HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 1
Amadurecendo junto com as personagens - exatamente como acontece nos livros e com seus leitores - a série de filmes foi melhorando sensivelmente a cada lançamento e uma prova inconteste dessa afirmação é "Harry Potter e as relíquias da morte - Parte I", que dá início ao "grand finale" imaginado por Rowling e aguardando ansiosamente por qualquer um que tenha adentrado o universo do menino bruxo que vai marcar indelevelmente a carreira do ator Daniel Radcliffe. Dirigido por Peter Yates - que também comandou "A ordem da Fênix" e "O enigma do príncipe" - essa primeira parte do capítulo final (dividido em dois por razões de fidelidade ao livro e também comerciais, obviamente) é, sem dúvida, a melhor de todas. Deixando de lado as piadas corriqueiras e as cenas de ação quase infantis dos primeiros filmes, Yates mergulha sem medo em uma escuridão sem fim, com cenas de arrepiar e com um vilão ainda mais apavorante (interpretado pelo sensacional Ralph Fiennes, o Voldemort cinematográfico é possivelmente tão assustador quanto nos livros).
É totalmente desaconselhável assistir-se a "Harry Potter e as relíquias da morte - Parte I" sem ter assistido aos filmes anteriores. O roteiro de Steve Kloves não perde tempo explicando situações passadas, partindo para a ação desde a primeira cena. Sem tempo a perder, a trama se desenrola com um ritmo invejável - são quase duas horas e meia que passam voando - e com sequências dirigidas com competência ímpar. O trio de atores centrais demonstra uma maturidade surpreendente, não fazendo feio em cenas mais emocionais (como acontece em um dos momentos finais do longa), e o elenco coadjuvante, formado por atores britânicos que dispensam comentários se diverte a olhos vistos (em especial Helena Bonham Carter, dona de uma das melhores cenas). Deixando de lado a ideia de que está fazendo um filme infantil - afinal os fãs de Harry cresceram como ele - Yates não abre mão de cenas de grande tensão e as dirige com elegância: é de destacar também a excelência da fotografia de Eduardo Serra, que usa e abusa da escuridão como metáfora para o mal que circunda as personagens.
Dono dos efeitos visuais mais caprichados da série, o capítulo 7 das aventuras de Harry Potter acerta em cheio, mais uma vez. O difícil é esperar até julho do ano que vem para testemunhar seu epílogo. Haja ansiedade!
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