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HABEMUS PAPAM
Posted by Clenio
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CINEMA 2012
O cineasta italiano Nani Moretti não deixa de ser um queridinho do Festival de Cannes, de onde saiu premiado e duas ocasiões, pelos filmes “Caro diário”(1993) e “O quarto do filho” (2001), que tinham em comum uma visão doce e romântica do dia-a-dia - e que não se deixavam levar pelo pessimismo mesmo quando tratavam de assuntos como câncer e a perda de um filho. Sua nova obra, a comédia "Habemus Papam" não teve a mesma sorte do que os filmes anteriores do diretor, mas mantém seu frescor e sua sensibilidade, dessa vez com um enfoque mais bem-humorado - até mesmo por tratar-se de uma comédia. Mas, ao contrário de seu conterrâneo Roberto Benigni, que usa e abusa do humor visual para garantir gargalhadas, Moretti prefere fazer humor por um caminho menos fácil e mais inteligente: o da ironia.
Seu filme começa mostrando os bastidores de um dos processos eleitorais mais secretos do mundo: a escolha de um novo Papa. Enquanto o planeta inteiro espera, em suspenso, pelo nome do novo Sumo Sacredote da Igreja Católica, os candidatos ao posto (e até mesmo aqueles que não o desejam de jeito nenhum) votam, conscientes da importância de seu ato. Papa escolhido, a questão passa a ser outra, bem menos corriqueira: o eleito para conduzir os cristãos do mundo (vivido com delicadeza e graça por Michel Piccoli) simplesmente entra em crise existencial e não consegue fazer o discurso de agardecimento aos fiéis. Sentindo que o problema pode aumentar ainda mais, os demais religiosos resolvem então chamar um psicanalista (o próprio Moretti) para solucionar a questão. A situação se complica quando o novo Papa simplesmente foge do Vaticano para repensar sua vocação.
Apesar da premissa inicial lembrar de leve o superestimado "O discurso do rei", o filme de Moretti se sai muito melhor do que o filme vencedor do Oscar. Em primeiro lugar, seu humor é bem mais fino e menos clichê. Em segundo lugar, a relação entre o Papa e o analista logo é substituída pelo foco nas aventuras do religioso pela cidade, tentando recobrar seu passado e pela forma com que o médico convence os cardeais a passarem o tempo (e não deixa de ser engraçadamente terno ver homens de meia-idade, vestidos de padre, jogando vôlei no pátio do Vaticano). Utilizando-se de diálogos verdadeiramente divertidos (principalmente quando faz troça da psicanálise e da própria religião católica sem ofender a nenhuma das classes) e de atores em dias inspirados, o cineasta conduz o espectador por um caminho repleto de belas surpresas e bom-humor, até culminar com um final coerente e verossímel.
"Habemus Papam" faz rir, faz pensar e pode até mesmo emocionar ao espectador mais sensível. E é também a prova de que Nani Moretti é um dos cineastas italianos mais importantes de seu tempo.
Seu filme começa mostrando os bastidores de um dos processos eleitorais mais secretos do mundo: a escolha de um novo Papa. Enquanto o planeta inteiro espera, em suspenso, pelo nome do novo Sumo Sacredote da Igreja Católica, os candidatos ao posto (e até mesmo aqueles que não o desejam de jeito nenhum) votam, conscientes da importância de seu ato. Papa escolhido, a questão passa a ser outra, bem menos corriqueira: o eleito para conduzir os cristãos do mundo (vivido com delicadeza e graça por Michel Piccoli) simplesmente entra em crise existencial e não consegue fazer o discurso de agardecimento aos fiéis. Sentindo que o problema pode aumentar ainda mais, os demais religiosos resolvem então chamar um psicanalista (o próprio Moretti) para solucionar a questão. A situação se complica quando o novo Papa simplesmente foge do Vaticano para repensar sua vocação.
Apesar da premissa inicial lembrar de leve o superestimado "O discurso do rei", o filme de Moretti se sai muito melhor do que o filme vencedor do Oscar. Em primeiro lugar, seu humor é bem mais fino e menos clichê. Em segundo lugar, a relação entre o Papa e o analista logo é substituída pelo foco nas aventuras do religioso pela cidade, tentando recobrar seu passado e pela forma com que o médico convence os cardeais a passarem o tempo (e não deixa de ser engraçadamente terno ver homens de meia-idade, vestidos de padre, jogando vôlei no pátio do Vaticano). Utilizando-se de diálogos verdadeiramente divertidos (principalmente quando faz troça da psicanálise e da própria religião católica sem ofender a nenhuma das classes) e de atores em dias inspirados, o cineasta conduz o espectador por um caminho repleto de belas surpresas e bom-humor, até culminar com um final coerente e verossímel.
"Habemus Papam" faz rir, faz pensar e pode até mesmo emocionar ao espectador mais sensível. E é também a prova de que Nani Moretti é um dos cineastas italianos mais importantes de seu tempo.