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O GAROTO DE LIVERPOOL
Posted by Clenio
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19:51
in
CINEMA
É obrigatório para qualquer fã dos Beatles assistir a "O garoto de Liverpool". Ao focalizar a juventude de John Lennon e suas relações problemáticas com suas duas mães - a verdadeira e a de criação - o filme da artista plástica Sam Taylor-Wood conta uma história pouco conhecida de um dos músicos mais importantes da história do rock - uma história de partir o coração, que apenas os mais detalhistas seguidores da banda conheciam com detalhes. Sensível e delicada, a diretora realizou seu primeiro longa-metragem sem apelar para as armadilhas melodramáticas nas quais poderia facilmente cair. Sorte do público, que tem acesso a um pequeno grande filme que teve um lançamento discreto nos cinemas brasileiros.
Quando o filme começa, Lennon já é um adolescente (vivido pelo ótimo Aaron Johnson, que se não chega a ser idêntico ao verdadeiro Beatle ao menos é um ator bastante convincente). Depois da repentina morte de seu tio - com quem ele mora desde a infância - ele reencontra sua mãe, Julia (a excelente Anne-Marie Duff), que o abandonara aos cinco anos de idade aos cuidados de sua irmã, Mimi (Kristin Scott-Thomas, que nem precisa falar muito para transmitir todas as emoções da personagem). Reaproximando-se dela, Lennon inicia um gradativo afastamento de sua tia, uma mulher de modos severos mas completamente dedicada ao sobrinho. Enquanto inicia sua carreira como músico, ele divide-se entre as duas irmãs, tentando juntar todas as peças de seu passado.
Sem concentrar-se na carreira musical de Lennon, o filme de Taylor-Wood prefere dedicar-se às relações inter-pessoais do futuro ídolo, que seriam fundamentais em sua obra (a bela canção "Mother", por exemplo, encerra o filme com chave de ouro). Sem jamais citar o nome Beatles - e precisa?? - o roteiro, inspirado no livro de memórias de Julia Baird (irmã de John), mostra o início da amizade de Lennon e Paul McCartney (interpretado por Thomas Sangster, o menininho apaixonado de "Simplesmente amor"), seus problemas escolares e até mesmo suas crises de raiva. Humanizando ao extremo seu protagonista, a cineasta (que, aos 40 anos casou-se com seu astro de 20) conta uma história de alcance universal: mesmo que depois do final do filme John Lennon não tivesse ido para a Alemanha iniciar a fulgurante carreira dos Beatles (tema do ótimo "Backbeat, os cinco rapazes de Liverpool) e se tornado um dos maiores ídolos da história da música, sua história seria interessante do mesmo jeito. Tudo graças ao bom gosto extremo da produção.
Mesmo que a música seja apenas uma coadjuvante do filme, a trilha sonora de "O garoto de Liverpool" não cai no clichê de preencher suas cenas com as canções dos Beatles - que ainda não existiam na época retratada. Se por um lado talvez isso frustre os fãs da banda, por outro reitera a inteligência da diretora, que escolheu a dedo músicas que influenciaram diretamente a obra do protagonista - estão presentes Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, Little Richard e Chuck Berry, entre outros. Ou seja, o filme é uma festa para os ouvidos, assim como para os olhos e o coração.
"O garoto de Liverpool" é um filme caloroso, bem realizado e que encontra em seus atores as encarnações perfeitas de suas personagens. Para figurar nas listas das cinebiografias indispensáveis.
Mais cinema em www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com e www.cinematotal.com.br
Quando o filme começa, Lennon já é um adolescente (vivido pelo ótimo Aaron Johnson, que se não chega a ser idêntico ao verdadeiro Beatle ao menos é um ator bastante convincente). Depois da repentina morte de seu tio - com quem ele mora desde a infância - ele reencontra sua mãe, Julia (a excelente Anne-Marie Duff), que o abandonara aos cinco anos de idade aos cuidados de sua irmã, Mimi (Kristin Scott-Thomas, que nem precisa falar muito para transmitir todas as emoções da personagem). Reaproximando-se dela, Lennon inicia um gradativo afastamento de sua tia, uma mulher de modos severos mas completamente dedicada ao sobrinho. Enquanto inicia sua carreira como músico, ele divide-se entre as duas irmãs, tentando juntar todas as peças de seu passado.
Sem concentrar-se na carreira musical de Lennon, o filme de Taylor-Wood prefere dedicar-se às relações inter-pessoais do futuro ídolo, que seriam fundamentais em sua obra (a bela canção "Mother", por exemplo, encerra o filme com chave de ouro). Sem jamais citar o nome Beatles - e precisa?? - o roteiro, inspirado no livro de memórias de Julia Baird (irmã de John), mostra o início da amizade de Lennon e Paul McCartney (interpretado por Thomas Sangster, o menininho apaixonado de "Simplesmente amor"), seus problemas escolares e até mesmo suas crises de raiva. Humanizando ao extremo seu protagonista, a cineasta (que, aos 40 anos casou-se com seu astro de 20) conta uma história de alcance universal: mesmo que depois do final do filme John Lennon não tivesse ido para a Alemanha iniciar a fulgurante carreira dos Beatles (tema do ótimo "Backbeat, os cinco rapazes de Liverpool) e se tornado um dos maiores ídolos da história da música, sua história seria interessante do mesmo jeito. Tudo graças ao bom gosto extremo da produção.
Mesmo que a música seja apenas uma coadjuvante do filme, a trilha sonora de "O garoto de Liverpool" não cai no clichê de preencher suas cenas com as canções dos Beatles - que ainda não existiam na época retratada. Se por um lado talvez isso frustre os fãs da banda, por outro reitera a inteligência da diretora, que escolheu a dedo músicas que influenciaram diretamente a obra do protagonista - estão presentes Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, Little Richard e Chuck Berry, entre outros. Ou seja, o filme é uma festa para os ouvidos, assim como para os olhos e o coração.
"O garoto de Liverpool" é um filme caloroso, bem realizado e que encontra em seus atores as encarnações perfeitas de suas personagens. Para figurar nas listas das cinebiografias indispensáveis.
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