127 HORAS
Indicado a 6 Oscar - inclusive melhor filme - "127 horas" é um programa proibido a claustrofóbicos. Ainda que o roteiro de Boyle e Simon Beaufoy - a mesma dupla oscarizada de "Quem quer ser um milionário?" - seja ágil o bastante para não aborrecer o espectador menos paciente, a maioria absoluta do filme se passa em um único cenário, exíguo e sufocante. Felizmente a edição e a interpretação de Franco conseguem reverter o que poderia ser um cansativo exercício de vaidade de seu diretor em um filmaço de grudar na poltrona. Criativo como nos melhores tempos de "Trainspotting", Danny Boyle comprova que seu Oscar de dois anos atrás não foi mero golpe de sorte.
A história de "127 horas" é conhecida e o fato de ter virado filme apenas aumentou sua popularidade. Pra quem não sabe, é a história de Aron Rolston, um rapaz saudável e inteligente que tem como hobby escalar montanhas nos canyons americanos e curtir a natureza descobrindo paraísos escondidos. Em uma de suas viagens, um acidente acontece e ele se vê com o braço direito preso por uma rocha. Depois de passar cinco dias sem conseguir sair do lugar e sem comida e bebida - onde revê momentos importantes de sua vida, tem alucinações e é obrigado a beber a própria urina - ele só se salva quando amputa parte do braço.
Apesar de contar uma história barra-pesada, "127 horas" tem a seu favor um senso de humor muito bem-vindo e um ritmo que jamais cai. Tecnicamente perfeito, é uma história forte, que versa sobre a força do ser humano quando é obrigado a lidar com adversidades. Mas certamente não seria tão bom se não contasse com James Franco como protagonista. Sua indicação ao Oscar é mais do que merecida - e uma vitória não seria injusta: o até então desacreditado galã apresenta um trabalho irretocável, comprovando um talento com o qual acenava no mínimo desde sua atuação em "Milk". Alternando momentos de puro desespero com um humor inesperado e uma tristeza profunda (junto com uma arraigada esperança), Franco carimba gloriosamente seu passaporte rumo ao lugar reservado aos grandes atores.
E quanto à tão falada cena da amputação? Sim, é forte. Sim, é realista. E não, não é supérflua nem tampouco gratuita. É um clímax apropriado filmado com segurança e sem nenhum traço de sadismo. Mantenha os olhos abertos se conseguir, mas não vá ao cinema apenas por essa cena. O filme tem muitas outras qualidades que merecem sua atenção.
Mais cinema em www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com
www.cinematotal.com.br
www.confrariadecinema.com.br