JOINING YOU
Se eu realmente acreditasse que vocês são felizes assim, juro que me juntaria a vocês. Se algum de vocês me provasse, ainda que sem muita firmeza, que passar as noites errando de corpo em corpo, de boca em boca, de cama em cama fazem de vocês pessoas mais realizadas e mais leves, certamente as suas vidas tornariam-se as minhas.
Se vocês me prometessem que isso faria de mim alguém mais feliz, menos angustiado, menos ansioso e com menos expectativas em relação aos outros e a mim mesmo, eu faria isso. Eu deixaria de todos os livros, músicas, filmes e experiências que fazem de mim o que sou hoje para me juntar a vocês.
Se vocês me mostrassem uma maneira de me desobrigar a ser tão falsamente educado, gentil e atencioso... Se vocês abrissem para mim a porta de um lugar onde sorrisos forjados pela necessidade de ser bem aceito são desnecessários... Se vocês me proporcionassem um lugar silencioso, onde só poderia ouvir os agradáveis sons das vozes das pessoas amadas... Eu abandonaria tudo e me uniria a todos vocês.
Eu me juntaria a vocês se isso curasse a minha vontade de morrer, meu desejo de sumir, minha saudade dos momentos que não voltam mais... Se estar ao seu lado me incentivasse a ver o lado bom das coisas ao invés de perceber sempre a escuridão sem fim de uma vida apática e indiferente, eu juro que carimbaria meu passaporte rumo à sua companhia.
Mas vocês não prometem nada. Vocês são pessoas tão perdidas quanto eu, que disfarçam sua agonia e vazio bebendo, se drogando, trepando inconsequentemente, magoando quem quer que passe por seu caminho equivocado e oco. Juntar-me a sua quadrilha de sádicos sentimentais seria abdicar de mim mesmo, de minha visão romântica/utópica/irreal da vida. Isso seria bom? Isso seria ruim? Quem pode dizer?
Se eu pudesse fazer isso comigo, me abandonar, a mim e a meus conceitos sem que tivesse vergonha de me olhar no espelho, certamente eu me juntaria a vocês. Mas um resquício de esperança ainda sobrevive em meio aos destroços que recolho diariamente.