HANNAH
Saoirse Ronan (a garotinha indicada ao Oscar de coadjuvante por "Desejo e reparação") vive a personagem-título, uma menina criada isolada do mundo e treinada por seu pai, um ex-agente da CIA (vivido pelo sempre ótimo Eric Bana) para tornar-se uma assassina perfeita. Sem contato algum com qualquer tipo de tecnologia e outros seres humanos, ela, aos 16 anos e considerada pronta em sua preparação, sai de sua cabana na Finlândia para o mundo, especialmente com o objetivo de fugir da misteriosa agente Marissa Wiegler (a esplêndida Cate Blanchett), que tem por objetivo principal eliminá-la - por motivos que o roteiro só irá esclarecer aos poucos.
O roteiro de "Hannah" não é exatamente um primor quando se trata de aprofundar suas personagens, que nunca ultrapassam o tom superficial e um tanto onírico da trama (que, segundo o cineasta, buscou inspiração em contos dos irmãos Grimm). No entanto, Wright surpreende muito positivamente nas sequências em que a protagonista vai à luta (literalmente): ao som da trilha espetacular de Chemical Brothers e com uma edição inteligente, o filme não deixa nada a dever a outras obras estreladas por heroínas femininas, como "Salt" e "Nikita" (aqui, claramente uma referência). Nesse quesito, a jovem Ronan mostra todo o potencial de tornar-se uma das atrizes mais importantes de sua geração: além de sair-se muito bem como matadora, ela também é capaz de transmitir toda a gama de emoções que sua personagem exige (e já dá pra ficar com água na boca de imaginar sua nova colaboração com Wright, na refilmagem de "Anna Karenina").
"Hannah" é visualmente arrebator desde sua primeira cena e, graças a seu diretor extremamente talentoso e um elenco impecável, consegue ser um dos entretenimentos mais consistentes do ano. Infelizmente, só mesmo em DVD...