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TODA FORMA DE AMOR

Posted by Clenio on 14:55 in
O nome Mike Mills talvez não diga nada mesmo a quem é fã inveterado de cinema. Seu primeiro longa, "Impulsividade" foi lançado em 2005 e fez um relativo sucesso em festivais de cinema, mas nunca atingiu o grande público. Porém, a julgar pelos elogios (e pelas probabilidades de premiação de seu elenco),  o segundo filme de Mills tem tudo para conquistar uma audiência no mínimo razoável. Seu "Toda forma de amor" acaba de ser premiado com o Gotham Awards de melhor filme do ano (empatado com o extremamente comentado "A árvore da vida", do cultuado Terrence Malick). Tudo bem, quase ninguém conhece esse tal prêmio (concedido a produções independentes desde 1991), mas sua escolha ao lado de um filme tão celebrado ao menos dá a ele uma chance maior de ser descoberto como merece.

Escrito por Mills baseado parcialmente na sua relação com o pai, "Toda forma de amor" é um pequeno drama doméstico, narrado de maneira delicada e de ritmo próprio. O protagonista é Oliver Fields (o ótimo e outrora onipresente Ewan McGregor), um designer que precisa lidar com a recente perda do pai, Hal (Christopher Plummer em um dos melhores desempenhos de sua carreira), um homem que, já octogenário e viúvo, revelou a ele ser gay e envolveu-se com um homem mais jovem (o croata Goran Visnjic, que destoa do filme com uma interpretação um tanto exagerada). Enquanto relembra seus últimos anos ao lado do pai - que recomeçou a vida de maneira exemplar - Oliver inicia um romance hesitante com a bela atriz Anna (Mélanie Laurent), mesmo tendo consciência de sua dificuldade em manter relações a longo prazo.

Mills não se priva de utilizar elementos criativos para contar sua história. Além de fugir de uma ordem cronológica tradicional - misturando as lembranças de Oliver com sua trajetória amorosa -, o roteirista/cineasta também brinca com a linguagem publicitária, inserindo informações a respeito das personagens e de suas vidas (e da sociedade americana de modo geral) de forma original e ágil, sem perder o foco da narração. Usando e abusando de elipses e confiando na inteligência do público, ele escapa divinamente do piegas e do lacrimoso mesmo nos mais comoventes momentos e emociona pelos diálogos bem escritos e pela direção segura. Ewan McGregor entrega uma de suas atuações mais interessantes, deixando de lado as bobagens comerciais que lhe tiraram a credibilidade ("Star Wars" foi um passo em falso em sua carreira) em uma interpretação silenciosa, melancólica e terna. Sua química, tanto com Plummer (provável candidato ao Oscar de coadjuvante segundo boa parte da crítica) quanto com Mélanie Laurent (a Shosanna de "Bastardos inglórios") é perfeita, revelando um ator sensível que ainda não foi devidamente valorizado.

"Toda forma de amor" é um belo exemplo de filme que, apesar de ter saído direto em DVD por aqui, merece uma bela conferida. Muito mais interessante que qualquer "Transformers".

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