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UM LUGAR QUALQUER

Posted by Clenio on 13:38 in
Quando estreou como atriz, em um papel-chave do capítulo final da trilogia "O poderoso chefão", Sofia Coppola foi praticamente apedrejada pela crítica e pelo público - e quem assistiu ao filme sabe que foi merecido. Dez anos depois, porém, ela se reinventou e, como roteirista e diretora, lançou o elogiado "As virgens suicidas", um delicado drama baseado no romance de Jeffrey Eugenides. Em 2003, ganhou um Oscar pelo roteiro do simpático "Encontros e desencontros" - que também lhe deu uma indicação às estatuetas de melhor filme e direção. O fracasso comercial e de crítica de "Maria Antonieta", versão modernosa estrelada por Kirsten Dunst não abalou sua carreira e em 2010, ela levou o prêmio de melhor direção no Festival de Veneza por "Um lugar qualquer", sua quarta incursão por trás das câmeras. Os detratores acusaram-na de ter se privilegiado do fato de seu ex-namorado Quentin Tarantino ter sido o presidente do júri. Os fãs fizeram ouvidos de mercador à ideia. Mas e o público médio frequentador de cinema? O que eles podem achar de seu filme?


Em primeiro lugar é preciso que se esclareça que a filmografia de Sofia não é exatamente direcionada ao público médio - ao menos ao público médio que gosta de diversão ligeira e que não exija muito do cérebro. Até mesmo "Encontros e desencontros" - seu filme mais popular - não é exatamente fácil. Sua obra mais pessoal normalmente é contemplativa, com ritmo de cinema europeu e com tramas quase imperceptíveis, quase como uma sucessão de pequenas anedotas ligadas por um fio de roteiro. Isso funcionou muito bem no encontro entre Bill Murray e Scarlett Johansson em "Encontros". Mas cansa depois de quinze minutos em "Um lugar qualquer".

Mais uma vez o protagonista é um ator de cinema. Johnny Marco (vivido por um Stephen Dorff eficiente mas sem carisma) é um astro de Hollywood, adorado pelo público mas cuja vida pessoal - como normalmente acontece em filmes que falam do lado obscuro da fama - é uma bagunça. Pulando de cama em cama, de relacionamento vazio em relacionamento vazio, ele passa por uma séria crise existencial, em que vê a apatia tomar conta de sua vida. Seu dia-a-dia só experimenta uma novidade quando ele recebe a visita da filha pré-adolescente Cleo (Elle Fanning, irmã de Dakota que prova que talento pode ser genético). É por causa de Cleo que ele começa a perceber que a vida é bem mais do que entrevistas coletivas, festas, coquetéis e sexo casual. E por causa dela ele descobre também que não é uma pessoa tão ruim quanto imaginava.

Deixando de lado o fato de que a trama de "Um lugar qualquer" é clichê até para quem não sabe o significado da palavra, é necessário munir-se de muita paciência para se assistir ao quarto filme de Sofia. Monótono, arrastado e auto-referente, é um exercício de estilo que, ao mesmo tempo em que agrada aos fãs, tortura os desavisados. A bem da verdade não acontece nada durante todos os longos 97 minutos de duração. Tem quem ache que esse nada é algo epifânico e revelador da sensibilidade da diretora. Mas também tem quem acredita - e essa parcela talvez seja maior - que é hora da filha caçula de Francis dar uma nova guinada na carreira e provar que sabe oferecer algo mais além de sono e tédio.

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3 Comments


Acho que a reinvenção da diretora foi um belo achado para o cinema que ganhou uma boa cineasta.

Até hoje gostei de suas produções.

Essa esta na lista para eu assistir ainda esse mês.

Acho que a riqueza e densidade de suas histórias são seu grande talento.


Olha, tá pra ser feito filme mais MALA que esse. Oidei! hehehe


Eu gosto de Sofia Coppola. Gostei do filme.

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