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A CASA DOS SONHOS

Posted by Clenio on 15:15 in

A primeira pergunta que vem à cabeça dos fãs de cinema no final da projeção de "A casa dos sonhos" é a seguinte: por que diabos Jim Sheridan assinou este filme tão absurdamente distante de seu estilo (e o que é pior, tão assustadoramente aquém de seu talento)? Tudo bem que ele brigou com o estúdio (Morgan Creek) antes do lançamento do filme, assim como os astros Daniel Craig e Rachel Weisz - por discordar da edição final - mas ainda assim a dúvida permanece. Indicado duas vezes ao Oscar - pelos ótimos "Meu pé esquerdo" e "Em nome do pai" - o irlandês Sheridan parece ter cedido de vez às pressões do cinemão comercial hollywoodiano, em um filme que, apesar da premissa interessante (ainda que não exatamente original), não a desenvolve a contento, apresentando, além de tudo, um desfecho derivativo e anticlimático.

Daniel Craig está bastante bem no papel principal, um homem que abandona a editora onde trabalhava para dedicar-se a um livro que pretende escrever (escritores que querem se dedicar à arte são clichê no gênero desde, no mínimo, "O iluminado") e à família, formada pela bela esposa Libby (Rachel Weisz) e por duas adoráveis filhas pequenas. Como sempre acontece em filmes de suspense, porém, a casa que acabaram de comprar tem um passado sangrento: o pai matou a mulher e as filhas a tiros, e a vizinhança parece saber bem mais a respeito do crime do que confessa. Para tranquilizar-se (e a todo o núcleo familiar), o escritor resolve investigar mais a fundo a história e descobre que nem mesmo a vizinha, Ann Patterson (Naomi Watts, perdida no papel) foi totalmente verdadeira em suas declarações a ele.

Contar muito a respeito de "A casa dos sonhos" é tirar dele um de seus poucos trunfos, que é o elemento-surpresa do roteiro (mesmo que o trailer já entregue o ouro descaradamente). Apesar de beber na fonte de outros filmes (que não convém citar pelo mesmo motivo acima), tudo poderia ter sido melhor se Sheridan tivesse conseguido sobressair-se aos executivos do estúdio e mantido o tom inicial da obra, que causa sustos, mas de forma austera e elegante (cortesia também da bela fotografia do veterano Caleb Deschanel). Em sua segunda metade, porém, tudo desanda de forma grotesca, com soluções de roteiro pouco criativas e quase preguiçosas.O final, então - que se pretendia apoteótico - não passa de um amontoado de efeitos pirotécnicos que nada acrescentam à trama.

"A casa dos sonhos" pode até agradar a eventuais frequentadores de cinema que não procuram obras-primas. Mas para os cinéfilos é triste constatar que Jim Sheridan não é mais o mesmo!

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2 Comments


Então Clênio... É tão ruim assim mesmo? Deve ser, a crítica vem sendo unânime, deve ser uma tremenda bomba. Confesso que estou curioso, mas já irei ver sabendo que não encontrar de bom pela frente! rs

[]s


Ainda não conferi o filme, mas fica claro que é um gênero distante dos trabalhos habituais de Jim Sheridan.

Abraço

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