pra mim inexplicável - de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Desculpem, eu não sou assim.

Cansei de pular de precipício em precipício, de substituir uma tristeza pela outra, de bancar o ingênuo que acredita na felicidade. Felicidade é um paraíso artificial. Tudo bem que ninguém é feliz o tempo inteiro - a não ser retardados mentais - mas não conseguir ser feliz quase nunca chega a ser cansativo, patológico. Chegar a um momento em que nem mesmo o sarcasmo e o humor negro servem de apoio é quase chegar ao fundo de um poço que definitivamente não tem mola.

Estou cansado de gente covarde, de gente burra, de gente ignorante, de gente... Estou cansado de tentar provar meu ponto de vista a pessoas bitoladas, que acreditam em um Deus que, se existe, é de uma crueldade e de uma ironia assustadoras. Estou farto de acordar sem vontade de enfrentar novas horas que não me acrescentam nada mais a não ser idade e decepções. Não aguento mais me olhar no espelho e ver uma pessoa incapaz de despertar nos outros o amor que eu sou capaz de dar. Não suporto pensar que já passei da metade da minha vida e não conquistei nada a não ser uma vontade quase irresistível de me jogar debaixo de um trem. Vivi minha vida de uma forma tão errada que por mais que eu tente - e no momento nem estou tentando muito, confesso - não consigo enxergar nada além dos meus erros me acenando pateticamente.

Estou morto em vida. E levando-se em consideração que eu acreditava no amor mais do que em tudo, não consigo imaginar nada mais triste e devastador. E qual a pena para um criminoso que consegue essa façanha?????

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EU ODEIO A MEG RYAN *

Posted by Clenio on 22:49 in

O maior problema que as comédias românticas causam a pessoas como eu nem é o fato de sempre achar que todos os meus beijos precisam de trilha sonora e de um fundo fotografado com capricho. A grande tragédia que pessoas como eu - que sofreram de uma super-exposição a filmes com Meg Ryan e novelas de tevê - sofrem na vida é que na maioria esmagadora das vezes a recíproca nunca acontece. Encontrar alguém que tenha a mesma visão um tanto distorcida da vida é tarefa das mais inglórias e ingratas. E o pior de tudo é ter que ouvir que estamos equivocados, que o amor não existe, que a paixão tem prazo de validade e que finais felizes só são felizes porque o filme acaba assim que o casal central se acerta... Ora essa! Nós, os fatalmente românticos não compramos essa. E sabem por que? Porque nós - que choramos quando assistimos a "Titanic", que no emocionamos sempre que lemos "Romeu e Julieta" e que torcemos por um final feliz entre Maya e Raj - já conhecemos o amor... E ele é exatamente como nos filmes. Pelo menos do nosso lado da história.

Sim, eu já me apaixonei perdidamente. PER-DI-DA-MEN-TE! E sei muito bem a diferença entre estar apaixonado e amar alguém. Quando estou apaixonado eu fico nas nuvens, canto à toa, não acho nenhum problema grave demais, acho que a pessoa que vive nos meus pensamentos é perfeita - até mesmo aqueles defeitos me soam encantadores! E eu sei que amor é outra coisa. Não tão diferente, mas também não tão semelhante.

Chamem-me de ingênuo, mas eu acredito piamente que o amor é capaz de qualquer coisa. Se eu realmente amo alguém - e isso não acontece uma única vez na vida, mas não é algo muito frequente, não se iludam - eu AMO, em CAPS LOCK. Nada me é impossível, nada me é distante, nada me demove dessa sensação de que posso mudar o mundo. E eu não sou bobo. Sei que amar muitas vezes é dureza, que problemas existem, que defeitos surgem, que pessoas são diferentes entre si. Sei que entrar em uma relação amorosa exige sangue, suor e muitas, muitas, muitas lágrimas. Estar apaixonado é colorido. Amar nem sempre. E nem todo mundo consegue ver o lado bom de um grande amor. Fazer o que se em suas dietas cinematográficas não estava Meg Ryan??

Sim, eu odeio Meg Ryan. Ela me fez acreditar, em "Mensagem para você", que pessoas realmente podem se conhecer de verdade via Internet e depois encontrarem-se e transformar a relação em amor. E ela me fez crer, sem sombra de dúvida, em "Sintonia de amor", que um completo desconhecido poderia ser o grande amor da minha vida. Quanto será que eu ganho se eu processá-la????

* Na verdade, eu ADORO Meg Ryan, porque ela ainda me faz entrar em contato com um lado meu que de certa forma nunca quero perder. E eu acredito, sim, que pessoas que se conhecem via Internet podem se apaixonar e que um completo desconhecido pode ser o grande amor da minha vida...

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QUEIXA

Posted by Clenio on 22:26 in

Caetano disse melhor do que qualquer coisa que eu poderia dizer nesse momento...

"Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza

Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água

Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria

Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga..."

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THESE R THE THOUGHTS

Posted by Clenio on 13:54 in

Quando pessoas ditas "normais" telefonam para o ser amado e ouvem a infame mensagem avisando que o telefone está desligado ou fora da área de cobertura, logo assumem que a bateria acabou, ou que o sono bateu, ou que a pessoa chamada está em um lugar onde não pode atendê-lo e por isso desligou - e por esses lugares leia-se cinema, teatro, reunião de trabalho e afins. Dito isso, afirmo que não sou, então, uma dessas pessoas ditas normais. Quando ligo pra pessoa amada e aquela mensagem maldita dita por aquela voz odiosa surge em meus ouvidos paranóicos, o meu mundo e minhas certezas imediatamente começam a ruir como se estivessem em uma cena de "2012" e todas as personalidades da minha esquizofrenia se manifestam despudoradamente.

Primeira personalidade - o paranóico sem auto-estima: "Eu sabia. Já não me quer mais. Eu deveria ter me feito de difícil. Como é que eu fui acreditar em tudo que era dito? Ninguém é tão perfeito assim. Será que eu não aprendo? Por que eu sempre me permito entregar minha felicidade à outra pessoa? Será que já não é hora de eu saber que tenho que ter cuidado antes de me apaixonar? Bem que todo mundo me disse que eu iria me dar mal. Eu vi que nossa última conversa não foi tão apaixonada quanto antes, como é que não pressenti isso tudo? E além do mais, deve ter aparecido outra pessoa, claro. Como alguém tão especial vai ficar sozinho? Ia me esperar, por acaso? Acorda, Alice..."

Segunda personalidade - o trágico-dramático-fatalista: "Foi acidente de carro. Certo que foi. Sabe lá como era a estrada de volta dessa viagem. E com essa chuva, ainda por cima. Será que a criatura não está precisando segurar a minha mão com as pernas presas nas ferragens? Será que está sentindo muita dor? E se ficar tetraplégico? E se morrer e eu só ficar sabendo, sem querer, daqui a um mês? Eu sabia que isso iria acontecer. É a minha cara, me apaixonar e perder a pessoa amada antes mesmo de conhecer toda a felicidade que poderíamos experimentar. Claro que foi isso. Fiquei viúvo antes mesmo do casamento. Vou me fechar pra sempre em um luto eterno e ai de quem me questionar."

Terceira personalidade - o prático-otimista: "Deve ter perdido o celular, ou esqueceu por lá. Se já conseguiu perder uma câmera fotográfica dentro de um rio perder um celular é bobagem. Ou resolveu adiar a viagem e volta só amanhã, qual o problema com isso? Basta acordar um pouco mais cedo e pegar a estrada antes do amanhecer. Quando se é jovem isso não é problema. Amanhã tudo estará esclarecido e daremos risada dessa paranoia toda."

A luta contra todos esses pensamentos não é uma tarefa das mais fáceis. Sempre que tento pregar o olho em situações como essa eles não me permitem um descanso. Ele só vem depois que o telefone é finalmente atendido e com a confirmação de que tudo continua como dantes no quartel de abrantes...

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PRINCES FAMILIAR

Posted by Clenio on 15:57 in


Eu me impressiono muito com gente que tem facilidade de encontrar a "pessoa certa". Essa gente consegue se apaixonar perdidamente e logo em seguida, quando acaba o romance, parte para outra relação com a mesma intensidade, a mesma paixão e a mesma certeza de ter encontrado seu príncipe (ou princesa) encantado. Essa gente supera fins de relacionamento com a mesma joir-de-vivre com que encontra os próximos. Essas pessoas se apaixonam e são sempre correspondidas e não têm a menor dificuldade em encontrar quem as complete. Eu até as invejaria se acreditasse que elas realmente acham o que procuram em todo mundo com quem se relacionam.

Namorar é bom, não nego. Sou um adepto do esporte, até mais do que andar por aí ficando, transando a esmo, trocando telefones (mesmo porque isso dá uma canseira danada...) Mas ao mesmo tempo namorar por namorar não faz meu gênero. Lógico que é bom passar um sábado gelado em casa, tomando um bom vinho, com as pernas enroladas debaixo de um edredon assistindo a um filme ao lado de alguém especial. Mas esse alguém tem que ser realmente especial. E, segundo a descrição do Aurélio, especial é algo exclusivo, fora do comum... Quantas pessoas fora do comum existem por aí afora? Eu não conheço muitas, não, pelo menos não a ponto de querer dividir minha vida, meu tempo e meus sentimentos. Sou exigente, sim, porque demorei muitos anos e muita terapia pra perceber que não me achei no lixo e que mereço alguém tão especial quanto eu pra ser feliz.

Meu nível de exigência é o nível que qualquer um com um mínimo de amor-próprio deve exigir - discordando de Nelson Rodrigues, que, pela boca de uma personagem decretou que com amor-próprio não há amor. Exigir alguém perfeito é loucura, é pedir pra morrer frustrado ouvindo Maysa e em eterna masturbação mental e sentimental. Mas eu exijo, sim, um amor que me faça bem, que me faça sorrir, que me faça cantar enquanto cozinho, que me dê forças pra levantar da cama mesmo nos piores dias, que me incentive a ser cada vez melhor. Faço questão de um amor que me excite física e intelectualmente, que divida comigo suas verdades e não tenha medo de ser honesto a respeito dos seus sentimentos. Jamais me apaixonaria por alguém vazio, que não tivesse algo a acrescentar, que tivesse apenas beleza em detrimento de conteúdo. Não seria capaz de entregar meus sentimentos a uma pessoa que nunca lê, que não chora, que não sabe valorizar as pequenas coisas de uma relação.

Não me é familiar encontrar pessoas certas pelo caminho, e tampouco deixá-las escapar quando as encontro. Sabe lá o que vem pela frente, mas só eu sei o que se passa dentro de mim quando ouço certa voz mansa, tranquila e com sotaque mineiro pelo telefone. Prefiro apostar e me jogar sem rede de proteção do que morrer de velho. Mas isso Fernanda Young já declarou de forma mais memorável em seu livro "Aritmética":

“Por isso tem tanta gente que não ama, nem é amado. São os que não agüentam levantar a tampa que os protege do incerto, e mudar. Pois a paixão é incerta, não aceitando o estabelecido. O amor, pior, engana, garantindo que poderá ser estável e infinito. E o ódio rapaz, esse é sempre eterno. Portanto, quem é que não ama, não se apaixona, não odeia? Os covardes? Com certeza. Os covardes, entretanto, sábios. Naquele conceito de sabedoria que mata você de velho. E morrer de velho, convenhamos, é a coisa mais humilhante do mundo.”

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FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!!!!!

Posted by Clenio on 11:18 in


Para Márcia (também conhecida por Grace Adler)

Me lembro como se tivesse sido ontem quando conversei a primeira vez com ela, em um ônibus, voltando da PUC. Uma conversa informal entre colegas que mal sabiam o nome um do outro levou à identificação imediata: cinema. Daí a chegar em trabalhos em grupo, um fanzine sobre a sétima arte e sessões semanais de estreias foi um pulinho. Dessas sessões de cinema nas sextas-feiras logo após as aulas (que saudade desse tempo de vagabundagem sem culpa...) surgiu uma amizade que, ao contrário do que dizem aqueles que afirmam que com o fim da faculdade cada um segue seu caminho, não só ficou como se fortaleceu. Deixamos de ser pós-adolescentes (quer dizer, mais ou menos...) buscando um futuro para nos tornarmos adultos (até parece!!) que já chegaram a esse futuro, mas que ainda querem transformá-lo para que caiba em seus sonhos delirantes e um tanto distorcidos por tanta exposição a filmes românticos e novelas do Manoel Carlos.

Já trabalhamos juntos - e eu nem vou citar as buscas por empregos absurdos -, estudamos juntos, brigamos juntos e já ouvimos muitas lamúrias um do outro. Conhecemos um ao outro mais do que a nós mesmos. Sabemos que, por trás da aparência de pessoas responsáveis somos dois ensandecidos que cultuamos Charles Manson (dentro de um limite legal), Madonna (e congêneres decentes como Lady Gaga e Beyoncé) e filmes do John Hughes. Que temos nossas próprias piadas internas. Que detestamos basicamente as mesmas pessoas. Que o mundo não merece a nossa inteligência, nosso talento, nosso senso de humor. Que rir das nossas próprias desgraças é o melhor remédio (mesmo que leve um tempinho para que possamos transformá-las em piada).

É bom ter uma irmã que não seja irmã de verdade, o que nos poupa de um convívio forçado e desgastante. É bom ter uma amiga que parece de infância (e no fundo é, já que nos conhecemos praticamente no berçário da nossa vida adulta - putz, forcei). E é melhor ainda saber que a gente ainda não viu nada...

Feliz aniversário, afilhada. Que venham outras aventuras. A série tá longe de acabar, afinal mais e mais personagens entram a cada ano, assim como saem e não fazem muita falta. Mesmo que os cenários mudem - e não duvide que eu dê uma de louco e siga uma estrada de ladrilhos amarelos - meu amor por ti é inabalável...

Bjos, Will

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CARTAS PARA JULIETA

Posted by Clenio on 18:40 in

Se existe uma vantagem em assistir-se a uma comédia romântica é se saber quase exatamente o que se pode esperar. Por ser um dos gêneros menos dados a ataques de criatividade no cinema americano, é pouco provável que vá decepcionar seu fiel público de românticos inveterados (a não ser que abuse dos clichês de forma incompetente, uma comédia romântica sempre encanta a platéia justamente por sua falta de objetivos artísticos). Dito isso, vale a recomendação: "Cartas para Julieta", dirigido por Gary Winick, é uma delicia de filme, feito para embalar corações enamorados sem apelar para o mau-gosto de piadas escatológicas e/ou sexuais.

Winick, seu diretor, é o mesmo que comandou o engraçado "De repente 30" e o esquálido "Noivas em guerra", mas aqui, felizmente, volta a acertar, contando para isso com alguns ingredientes que dão um sabor especial à receita normal do estilo: a beleza da Itália (que deu tão certo em "Sob o sol da Toscana"), o carisma de Amanda Seyfried (uma promessa em alta em Hollywood) e o talento inegável de Vanessa Redgrave (que dá credibilidade a qualquer coisa...)

Na trama, co-escrita por Jose Rivera (de "Diários de motocicleta"), a bela Seyfried vive Sophie, uma pesquisadora que anseia a hora de tornar-se uma escritora de verdade. Às vésperas de seu casamento com o chef Victor (Gael Garcia Bernal em papel coadjuvante mas sempre charmoso e bom ator), eles vão fazer uma espécie de pré lua-de-mel na Itália. Enquanto o rapaz se deslumbra com as possibilidades de contato com fornecedores para seu restaurante, ela descobre que em Verona existe uma estátua de Julieta Capuleto, onde as jovens depositam cartas contando suas histórias de amor e esperando conselhos, que são dados por algumas voluntárias dedicadas. Sem querer, Sophie encontra uma carta datada de cinquenta anos antes, escrita por uma inglesa cujo romance com um italiano não pôde ser concretizado. Comovida com a história, ela responde a carta e se surpreende quando a hoje senhora Claire (Vanessa Redgrave) chega a Verona com o objetivo de reencontrar seu amado. Acompanhada do neto, o ranzinza Charlie (Christopher Egan), ela sonha reparar o passado. Durante sua busca, ela percebe que uma forte atração acontece entre os dois jovens.

Não há nada de muito novo em "Cartas para Julieta", mas há tanta sinceridade nos atores e tanta beleza natural ao seu redor que é difícil não se deixar seduzir. O senso de humor do roteiro, a mensagem de lutar pela felicidade seja ela qual for e o romantismo exarcebado pela presença invisível mas constante das palavras de Shakespeare apenas colaboram para que ele seja um filme perfeito para os corações apaixonados e para aqueles que ainda acreditam no amor.

Mais sobre cinema?? www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com

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MADONNA - STICKY & SWEET TOUR

Posted by Clenio on 18:33 in ,

Devo confessar que já faz um tempinho que a minha paixão por Madonna vem arrefecido. Talvez seja esse romance fabricado com Jesus Luz, talvez seja realmente a falta de um trabalho realmente digno de nota. O fato é que uma prova inconteste desse desânimo em relação à Rainha do Pop é a minha demora em adquirir o dvd "Sticky & Sweet Tour", lançado em março. Protelei por meses a compra do registro do show na Argentina, mas a longevidade da minha relação com ela falou mais alto e essa semana eu finalmente o assisti. Não me empolguei em nenhum momento. Será culpa minha ou da opção da material girl em dar prioridade a um espetáculo tecnológico ao invés do que mais importa em um show, ou seja, a música em si.

Já faz tempo que Madonna vem dando sinais de seu flerte com o espetacular a la "Cirque du Soleil"- e atingiu um perfeito equilíbrio em "Drowned world", de 2001 - mas em "Sticky & Sweet" ela parece dar mais importância ao visual cênico, aos telões assombrosos e aos incríveis efeitos especiais do que a suas canções propriamente ditas - algumas inclusive em versões tão, mas tão diferentes das originais que chegam a ficar irreconhecíveis (a linda "Rain", por exemplo). Enquanto em "Blonde ambition" as coreografias elaboradas eram apenas a ilustração de seus provocativos e dançantes sucessos, aqui parece que a equação virou do avesso. A música é coadjuvante em "Sticky & sweet", e isso é tudo, menos excitante.

É claro que o pique que Madonna apresenta é impressionante - depois dos 50 anos fazer o que ela faz em um palco é de se aplaudir de pé. O controle que ela tem da própria carreira é de se admirar incondicionalmente. Seu talento em fabricar hits idem. E até mesmo em shows mais burocráticos quanto "Sticky" ela consegue ser a velha Madonna de antigamente - mais pontualmente no ótimo número de "She's not me", em que lembra o público de todas as suas (melhores) fases. Mas fica a sensação, no fim, de que faltou muita coisa. Mais precisamente músicas mais antigas, que fizeram dela o que ela é hoje, um ícone absoluto da música pop. Não é saudosismo, é apenas desejo de fã...

Em todo caso, sempre se pode recorrer a outro dvd - "Celebration - the video collection", que, em 47 videoclipes, mostra Madonna em sua essência e não decepciona ninguém. Não me entendam mal, ainda sou um grande fã. E é justamente nessa condição que me de dou o direito de não me deslumbrar com o que não é seu melhor trabalho.

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