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ALÉM DA VIDA
Posted by Clenio
on
23:03
in
CINEMA 2011
"Além da vida", apesar do título e da sinopse não pode ser considerado um filme de temática espírita. Também é um estranho no ninho dentro da filmografia do veterano Clint Eastwood, tanto por seu assunto quanto por sua estrutura. E principalmente é um filme que não faz grandes concessões ao comercial, optando por um caminho menos fácil para chegar ao coração e ao cérebro de seu público. Talvez por essa sua recusa em apelar para os clichês mais óbvios, tenha sido um dos filmes menos bem-sucedidos financeiramente do cineasta. Somado ao ritmo extremamente lento do roteiro de Peter Morgan - indicado ao Oscar por "A rainha" e "Frost/Nixon" - o desenvolvimento
A estrutura de "Além da vida" lembra as obras da dupla Guillermo Arriaga/Alejandro González Iñarritu, que apresentam histórias aparentemente sem conexão que se encontram no desfecho em um desfecho que faz todo o sentido. No filme de Eastwood, três personagens de diferentes partes do mundo lidam com as dúvidas a respeito do outro lado da vida. Em Paris, a jornalista Marie LeLay (Cécile de France) tenta se recuperar do trauma de ter sobrevivido a um tsunami na Tailândia - em uma sequência assustadora que bota todo "2012" no chinelo e que provavelmente é responsável pela inclusão do filme na disputa pelo Oscar de efeitos visuais - escrevendo um livro sobre sua experiência de quase-morte. Em San Francisco, o vidente George Lonegan (Matt Damon) luta contra a ambição de seu irmão Billy (Jay Mohr), que quer capitalizar em cima de seu dom (que ele considera uma maldição). E em Londres, o pequeno Marcus (Frankie e George McLaren) busca contato com o irmão gêmeo morto tragicamente, enquanto suporta o fato de ter sido afastado da mãe viciada em drogas. Suas lutas para entender/conviver com a morte convergem para uma feira literária na Inglaterra, onde o destino (ou o que quer que seja que leva seu nome) os unirá para definir seus futuros.
É preciso ter muita paciência ao assistir-se a "Além da vida". Seu ritmo devaagar-quase parando requer da audiência uma dedicação além do corriqueiro, o que não é nada surpreendente ao tratar-se de um filme de Eastwood, que sempre primou por contar suas histórias com seu timing particular. O problema aqui é que, ao dividir a atenção entre três tramas cujos desenvolvimentos são de interesses variados, ele perde sua conexão com a audiência. Enquanto a história de Marcus e sua saudade do irmão gêmeo emociona de verdade, são pouco comoventes as dúvidas de Marie em relação à sua carreira, ainda que Cecile De France seja uma atriz bastante competente. No entanto, em seu medo de apelar para o piegas, Clint perde sua chance de envolver o público e fazê-lo se importar de verdade com suas personagens. Até mesmo a trilha sonora (do próprio diretor) evita o grandioso, tornando-se quase invisível.
No final das contas, "Além da vida" é um filme que não tenta, de forma alguma, empurrar qualquer doutrina ou religião. É uma obra que prefere falar sobre pessoas e suas dúvidas, ainda que essa opção diminua suas chances de ser mais popular. É lento, mas antes de qualquer coisa é um trabalho que merece ser admirado por sua sutileza e pelo bom-gosto em seu jeito de retratar de um assunto que ainda rende muita discussão. Está muito longe de ser o melhor de Clint Eastwood, mas ainda dá pra confiar no veterano diretor.
Mais cinema em www.cinematotal.com.br e www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com
A estrutura de "Além da vida" lembra as obras da dupla Guillermo Arriaga/Alejandro González Iñarritu, que apresentam histórias aparentemente sem conexão que se encontram no desfecho em um desfecho que faz todo o sentido. No filme de Eastwood, três personagens de diferentes partes do mundo lidam com as dúvidas a respeito do outro lado da vida. Em Paris, a jornalista Marie LeLay (Cécile de France) tenta se recuperar do trauma de ter sobrevivido a um tsunami na Tailândia - em uma sequência assustadora que bota todo "2012" no chinelo e que provavelmente é responsável pela inclusão do filme na disputa pelo Oscar de efeitos visuais - escrevendo um livro sobre sua experiência de quase-morte. Em San Francisco, o vidente George Lonegan (Matt Damon) luta contra a ambição de seu irmão Billy (Jay Mohr), que quer capitalizar em cima de seu dom (que ele considera uma maldição). E em Londres, o pequeno Marcus (Frankie e George McLaren) busca contato com o irmão gêmeo morto tragicamente, enquanto suporta o fato de ter sido afastado da mãe viciada em drogas. Suas lutas para entender/conviver com a morte convergem para uma feira literária na Inglaterra, onde o destino (ou o que quer que seja que leva seu nome) os unirá para definir seus futuros.
É preciso ter muita paciência ao assistir-se a "Além da vida". Seu ritmo devaagar-quase parando requer da audiência uma dedicação além do corriqueiro, o que não é nada surpreendente ao tratar-se de um filme de Eastwood, que sempre primou por contar suas histórias com seu timing particular. O problema aqui é que, ao dividir a atenção entre três tramas cujos desenvolvimentos são de interesses variados, ele perde sua conexão com a audiência. Enquanto a história de Marcus e sua saudade do irmão gêmeo emociona de verdade, são pouco comoventes as dúvidas de Marie em relação à sua carreira, ainda que Cecile De France seja uma atriz bastante competente. No entanto, em seu medo de apelar para o piegas, Clint perde sua chance de envolver o público e fazê-lo se importar de verdade com suas personagens. Até mesmo a trilha sonora (do próprio diretor) evita o grandioso, tornando-se quase invisível.
No final das contas, "Além da vida" é um filme que não tenta, de forma alguma, empurrar qualquer doutrina ou religião. É uma obra que prefere falar sobre pessoas e suas dúvidas, ainda que essa opção diminua suas chances de ser mais popular. É lento, mas antes de qualquer coisa é um trabalho que merece ser admirado por sua sutileza e pelo bom-gosto em seu jeito de retratar de um assunto que ainda rende muita discussão. Está muito longe de ser o melhor de Clint Eastwood, mas ainda dá pra confiar no veterano diretor.
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