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QUANDO MENOS SE ESPERA...

Posted by Clenio on 20:04 in


Se existe uma coisa muito irônica nesse mundo é o fato de pessoas aparecerem na nossa vida de uma hora pra outra e se tornarem especiais. Pessoas que a princípio jamais fariam parte do nosso universo - por razões geográficas, em especial - aos poucos assumem um lugar de vital importância em nosso dia-a-dia, em nossos planos, em nossas fantasias mais delirantes. Pessoas com as quais nunca tivemos maiores contatos e que, no entanto, conseguem nos dizer as palavras corretas nas horas certas, nos incentivar, admirar e, mais importante, nos fazer acreditar naquelas qualidades que muitas vezes não percebemos ter.

É estranho como existem pessoas capazes de nos fazer sorrir com uma mensagem pro celular, com um apelido exclusivo, com piadas internas, com a simples lembrança de que existimos. Que conseguem nos fazer acreditar em nós mesmos, na nossa possibilidade de se encantar, de se envolver, de voltar a sonhar com um mundo que nos parecia amputado. Pessoas que, passo a passo, devagar, se embrenham em nossos pensamentos não como uma dívida que não podemos pagar - como cantava Morrissey - mas como um sonho bom que assusta aos despreparados mas soa como uma canção dos Beatles aos ouvidos daqueles que não sabem dizer "não" à amizade.

São pessoas assim, leves, fortes e carinhosas que fazem a vida valer a pena. Que fazem com que os pesadelos sumam diante dos sonhos. Que obrigam as trevas a dar lugar à luz. Que nos empurram em direção a um futuro promissor ao invés de ficarmos presos a um passado triste. E que nos fazem um bem do caralho...

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AMOR IMPOSSÍVEL: UMA DESCULPA

Posted by Clenio on 04:35 in
De todas as desculpas que inventamos para nos isolar da felicidade ou das tentativas reais de alcançá-la, talvez a mais perigosa (por ser também a mais cômoda) é aquela nomeada Amor Impossível - assim mesmo, com iniciais maiúsculas para dar mais imponência, pompa e circunstância. Nada como um Amor Impossível para justificar aquelas noites insones ao som de Adele ou Maysa, bebendo vinho, fumando, soluçando e maldizendo a sorte. Nada melhor do que um velho e bom Amor Impossível para preencher sessões de terapia e os ouvidos dos pobres amigos. Não há melhor invenção do que um Amor Impossível para inspirar canções, livros, filmes, peças de teatro. E principalmente, nada como um Amor Impossível para nos servir de escudo contra possíveis decepções. O problema em esconder-se atrás desse Amor Impossível é que não apenas decepções nós evitamos. Evitamos também aquela coisa pela qual tanto esperamos e que no entanto a tantos assusta: o amor possível.

Escondidos sob o calor de nossa carapaça de estimação ficamos a salvo das intempéries da instável gama de traições humanas. Mas é a desculpa perfeita para a nossa falta de atitude em relação a nossa própria vida. Dizendo a todos - e principalmente a nós mesmos, nossos ouvintes mais crédulos - que estamos presos a um Amor Impossível (inatingível, intocável, perfeito) estamos nos proporcionando o álibi mais sólido que podemos conceber, ainda que muitas vezes ele seja também, sem que o saibamos, nossa pedra sepulcral. Armados com nossa desculpa favorita saímos à rua como se fôssemos a uma guerra, mas esquecemos que até mesmo guerras tem momentos de trégua, na qual inimigos estendem as mãos uns aos outros. Do nosso Amor Impossível não nos separamos nem por um momento: cessar-fogo não é uma opção. Basta um instante de descuido para que uma bala (também conhecido como novo amor) penetre em nossas entranhas, nos levando àquele estado inimaginável de realização sentimental que arruinaria nosso culto à dor.

Nosso Amor Impossível nunca sai de moda. Muda de trilha sonora de acordo com as canções do momento, mas jamais deixa de ter uma. Se transmuta de acordo com o perigo, tal e qual um camaleão: quando o alerta é maior, ele cresce de tamanho a ponto de tornar-se um muro. Jamais nos abandona, como um cão fiel e dedicado. Só o que nos pede em troca é que o alimentemos de vez em quando, ao consumirmos altas doses de baixa autoestima e medo de rejeição. Nosso Amor Impossível também nos aquece no inverno, com lembranças que são mais bonitas em nosso coração do que no terreno da realidade. E além de tudo, ele sempre aparece quando menos esperamos, como uma festa-surpresa que não gostamos, como se para lembrar-nos de que é ele quem nos domina, e não o contrário.

Amor Impossível era lindo quando Camilo Castelo Branco ainda escrevia. Era emocionante, era épico, era catártico. Hoje em dia é apenas patético, uma desculpa esfarrapada com a qual nos vestimos para evitar a realidade. Se é impossível, desista. Se não te faz sorrir, abandone. Se não te faz levitar, parta pra outra. Se você é opção e não prioridade, mande tomar naquele lugar. A vida é curta, e ficar se escondendo atrás de uma quimera só te levará ao caminho negro da solidão. E te impedirá de ver que, em algum lugar, mesmo que hoje você não consiga enxergar, está um amor não apenas possível, mas verdadeiro.

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APENAS UMA NOITE

Posted by Clenio on 18:07 in
Demorou mas chegou. "Apenas uma noite", da diretora iraniana Massy Tadjedin estreou em setembro de 2010 no Festival de Cinema de Toronto e só agora, quase dois anos depois, aporta em terras brasileiras, apesar do elenco contar com nomes razoavelmente conhecidos, como Keira Knightley e Sam Worthington. É fácil, porém, compreender a lentidão de sua chegada. Apesar do tema sempre interessante - o adultério e as traições amorosas, que deu origem a filmes marcantes como "Closer" - a obra de Tadjerdin não consegue empolgar, principalmente por impor um distanciamento inadequado entre a plateia e suas personagens.

Como o próprio título sugere, toda a ação do filme se passa em uma única noite. É nessa noite que o jovem executivo Michael (bem interpretado por Worthington, saindo do gênero ação) viaja a negócios acompanhado da bela Laura (Eva Mendes) e deixa em Nova York sua esposa, a igualmente bela Joanna (Knightley), que desconfia da existência de uma certa atração entre seu marido e a colega. Suas dúvidas são postas de lado, porém, quando ela reencontra um antigo namorado, o francês Alex (Guillaume Canet), que a balança novamente. A partir daí, o roteiro equilibra as duas histórias que, na verdade, nem são tão empolgantes quanto poderiam.

Tadjedin não consegue ser nem sexy nem polêmica. Suas personagens falam muito mas agem pouco, e quando agem, o fazem com um sentimento que não explicita seus sentimentos reais. Quando o filme acaba não deixa a sensação de peso ou relevância que o assunto poderia e nem ao menos dá ao espectador uma grande atuação. Se Sam Wortghington vai bem em seu papel, Keira Knightley continua fazendo as mesmas caras e bocas de sempre, enquanto Eva Mendes tenta ser sensual em cada minuto de projeção, impedindo qualquer dimensão extra à sua personagem que não a de "colega gostosona".

No final das contas, "Apenas uma noite" é um filme cujo tema é melhor que o desenvolvimento. Na falta de opções é um programa interessante, por falar a um público mais sofisticado e menos afeito à efeitos visuais e piadas sem graça. Mas poderia ser melhor!

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O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA

Posted by Clenio on 01:34 in
Primeiro a questão principal: por que recomeçar do zero quando a trilogia de Sam Raimi sobre o super-herói aracnídeo fez tanto sucesso e ainda está tão recente no imaginário popular? Depois, o alívio: "O Espetacular Homem-Aranha" é um filme muito bem realizado, divertido, e o que é ainda melhor, dá mais consistência a alguns elementos apenas rascunhados nos filmes que fizeram a fortuna da Sony Entertainment na década passada, como as origens familiares do protagonista. Estrelado por um excelente Andrew Garfield - que cativou a crítica com suas ótimas atuações em "A Rede Social" (onde interpretou o brasileiro Eduardo Saverin, co-fundador do Facebook) e "Não Me Abandone Jamais" - o filme dirigido por Marc Webb (um nome reconhecível apenas para os fãs de seu ótimo "(500) Dias Com Ela") consegue fazer com que a audiência esqueça seus antecessores, embarcando na trama como se fosse absoluta novidade.

Tudo bem que, a princípio, tudo pareça história requentada (e de certa forma o é): conhecemos o adolescente nerd Peter Parker, ficamos ciente de sua rotina ao lado dos tios (Martin Sheen e Sally Field), testemunhamos seu sofrimento junto aos rapazes mais populares da escola e seu amor platônico por uma colega (só que dessa vez Mary Jane é substituída por Gwen Stacy, vivida por Bryce Dallas Howard no terceiro capítulo e pela linda e carismática Emma Stone aqui). As coisas começam a mudar quando o roteiro oferece pistas a respeito do passado do pai de Peter, um cientista genial (Campbell Scott) que morreu em circunstâncias trágicas antes de concluir uma pesquisa revolucionária que misturaria genes humanos com de outras espécies. É graças a documentos de seu pai, encontrados sem querer, que o jovem entra em contato com o ambicioso doutor Curt Connors (Rhys Ifans) e, durante uma visita a seu laboratório, é picado por uma aranha geneticamente modificada. O resto todo mundo conhece e já viu antes. A boa notícia: ninguém vai se importar de ver de novo.

O roteiro de "O Espetacular Homem-Aranha" não é repleto das piadinhas que fizeram a glória dos filmes anteriores, ainda que se utilize do bom-humor em alguns momentos (em especial durante a curta participação de Stan Lee). O Peter Parker dessa nova versão é mais torturado, mais angustiado e mais verossímil, assim como o desenvolvimento da trama, que rejeita personagens icônicos da trilogia de Raimi - como o editor vivido por J.K. Simmons - para concentrar-se em construir relacionamentos mais verdadeiros entre suas personagens. Para isso é essencial o trabalho impecável de Andrew Garfield, um ator muito melhor que Tobey Maguire, que consegue transmitir toda a gama de sentimentos de sua personagem com poucas palavras: Garfield é irônico, meigo, heroico, sensível e romântico na medida certa, dando ao herói uma aura mais mitológica do que o simpático mas comum Maguire.

Logicamente os fãs dos quadrinhos não se importarão muito com esses detalhes, preferindo focar-se em coisas mais práticas, como o vilão Lagarto e as cenas de ação (excelentes, ágeis e encaixadas nos momentos certos). Mas é inegável que o conjunto funciona às mil maravilhas, apesar de Webb não ter usado a criatividade de seu filme mais famoso, em detrimento de uma narrativa mais convencional. Mesmo sem maiores ousadias, porém, o filme diverte e encanta. E conforme o próprio diretor declarou após a escolha de seu ator central, você vai amar Andrew Garfield como Homem-aranha.

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NÓS, OS ELANOS DA VIDA....

Posted by Clenio on 15:10 in
Deixemos de lado o fato pouco recomendável culturalmente de que foi a novela das sete que me fez entrar em elocubrações - e não um romance russo ou existencialista. Deixemos de lado também o fato de que em termos sentimentais minha memória é tão curta quanto a de um peixe de aquário. E esquecendo de que o mundo nem sempre é justo (quase nunca o é, para sermos honestos), tentemos chegar a uma conclusão sobre a eterna pergunta: por que as pessoas (tirando aquelas criadas pela ficção mais desvairada) nunca escolhem ficar com quem realmente gosta delas? Que parte do nosso gene é tão sadomasoquista a ponto de optar pelo sofrimento duplo? Atire a primeira pedra quem nunca deixou de lado alguém apaixonado para investir em algo sem futuro. E se manifeste também quem não percebeu que, no final da história, todos se deram mal....

Na novela das sete, a empreguete Cida (a lindinha Isabelle Drummond, a ex-Emília do "Sítio do Picapau Amarelo") morre de amores por um ricaço mau-caráter, oportunista e que a abandonou porque ela é empregada doméstica. Sua paixão é tão cega que ela não percebe o amor altruísta, romântico e dedicado de Elano (Humberto Carrão), um rapaz honesto, trabalhador, de bom coração e que é alucinadamente apaixonado por ela. É claro que no final da novela o amor puro vai vencer e o casal vai se entender, mas isso é novela, ficção mais absoluta. Porque na vida real, ser bonzinho, ser amável, ser fiel é também servir de trouxa, de estepe, de jogador-reserva. Apoiar a quem amamos é obrigação, sim, a qual cumprimos com prazer e um sorriso no rosto. Mas nem sempre recebemos de volta o mesmo cuidado, o mesmo carinho. Não fazemos esperando retorno, mas convenhamos... dói muito quando notamos que o cuidado que temos em fazer feliz a razão do nosso afeto não é retribuído.

Nós, os bobos, continuaremos por aí, amando e elevando o astral e a moral de nossos amores. Também provavelmente continuaremos sendo obrigados a testemunhar pessoas que não merecem sendo premiadas com sua paixão. Não vivemos em uma novela de televisão, não teremos finais felizes. Mas assim é a vida, não é? E melhor continuarmos sendo nós mesmos do que um arremedo de personagem fria e vazia.

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PARA ROMA, COM AMOR

Posted by Clenio on 00:12 in
A expectativa era das maiores, afinal de contas "Meia-noite em Paris" atingiu um patamar invejável de aceitação popular e crítica difícil de superar. Mas "Para Roma com amor", novo filme de Woody Allen não teve a mesma sorte de seu antecessor. Sem o charme da capital francesa - aqui substituída pela igualmente fotogênica mas não tão romântica capital italiana - e o tom saudosista do último vencedor do Oscar de roteiro original, seu novo trabalho é uma coleção de pequenas histórias que emulam o clima sensual e burlesco do famoso "Decameron" e, como sempre acontece com filmes episódicos, nem tudo funciona às mil maravilhas.

As coisas funcionam, por exemplo, na história protagonizada pelo próprio Allen - voltando a atuar depois de "Scoop, o grande furo", de 2006: ele vive Jerry, um empresário musical aposentado que tenta convencer o futuro sogro da filha a começar uma carreira como cantor de ópera, mesmo que isso vá de encontro aos ideais de esquerda de toda a família, dona de uma funerária. Allen está visivelmente à vontade no papel, contracenando com sua parceira constante Judy Davis e recitando diálogos impagáveis. O mesmo não pode ser dito, porém, do segmento estrelado pelo chato de galocha Roberto Benigni. Interpretando pela milionésima vez o papel de palhaço sem graça, ele está na pele de um homem comum que, da noite para o dia, torna-se famoso mesmo sem fazer nada de relevante para a sociedade. A crítica nada sutil às celebridades ocas é interessante, mas o diretor do infame "A vida é bela" continua sendo insuportável.

Quem tem mais sorte é a cada vez mais linda Penelope Cruz: sua personagem - que foi oferecida a Angelina Jolie e Noomi Rapace - é a prostituta de luxo Anna, que, por engano, acaba indo parar à porta do quarto de hotel de um desajeitado caipira que aguarda que a esposa - aparentemente tímida - volte de uma visita ao salão de beleza. Enquanto finge para a família que a bela moça de vida fácil é sua mulher, a mesma acaba flertando com um astro de cinema e vai parar em um outro quarto de hotel, onde as coisas mudam radicalmente de rumo. Cruz está sexy e divertida e o final da história não deixa de ser bastante irônico. E por fim, Allen narra a história de amor/tesão/aventura entre um jovem arquiteto (Jesse Eisenberg) e uma atriz em crise (Ellen Page), comentada por um cínico (e ótimo) Alec Baldwin.

Contadas de forma intercalada, as histórias de Allen são sempre bastante criativas, em especial quando buscam o tom surreal da trama do cantor de ópera que só faz sucesso quando está no banho. Porém, a duração excessiva pode aborrecer aos mais inquietos e a irregularidade do elenco certamente prejudica o conjunto final. Mesmo assim, como todo e qualquer trabalho do cineasta, merece ser conferido, ao menos pela belas paisagens italianas e por alguns momentos cômicos de grande inspiração.

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SOMBRAS DA NOITE

Posted by Clenio on 02:22 in

A parceria entre Tim Burton e Johnny Depp já proporcionou ao cinema momentos memoráveis, como o encantador "Edward Mãos-de-Tesoura" e o excelente "Ed Wood". A criatividade delirante de Burton unida à tendência à extravagância de Depp foi responsável por um time cuja assinatura visual nunca foi menos do que fascinante. Agora a dupla trabalha junto pela oitava vez, e o resultado final é um misto de filme de terror gótico com comédia de costumes, inspirado em uma série de TV do final dos anos 60. "Sombras da noite" é visualmente excitante mas, se consegue fazer rir com algumas piadas realmente engraçadas (ainda que possam não agradar ao mal-acostumado público médio) não consegue atingir todos os seus objetivos. É deslumbrante, mas oco.

Tudo começa no século XVIII, quando o jovem Barnabas Collins (um Johnny Depp mais controlado do que o habitual) é amaldiçoado por uma das jovens empregadas de sua mansão (Eva Green), que, apaixonada e rejeitada, o transforma em um vampiro e o enterra a sete palmos. Em 1972, durante uma escavação, seu caixão é descoberto e ele vai à procura de sua propriedade, sempre surpreendendo-se com as inovações tecnológicas e sociais da época. Seu susto é ainda maior quando descobre que os únicos remanescentes de seu clã são meia dúzia de problemáticos falidos liderados pela bela Elizabeth (Michelle Pfeiffer, sempre linda). Para reerguer o patrimônio Collins, eles se unem e acabam indo de encontro aos interesses de uma jovem milionária que domina a cidade - e que, na verdade, é a bruxa que ainda se mantém apaixonada por ele.

Assistir a "Sombras da noite" é uma delícia em termos estéticos. A fotografia e a direção de arte são nada menos do que espetaculares, assim como o clima proposto por Burton de homenagear a série que o inspirou. A trilha sonora de Danny Elffman - que conta com hits do início dos anos 70 utilizados exemplarmente - contribui para estabelecer o momento histórico do filme, e o elenco está em dias inspirados - em especial a ótima Helena Bonham Carter na pele de uma terapeuta alcóolatra e Michelle Pfeiffer a cada dia mais linda como a matriarca superprotetora. Mas não há como não perceber a falta de foco do cineasta em contar sua história. Nem é a mistura de gêneros que incomoda, uma vez que o roteiro equilibra bem seus elementos. O problema maior é que não há química entre o casal central (Depp e a jovem Bella Heatcote, na pele da tutora do sobrinho adolescente de Elizabeth) e a trama descamba para um clímax quase despropositado, com lutas e efeitos especiais que destoam do clima proposto até então - um exemplo disso é a revelação a respeito da adolescente rebelde vivida por Chloe Grace Moretz, que parece tão absurda quanto o fato de Barnabas ser apaixonado pela sem sal Heatcote enquanto a lindíssima Eva Green corre atrás dele o filme todo.

No final das contas vale a pena dar uma conferida em "Sombras da noite". Como acontece em qualquer filme de Tim Burton a produção é impecável e o elenco salva o espetáculo. Além do mais arranca algumas boas gargalhadas. E já mencionei a beleza de Michelle Pfeiffer?

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