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GIGANTES

Posted by Clenio on 23:09 in
Em sua breve biografia que consta na contracapa de seu primeiro romance, "Gigantes" (Ed. Paralela), o escritor/ator/dramaturgo/roteirista Pedro Henrique Neschling revela que é fã dos autores Nick Hornby e David Nicholls. Essa é a primeira pista a respeito do que se pode esperar de seu livro de estreia, um romance leve, ágil e dotado de algumas das características mais marcantes dos autores que lhe inspiram: a abundância de referências à cultura pop, a capacidade de criar personagens de fácil identificação com o leitor e a simpatia quase incondicional a eles - por mais que sejam falíveis e pouco confiáveis em algumas de suas escolhas pessoais e amorosas. Ao narrar as aventuras de um grupo de amigos desde sua festa de formatura no ensino médio até o momento em que começam a perceber que nem sempre o futuro corresponde com a imagem que se tem dele quando se é jovem, "Gigantes" acerta no clima ameno - mesmo quando a barra pesa mais do que se poderia esperar - e na narrativa fluente e desprovida de afetações estilísticas. Pode-se dizer que é o livro ideal para se ler à beira da praia, debaixo de um guarda-sol: passa voando como a juventude de seus protagonistas.

Fernando sonha em ser diretor de cinema e já começa a história levando um fora da namorada, Duda, inconformada com o fato de ter sido traída na noite de formatura. Centrada e madura, ela aproveita o fim do romance para sair do país e, ao voltar, iniciar uma vida menos presa a planejamentos s longo prazo. Por sua vez, a responsável pelo fim do namoro, Camila, ama sua liberdade e a possibilidade de fazer pleno uso de seu corpo e de sua sexualidade - o que a fará enfrentar sérias crises em seus relacionamentos. Lipe é o melhor amigo de Duda, e se divide entre o orgulho por ser gay e o medo da reação do pai, um homem conservador com quem mantém um relacionamento quase distante. E Zidane é o cuca-fresca da turma: adepto de fumar maconha e membro de uma banda de ska e punk, equilibra sua existência entre a carreira musical sempre aquém do esperado, sexo com toda e qualquer mulher que porventura cruze seu caminho e o dia-a-dia com a mãe que ainda o sustenta.

Com capítulos curtos que intercalam as trajetórias dos personagens rumo à maturidade que nem sempre chega, "Gigantes" é um romance de fácil diálogo com o leitor que procura um entretenimento rápido e elegante. Neschling constrói uma narrativa veloz como a geração que retrata, quase sem dar tempo para eventuais respiros. Ler seu livro é como assistir a um filme editado de forma a não permitir descanso aos olhos, embalado por uma trilha sonora rock'n'roll e povoado por gente de verdade, que sabe a dor e a delícia de ser quem é. Não é uma obra que pretende ser mais do que é - um romance de estreia que aponta um escritor promissor - e tem a enorme vantagem de comunicar-se com grande sucesso com seu público-alvo, apesar de escorregar na superficialidade em determinados pontos. Não deixa de ser um belo e bem-sucedido primeiro passo!

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