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KATY PERRY - PART OF ME
Posted by Clenio
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03:08
in
CINEMA 2012
A afirmação soará óbvia, mas é indispensável: o misto de documentário e musical "Katy Perry - Part of Me" é nada mais do que um veículo para sua estrela, sem maiores pretensões além de divertir a plateia de fãs e eventuais curiosos. Como tal, funciona que é uma maravilha. Está longe de ser um trabalho memorável dentro da história do cinema, mas quem busca duas horas de música pop de qualidade - e uma certa dose de voyeurismo - vai encontrar o programa ideal, coroado com uma bela edição em 3D.
Seguindo a mesma receita do famigerado "Na cama com Madonna" - bastidores de uma turnê milionária intercalados com apresentações de inúmeras canções - o filme co-dirigido por Dan Cuthforth e Jane Lipsitz deixa de lado as polêmicas que fizeram a glória da material girl para concentrar-se no lado família e dedicado de Perry, retratada no documentário como uma moça talentosa, carismática, de boa base familiar e extremamente atenciosa com os fãs. A julgar pelo que é mostrado, a moça que invadiu as paradas de sucesso cantando que beijou uma garota - e nunca mais saiu delas - é praticamente um exemplo de tudo que uma artista deve ser, sem defeitos aparentes e vítima da eterna sina que se abate sobre as mulheres bem-sucedidas: o fracasso na vida amorosa.
Em um ato de coragem - alguns diriam exibicionismo - Perry se deixa flagrar aos prantos praticamente na hora de iniciar seu show em São Paulo, abalada com o pedido de divórcio do marido Russell Brand (uma figurinha detestável bastante popular nos EUA mas um ilustre desconhecido no Brasil) via torpedo de celular. Isso não a impede de realizar um espetáculo memorável e caloroso - que culmina com uma bela versão de "The one that got away" - aplaudido entusiasticamente pela plateia, formada em sua maioria por adolescentes que, segundo os depoimentos que abrem e fecham o filme, veem na cantora um exemplo a ser seguido em termos de autoestima e perseverança.
E perseverança nunca faltou na vida de Perry, a filha caçula de um pastor que viajava pelos EUA pregando a palavra de Deus e contando com as duas filhas para fazer parte de sua caravana. Cansada de entoar cânticos gospel, ela encontrou inspiração nas letras confessionais e contundentes da canadense Alanis Morrissete e, com a bênção de seu produtor musical Glen Ballard, foi à luta. Dois anos demoraram até que "I kissed a girl" estourasse e, seguindo-se a ela, meia dúzia de deliciosas canções que falam basicamente de amor, autoconfiança, alto astral e crises existenciais apropriadas para a faixa etária que é seu alvo. O filme conta sua trajetória de maneira despretensiosa e leve, equilibrando depoimentos carinhosos de seus colegas de trabalho e família com números musicais dançantes e com o carisma incontestável da protagonista. Nada muito denso, como convém a um produto confessamente comercial.
Recomendado a todos aqueles que não resistem à simpatia da cantora (ou não são fãs xiitas de rock pesado) "Katy Perry - Part of Me" é nada mais do que isso: um produto a ser consumido com voracidade, como um pedaço de bolo de chocolate. É delicioso, mas dá uma culpa danada de gostar.
Seguindo a mesma receita do famigerado "Na cama com Madonna" - bastidores de uma turnê milionária intercalados com apresentações de inúmeras canções - o filme co-dirigido por Dan Cuthforth e Jane Lipsitz deixa de lado as polêmicas que fizeram a glória da material girl para concentrar-se no lado família e dedicado de Perry, retratada no documentário como uma moça talentosa, carismática, de boa base familiar e extremamente atenciosa com os fãs. A julgar pelo que é mostrado, a moça que invadiu as paradas de sucesso cantando que beijou uma garota - e nunca mais saiu delas - é praticamente um exemplo de tudo que uma artista deve ser, sem defeitos aparentes e vítima da eterna sina que se abate sobre as mulheres bem-sucedidas: o fracasso na vida amorosa.
Em um ato de coragem - alguns diriam exibicionismo - Perry se deixa flagrar aos prantos praticamente na hora de iniciar seu show em São Paulo, abalada com o pedido de divórcio do marido Russell Brand (uma figurinha detestável bastante popular nos EUA mas um ilustre desconhecido no Brasil) via torpedo de celular. Isso não a impede de realizar um espetáculo memorável e caloroso - que culmina com uma bela versão de "The one that got away" - aplaudido entusiasticamente pela plateia, formada em sua maioria por adolescentes que, segundo os depoimentos que abrem e fecham o filme, veem na cantora um exemplo a ser seguido em termos de autoestima e perseverança.
E perseverança nunca faltou na vida de Perry, a filha caçula de um pastor que viajava pelos EUA pregando a palavra de Deus e contando com as duas filhas para fazer parte de sua caravana. Cansada de entoar cânticos gospel, ela encontrou inspiração nas letras confessionais e contundentes da canadense Alanis Morrissete e, com a bênção de seu produtor musical Glen Ballard, foi à luta. Dois anos demoraram até que "I kissed a girl" estourasse e, seguindo-se a ela, meia dúzia de deliciosas canções que falam basicamente de amor, autoconfiança, alto astral e crises existenciais apropriadas para a faixa etária que é seu alvo. O filme conta sua trajetória de maneira despretensiosa e leve, equilibrando depoimentos carinhosos de seus colegas de trabalho e família com números musicais dançantes e com o carisma incontestável da protagonista. Nada muito denso, como convém a um produto confessamente comercial.
Recomendado a todos aqueles que não resistem à simpatia da cantora (ou não são fãs xiitas de rock pesado) "Katy Perry - Part of Me" é nada mais do que isso: um produto a ser consumido com voracidade, como um pedaço de bolo de chocolate. É delicioso, mas dá uma culpa danada de gostar.