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BRAVURA INDÔMITA

Posted by Clenio on 23:04 in
Só mesmo gente do calibre dos irmãos Joel e Ethan Coen - donos de um estilo único de fazer cinema - para fazer com que o remake de um clássico absoluto do western (um gênero não exatamente de popularidade estável na indústria hollywoodiana) soe tão moderno e inédito quanto a nova versão de "Bravura indômita", que, além de concorrer a generosas dez estatuetas na próxima festa do Oscar - incluindo filme, ator e diretor - ainda chegou a render mais de 150 milhões de dólares nas bilheterias americanas. Maior sucesso comercial da carreira dos diretores,  "Bravura" é um filme que orgulharia John Ford - tamanho seu carinho em abraçar todas as melhores características do gênero - mas que priva a plateia de boa parte da criativade dos filmes anteriores dos cineastas. Apesar de ser impecavelmente realizado, falta nele a ousadia estilística que fez a fama e o diferencial de sua filmografia desde o final dos anos 80 e que foi louvada com os Oscar de filme e direção de 2007, com "Onde os fracos não tem vez".

Baseado em um romance de Charles Portis,  novamente publicado no Brasil graças à estreia do filme, "Bravura indômita" foi filmado pela primeira vez em 1969 e deu o Oscar tardio de melhor ator ao veterano John Wayne. Em sua releitura século XXI, o papel principal ficou com Jeff Bridges, mais uma vez apresentando um trabalho sensacional. Ele vive Rooster Cogburn, um policial federal alcóolatra e com fama de durão que, em 1810, é procurado por Mattie Ross (Hailee Steinfeld), uma adolescente de 14 anos que lhe oferece dinheiro para que encontre Tom Chaney (Josh Brolin), o homem que roubou e matou seu pai. Ele aceita a missão, apesar da exigência da menina - mandona, um tanto chata e absolutamente decidida - de acompanhar-lhe em sua jornada. A eles, junta-se LaBoeuf (Matt Damon), que tem um motivo menos nobre para encontrar o criminoso: uma bela recompensa. Juntos, os três partem em uma viagem inconstante por cenários vastos fotografados com requinte por Roger Deakins.

O visual de "Bravura indômita" é absolutamente sensacional. Crepúsculos e chuvas são mostrados com uma paleta de cores que enche os olhos a cada frame e não é novidade para nenhum fã de cinema que os irmãos Coen são especialistas em ângulos curiosos e inovadores. Ainda assim, em comparação com os movimentos de câmera trangressores de filmes como "Arizona nunca mais" e "Fargo", pode-se dizer que seu 15ºlonga é o mais comportado de suas carreiras. Talvez por estarem relegados a elementos clássicos de um cinema tradicional, eles preferem contar sua história da maneira mais simples possível. Isso agradou às plateias. E nem chega a incomodar seus fãs, que tem a oportunidade de comprovar que, mais do que simplesmente dois garotões dispostos a quebrar as regras do cinema, eles são cineastas de extrema competência, capazes de transitar com a mesma facilidade entre o cult e o popular.

E para isso, contam com um elenco escalado com perfeição. Se a atuação de Bridges pode lhe dar seu segundo Oscar - e se isso acontecer será a primeira vez na história que a mesma personagem fictícia dá a estatueta a dois atores diferentes - ele conta com excelentes colegas de cena. A jovem Hailee Steinfeild concorre ao prêmio de coadjuvante por um trabalho forte e marcante (é de se questionar apenas se ela é realmente coadjuvante ou protagonista...) E Matt Damon e Josh Brolin confirmam a ótima fase de ambas as carreiras, com participações acima da média. Defendendo personagens interessantes que fazem parte de uma história fascinante sobre superação e amizade (com todos os clichês que ela pode trazer, embrulhados belissimamente), o elenco é responsável direto pelo louvável resultado final.

Em resumo, "Bravura indômita" é um filme repleto de qualidades e que merece todas as dez indicações ao Oscar que tem. Não é original ou inesquecível, mas usa sua fé nas regras pré-estabelecidas para conquistar o público com muita inteligência. E é mais uma prova inconteste do enorme talento de seus realizadores.

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4 Comments


Estou para conferir amanhã o filme.
É mais adaptação literária do que remake com o outro filme.

Os Coen devem ter feito o seu "Fargo no oeste" Louco para assistir!

Abs.
Rodrigo


Sou fã dos Coen mas, entretanto, esse filme não me chama a atenção. Estou mais ansioso por 127 horas. Mas, quero assistir quando sair em dvd.


Gostei da sua opinião.
Porém, achei a obra extremamente sensível a ponto de considerá-la inesquecível sim. Creio que os Coen moldaram-se no clássico para trazer o novo.
E seu etilo soube prevalecer de forma bem bacana: O que dizer do urso montando um cavalo?
Quanto ao Ocar para Jeff Bridges, desconhecia esse fato interessante. Seria bem bacana se ele ganhasse. Porém, acho difícil devido ao fato de ele já ter ganhado ano passado e também o páreo duro.
Parabéns!
Mais sobre a minha opinião: http://dimensaocinema.blogspot.com/2011/02/bravura-indomita.html#more
Espero que goste!


Mais um grande exemplar dos Coen.
Realmente seria bacana se Bridges ganhasse o Oscar, mas acho que Colin Firth leva essa.
Achei Hailee Steinfeid incrível no filme. Essa garota tem um futuro promissor.

http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2011/02/bravura-indomita.html

Abraço,
Thomás

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