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SOMBRAS DA NOITE
Posted by Clenio
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02:22
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CINEMA 2012
A parceria entre Tim Burton e Johnny Depp já proporcionou ao cinema momentos memoráveis, como o encantador "Edward Mãos-de-Tesoura" e o excelente "Ed Wood". A criatividade delirante de Burton unida à tendência à extravagância de Depp foi responsável por um time cuja assinatura visual nunca foi menos do que fascinante. Agora a dupla trabalha junto pela oitava vez, e o resultado final é um misto de filme de terror gótico com comédia de costumes, inspirado em uma série de TV do final dos anos 60. "Sombras da noite" é visualmente excitante mas, se consegue fazer rir com algumas piadas realmente engraçadas (ainda que possam não agradar ao mal-acostumado público médio) não consegue atingir todos os seus objetivos. É deslumbrante, mas oco.
Tudo começa no século XVIII, quando o jovem Barnabas Collins (um Johnny Depp mais controlado do que o habitual) é amaldiçoado por uma das jovens empregadas de sua mansão (Eva Green), que, apaixonada e rejeitada, o transforma em um vampiro e o enterra a sete palmos. Em 1972, durante uma escavação, seu caixão é descoberto e ele vai à procura de sua propriedade, sempre surpreendendo-se com as inovações tecnológicas e sociais da época. Seu susto é ainda maior quando descobre que os únicos remanescentes de seu clã são meia dúzia de problemáticos falidos liderados pela bela Elizabeth (Michelle Pfeiffer, sempre linda). Para reerguer o patrimônio Collins, eles se unem e acabam indo de encontro aos interesses de uma jovem milionária que domina a cidade - e que, na verdade, é a bruxa que ainda se mantém apaixonada por ele.
Assistir a "Sombras da noite" é uma delícia em termos estéticos. A fotografia e a direção de arte são nada menos do que espetaculares, assim como o clima proposto por Burton de homenagear a série que o inspirou. A trilha sonora de Danny Elffman - que conta com hits do início dos anos 70 utilizados exemplarmente - contribui para estabelecer o momento histórico do filme, e o elenco está em dias inspirados - em especial a ótima Helena Bonham Carter na pele de uma terapeuta alcóolatra e Michelle Pfeiffer a cada dia mais linda como a matriarca superprotetora. Mas não há como não perceber a falta de foco do cineasta em contar sua história. Nem é a mistura de gêneros que incomoda, uma vez que o roteiro equilibra bem seus elementos. O problema maior é que não há química entre o casal central (Depp e a jovem Bella Heatcote, na pele da tutora do sobrinho adolescente de Elizabeth) e a trama descamba para um clímax quase despropositado, com lutas e efeitos especiais que destoam do clima proposto até então - um exemplo disso é a revelação a respeito da adolescente rebelde vivida por Chloe Grace Moretz, que parece tão absurda quanto o fato de Barnabas ser apaixonado pela sem sal Heatcote enquanto a lindíssima Eva Green corre atrás dele o filme todo.
No final das contas vale a pena dar uma conferida em "Sombras da noite". Como acontece em qualquer filme de Tim Burton a produção é impecável e o elenco salva o espetáculo. Além do mais arranca algumas boas gargalhadas. E já mencionei a beleza de Michelle Pfeiffer?