Era uma vez uma linda mulher de olhos e cabelos negros que gostava da Jovem Guarda, de Rock Hudson e que, quando criança, pobre e sonhadora, tinha como sonho de consumo ganhar uma boneca - a ponto de dormir de braço estendido esperando acordar com ela a seu lado.
Era uma vez uma mulher que, afastada dos pais e ao lado da irmã mais nova, trabalhou e estudou para terminar a escola porque tinha, entre seus inúmeros planos, formar-se e provar a si mesma sua capacidade de superar-se.
Era uma vez uma mulher que, como todas da sua geração, casou-se romanticamente esperando uma vida inteira de felicidade, amor e companheirismo ao lado do marido e da família que tinha certeza que iria construir.
Era uma vez uma mulher que deu a seu primeiro filho todo o amor, a atenção, o carinho que uma mãe de primeira viagem apaixonada pelo seu bebê poderia dar. Uma mãe cuidadosa, amorosa, dedicada e linda como poucas.
Era uma vez uma mulher que, mãe de três filhos, deixou a preguiça de lado e voltou a estudar. Acabou o magistério e foi à luta pra começar uma faculdade. Era uma mulher que, trabalhando como professora, ainda arrumava tempo pra cuidar - bem - da família, do marido e da casa.
Era uma vez uma mulher forte, determinada, decidida, que mantinha a família toda unida, como uma cola que os impedisse de separar-se ou ruir. Uma mulher que escondia sua fragilidade por trás da fachada de uma fortaleza através da qual não deixava ninguém vislumbrar suas noites tristes.
Era uma vez uma mulher que lutou contra todos os reveses de sua vida, mantendo sempre de pé a sua fé inabalável em Deus. Uma mulher que encontrava forças em lugares inimagináveis para seguir em frente e dar o exemplo aos filhos. Que ficava ao lado deles nos momentos mais cruéis, e passava por cima de suas decepções para provar seu amor incondicional.
Era uma vez uma professora por vocação. Uma mestra que tinha centenas de discípulos apaixonados, que fazia cursos mil (e gravava canções infantis horrorosas para ensinar aos coitados...) Uma profissional reconhecida, ainda que mal-remunerada como todas as colegas de ofício.
Era uma vez uma mulher linda, vaidosa, que adorava rir das piadas mais bobas, que tinha entre seus filmes preferidos coisas tão variadas quanto "Platoon", "A cor púrpura", "Uma linda mulher" e "O guarda-costas".
Esta mulher - exemplo absoluto de todas as qualidades que uma mulher pode ter - não é uma lenda. É uma verdade (e nessas horas até dá pra acreditar que Deus existe). É uma mulher deslumbrantemente linda, doce, forte, sensivel e como todas as mães, um tanto quanto paranóica e especializada em chantagens sentimentais.
Esta mulher - a quem eu amo mais do que tudo - é a minha amada mãe, que está de aniversário hoje.
Queria estar mais perto dela, não só hoje, mas sempre. Queria dividir com ela minhas alegrias, meus problemas, minhas dúvidas. Mas a distância física nos impede de um contato mais próximo. Sabemos, no entanto, que nossos corações estão sempre intimamente unidos, porque o que nos liga é um amor muito, muito forte.
Só tenho a agradecer à minha mãe por tudo que ela me ensinou e ainda ensina, por todos os meus erros que ela perdoou e ainda perdoa, por todo o carinho e o amor que ela sempre me deu e ainda dá.
Se existe alguém que merece ser a pessoa mais feliz do mundo, ela se chama Zoir.
Te amo, mãe, mais do que tudo! Feliz aniversário!
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