BRAVURA INDÔMITA
Baseado em um romance de Charles Portis, novamente publicado no Brasil graças à estreia do filme, "Bravura indômita" foi filmado pela primeira vez em 1969 e deu o Oscar tardio de melhor ator ao veterano John Wayne. Em sua releitura século XXI, o papel principal ficou com Jeff Bridges, mais uma vez apresentando um trabalho sensacional. Ele vive Rooster Cogburn, um policial federal alcóolatra e com fama de durão que, em 1810, é procurado por Mattie Ross (Hailee Steinfeld), uma adolescente de 14 anos que lhe oferece dinheiro para que encontre Tom Chaney (Josh Brolin), o homem que roubou e matou seu pai. Ele aceita a missão, apesar da exigência da menina - mandona, um tanto chata e absolutamente decidida - de acompanhar-lhe em sua jornada. A eles, junta-se LaBoeuf (Matt Damon), que tem um motivo menos nobre para encontrar o criminoso: uma bela recompensa. Juntos, os três partem em uma viagem inconstante por cenários vastos fotografados com requinte por Roger Deakins.
O visual de "Bravura indômita" é absolutamente sensacional. Crepúsculos e chuvas são mostrados com uma paleta de cores que enche os olhos a cada frame e não é novidade para nenhum fã de cinema que os irmãos Coen são especialistas em ângulos curiosos e inovadores. Ainda assim, em comparação com os movimentos de câmera trangressores de filmes como "Arizona nunca mais" e "Fargo", pode-se dizer que seu 15ºlonga é o mais comportado de suas carreiras. Talvez por estarem relegados a elementos clássicos de um cinema tradicional, eles preferem contar sua história da maneira mais simples possível. Isso agradou às plateias. E nem chega a incomodar seus fãs, que tem a oportunidade de comprovar que, mais do que simplesmente dois garotões dispostos a quebrar as regras do cinema, eles são cineastas de extrema competência, capazes de transitar com a mesma facilidade entre o cult e o popular.
E para isso, contam com um elenco escalado com perfeição. Se a atuação de Bridges pode lhe dar seu segundo Oscar - e se isso acontecer será a primeira vez na história que a mesma personagem fictícia dá a estatueta a dois atores diferentes - ele conta com excelentes colegas de cena. A jovem Hailee Steinfeild concorre ao prêmio de coadjuvante por um trabalho forte e marcante (é de se questionar apenas se ela é realmente coadjuvante ou protagonista...) E Matt Damon e Josh Brolin confirmam a ótima fase de ambas as carreiras, com participações acima da média. Defendendo personagens interessantes que fazem parte de uma história fascinante sobre superação e amizade (com todos os clichês que ela pode trazer, embrulhados belissimamente), o elenco é responsável direto pelo louvável resultado final.
Em resumo, "Bravura indômita" é um filme repleto de qualidades e que merece todas as dez indicações ao Oscar que tem. Não é original ou inesquecível, mas usa sua fé nas regras pré-estabelecidas para conquistar o público com muita inteligência. E é mais uma prova inconteste do enorme talento de seus realizadores.
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