BRUNA SURFISTINHA
Nem dá pra questionar os motivos que levaram o filme a ser feito. Um livro que vendeu tanto obviamente é material pronto para ser levado às telas e chamar a atenção da plateia e render uma grana preta - e ganhar dinheiro, afinal de contas, é o objetivo primordial de qualquer produtor. Se esse filme ainda puder incluir sexo e drogas (dois ingredientes que, sabemos todos, vendem) e ser estrelado por uma atriz popular (ainda que não seja exatamente um primor de talento) não tem erro: sucesso de bilheteria. Dito e feito. "Bruna Surfistinha" foi um grande sucesso de bilheteria, com mais de 1 milhão de espectadores lotando as salas pelo país afora. A pergunta que não quer calar é apenas uma: vale a pena? A resposta é também monossilábica: não.
"Bruna Surfistinha" é ruim. Como cinema e como ideologia. Como cinema, falta um roteiro melhor e personagens mais bem estruturados - a personalidade da protagonista é de uma pobreza franciscana... como ato de rebeldia resolve se prostituir (??!!??) e depois se entrega ao vício da cocaína e entra em declínio (bocejo). As cenas de sexo são rápidas e vulgares, que não excitam nem chocam. A trajetória de Bruna (que descobre todas as verdades da vida depois de ir pra cama com centenas de homens) é narrada de forma monótona e com um certo tom de moralismo que não combina com a personagem. E, convenhamos, Deborah Secco de garota de programa não é novidade pra ninguém... Em cena como Raquel Pacheco (de adolescente de baixa autoestima à piranha de alta classe) a atriz até tenta convencer que é dotada de talento, mas não acrescenta nada a sua coleção de caras e bocas a que todos que assistem a novelas tem acesso. Afirmaram que ela foi corajosa de tirar a roupa e fazer as cenas ousadas do filme. Coragem tem todos que pagaram pra assistir a isso...
"Bruna Surfistinha" tem apenas uma qualidade: seu elenco de apoio. Mas é triste ver nomes como Drica Moraes e Cássio Gabus Mendes (que tem muito mais talento em uma mão do que Deborah no corpo todo) como coadjuvantes - e chega a dar vergonha alheia assistir à própria Bruna em uma pequena participação como hostess de um restaurante, tamanha sua falta absurda de talento. O cineasta estreante Marcus Baldini começou bem em termos comerciais. Mas ainda vai ter que provar que sabe contar uma história de forma decente. "Bruna Surfistinha" é como sua protagonista: não tem carisma nem personalidade. E é ruim de doer.