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UM DIVÃ PARA DOIS
Posted by Clenio
on
20:45
in
CINEMA 2012
Pelo trailer parecia uma comédia - e contar com o ótimo Steve Carell no elenco reforçava ainda mais essa impressão. Mas o fato é que "Um divã para dois", apesar de vendido como uma alternativa cômica para um público mais velho e mais exigente - que não costuma enfrentar filas para assistir a adaptações de histórias em quadrinhos - é, na verdade, um drama que, apesar de alguns toques engraçadinhos, fala sobre um assunto pouco explorado pelo cinema ianque: o amor e o sexo na meia-idade. E conta com mais um show particular de Meryl Streep.
Em seu primeiro lançamento depois do merecido Oscar por "A dama de ferro", Streep opta pelo viés minimalista de atuação para interpretar a dona-de-casa Kay, uma cinquentona que, ao completar 31 anos de casamento com o taciturno Arnold (especialidade de Tommy Lee Jones) resolve dar um gás na relação e recuperar a paixão dos primeiros tempos. Para isso, ela investe todas as suas economias em um tratamento intensivo com um famoso terapeuta de casais (Steve Carell, bem mais contido do que o costume) em uma cidade afastada de seus territórios. A princípio relutante em expor seus sentimentos e falar sobre coisas íntimas, Arnold aos poucos passa a perceber a importância de tudo para a esposa, uma mulher reprimida e calada que ainda o ama, apesar do desgaste causado pelo tempo. E os dois começam a tentar, então, buscar o tesão adormecido.
Quem for ao cinema esperando dar gargalhadas certamente vai se decepcionar. O roteiro de Vanessa Taylor (que tem no currículo alguns episódios da série "Game of thrones") foge das piadas fáceis, preferindo manter seu foco na problemática relação entre os protagonistas e na angústia de Kay na sua desesperada busca pelo tempo perdido. E se Tommy Lee Jones mantém o mesmo rosto pétreo que lhe deu fama - e o Oscar de coadjuvante por "O fugitivo" - sua companheira de cena deita e rola em um papel que não poderia lhe ser mais apropriado. Seja nos momentos mais leves ou naqueles em que precisa mostrar porque é a atriz das atrizes, Meryl Streep simplesmente transforma qualquer cena em um espetáculo à parte. É o olhar de mágoa contida de Streep nas consultas com o terapeuta e o sorriso que dá ao perceber o abraço do marido depois de uma noite dormida na mesma cama, por exemplo, que fazem com que "Um divã para dois" ultrapasse o nível de sessão da tarde para proporcionar um pouco mais de substância ao público.
Contando com as participações "piscou perdeu" de Elisabeth Shue e Mimi Rogers, "Um divã para dois" só não é melhor porque derrapa no clichê em seu terço final. Mas a direção elegante de David Frankel - voltando a trabalhar com Streep depois do sucesso de "O diabo veste Prada" - compensa a sensação de previsibilidade. E nada como, de vez em quando, assistir a um filme com poucas ambições...
Em seu primeiro lançamento depois do merecido Oscar por "A dama de ferro", Streep opta pelo viés minimalista de atuação para interpretar a dona-de-casa Kay, uma cinquentona que, ao completar 31 anos de casamento com o taciturno Arnold (especialidade de Tommy Lee Jones) resolve dar um gás na relação e recuperar a paixão dos primeiros tempos. Para isso, ela investe todas as suas economias em um tratamento intensivo com um famoso terapeuta de casais (Steve Carell, bem mais contido do que o costume) em uma cidade afastada de seus territórios. A princípio relutante em expor seus sentimentos e falar sobre coisas íntimas, Arnold aos poucos passa a perceber a importância de tudo para a esposa, uma mulher reprimida e calada que ainda o ama, apesar do desgaste causado pelo tempo. E os dois começam a tentar, então, buscar o tesão adormecido.
Quem for ao cinema esperando dar gargalhadas certamente vai se decepcionar. O roteiro de Vanessa Taylor (que tem no currículo alguns episódios da série "Game of thrones") foge das piadas fáceis, preferindo manter seu foco na problemática relação entre os protagonistas e na angústia de Kay na sua desesperada busca pelo tempo perdido. E se Tommy Lee Jones mantém o mesmo rosto pétreo que lhe deu fama - e o Oscar de coadjuvante por "O fugitivo" - sua companheira de cena deita e rola em um papel que não poderia lhe ser mais apropriado. Seja nos momentos mais leves ou naqueles em que precisa mostrar porque é a atriz das atrizes, Meryl Streep simplesmente transforma qualquer cena em um espetáculo à parte. É o olhar de mágoa contida de Streep nas consultas com o terapeuta e o sorriso que dá ao perceber o abraço do marido depois de uma noite dormida na mesma cama, por exemplo, que fazem com que "Um divã para dois" ultrapasse o nível de sessão da tarde para proporcionar um pouco mais de substância ao público.
Contando com as participações "piscou perdeu" de Elisabeth Shue e Mimi Rogers, "Um divã para dois" só não é melhor porque derrapa no clichê em seu terço final. Mas a direção elegante de David Frankel - voltando a trabalhar com Streep depois do sucesso de "O diabo veste Prada" - compensa a sensação de previsibilidade. E nada como, de vez em quando, assistir a um filme com poucas ambições...