DEZ LIVROS PREFERIDOS
1 - À LESTE DO EDEN (John Steinbeck) - A recriação da história de Caim e Abel em uma fazenda norte-americana é uma das mais poderosas sagas familiares já escritas. Dividido em duas partes que não deixam nada a desejar uma à outra, teve sua segunda metade adaptada para o cinema em 1955, com direção de Elia Kazan e estrelada por James Dean. Reunião de talentos inegáveis. Impossível largar a leitura.
2 - O ANJO PORNOGRÁFICO (Ruy Castro) - Um dos maiores biógrafos brasileiros também escreveu a genial biografia de Garrincha, "Estrela solitária". Mas, ao contar a trajetória do genial Nelson Rodrigues, do nascimento em Pernambuco à morte no Rio de Janeiro, ele não apenas dissecou a obra do dramaturgo, escritor, jornalista e polemista: ele escreveu um livro de não-ficção que se lê como o melhor dos romances. Já li umas duzentas vezes. E sempre me apaixono.
3 - ASSASSINATO NO ORIENT EXPRESS (Agatha Christie) - A dama inglesa do mistério me fascinou desde o primeiro encontro. Inteligente, criativa e dona de um senso de humor afiado (além de criadora do infame Hercule Poirot), Agatha Christie escreveu centenas de livros, mas nenhum tão surpreendente, envolvente e inacreditável quanto este, todo passado em uma viagem de trem: se nunca leu, tente adivinhar o final. É um desafio!
4 - UMA CASA NO FIM DO MUNDO (Michael Cunningham) - O autor da obra-prima "As horas" tem outros dois romances imperdíveis: "Laços de sangue" e este drama familiar arrebatador, que apresenta personagens tão reais que chega a doer. Dono de uma prosa poética e vigorosa, Cunningham fez apenas uma coisa errada com sua história: adaptou-a para o cinema, em um filme anêmico que não chega aos pés do original literário. Além de tudo, tem uma trama que empresta romantismo ao tema da "família alternativa"...
5 - O CONTINENTE (Érico Veríssimo) - Não é bairrismo. É porque realmente Érico Veríssimo escreveu uma das maiores obras da literatura mundial. O começo da saga da família Terra Cambará é também uma metáfora pouco disfarçada do início do Rio Grande do Sul, com sua miscigenação, seus costumes arraigados e seus conceitos de honra bem definidos em personagens icônicos como Ana Terra e Capitão Rodrigo. Para ler e reler sempre!
6 - DOM CASMURRO (Machado de Assis) - Qualquer leitor que tem coragem de maldizer o maior autor brasileiro de todos os tempos provavelmente foi obrigado a encará-lo no momento errado da vida. Autor de coisas preciosas como "Memórias póstumas de Brás Cubas", Machado de Assis criou, em "Dom Casmurro", sua obra máxima, um complexo estudo sobre obsessão, ciúme e fidelidade, com uma protagonista que muitos escritores apenas sonham em criar: a bela Capitu, com seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada.
7 - A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER (Milan Kundera) - Filosofia na veia, disfarçada de história de amor: assim o tcheco Milan Kundera conquistou o mundo nos anos 80. Ao versar sobre o estranho relacionamento entre o médico Tomas e a fotógrafa Tereza, ele discorreu sobre o verdadeiro amor, sobre a solidão, sobre política e sobre sexo com a mesma fluência. Marcou uma geração inteira com frases lapidares e insights geniais sobre a vida a dois, a três, a quatro...
8 - MANSON (Vincent Bugliosi) - Em 1969, um grupo de hippies que se auto-chamava de "A família" assassinou violentamente a atriz Sharon Tate (esposa de Roman Polanski, grávida de oito meses), assim como um casal de meia-idade. Influenciados por um líder de nome Charles Manson - que se proclamava a reencarnação de Jesus Cristo - eles foram à júri popular, em um dos julgamentos mais famosos da história dos EUA. O promotor do caso, Vincent Bugliosi, contou com detalhes os homicídios, a investigação e o processo criminal em um livro absolutamente fascinante e aterrador. Uma mistura de sangue, drogas e Beatles que está esgotado no Brasil, mas que merece uma nova edição. Impecável.
9 - O RETRATO DE DORIAN GRAY (Oscar Wilde) - Dono de uma verve inigualável, o irlandês Oscar Wilde adorava destilar seu veneno contra a burguesia inglesa - que pagou tudo o jogando na prisão por ser homossexual. Sua obra-prima continua impressionante até os dias de hoje: Dorian Gray é um jovem cuja beleza estonteante jamais envelhece (ao contrário de um retrato seu, pintado por um amigo, que se deteriora a cada sofrimento que o rapaz causa a outras pessoas). Uma fábula atemporal, escrita com inteligência e cinismo. Em tempos de culto cada vez mais exagerado à beleza, não deixa de ser obrigatório.
10 - OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER (Goethe) - Tudo bem que deflagrou uma onda de suicídios adolescentes à época de seu lançamento, mas o livro do alemão Johann Wolfgang von Goethe é mais do que simplesmente um livro-símbolo da melancolia e do amor não correspondido. É uma poesia em prosa, das mais belas e sensíveis já publicadas.