A ORIGEM
Há quanto tempo que você não tem a sensação de, ao assistir a um filme, ser sequestrado e levado para um mundo à parte, como se tivesse sido hipnotizado? Se parou pra pensar é porque faz muito tempo que um filme como "A origem" não surge nas telas de cinema, tão mal acostumadas a uma dieta anêmica de bobagens para consumo rápido e esquecível. Dirigido por Christopher Nolan - que ressuscitou a franquia "Batman" de forma assombrosa -, o filme estrelado por Leonardo DiCaprio e um elenco dos sonhos é uma das mais impressionantes manifestações cinematográficas dos últimos anos, capaz de dar um nó na cabeça do mais perspicaz dos espectadores e surpreendê-lo com um final não apenas emocionante como coerente e de uma inteligência rara no cinemão americano.
O próprio Nolan é o roteirista de "A origem" - e levando-se em conta que ele também criou "Amnésia", em 2001, o sujeito tem fetiche por confundir a mente das plateias. Aqui ele criou um universo tão, mas tão surreal que só resta ao público fechar os olhos e embarcar sem cinto de segurança em uma trama fascinante que mistura cenas de ação inacreditáveis, uma história de amor realmente comovente e um clima abstrato de dar inveja a David Lynch - sem as bizarrices do pai de Laura Palmer.
A história de "A origem" é difícil de resumir. Basicamente, pode-se dizer, sem estragar as surpresas do impecável roteiro, que DiCaprio (que não ajuda nem atrapalha) interpreta um profissional que vive de invadir os sonhos das pessoas para roubar-lhes os segredos mais íntimos. Impedido de entrar nos EUA devido a trágicos acontecimentos passados que envolvem sua esposa (a sempre bela e ótima atriz Marion Cottilard), ele cede à tentação de desafiar a si mesmo e ir além do corriqueiro, plantando na mente de um empresário ideias que favorecerão seu rival profissional. Contando com a ajuda de uma equipe talentosa e bem treinada, ele entra no perigoso terreno dos sonhos dentro dos sonhos.
Sim, é complexo. Sim, é uma viagem total. Sim, é necessária uma atenção total. Mas vale a pena cada minuto. "A origem" é criativo, diferente, empolgante. E é talvez o melhor filme do ano até agora. Corra já para o cinema!
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