3
CORDA BAMBA
Posted by Clenio
on
12:00
in
CONFISSÕES
Para ler ouvindo "My sweet prince", de Placebo
O ser humano é um bicho esquisito. Cheio de incongruências, é capaz de surpreender tanto positivamente quanto negativamente e manter a mesma pose impassível. Tanto pode ser um conquistador como Alexandre, o Grande quanto alguém absolutamente normal cuja maior vitória no final do dia é conseguir manter a família com um mínimo de dignidade. Pode ser um monstro como Hitler ou um quase santo, como Gandhi. Pode ser um exemplo de virtude como Madre Teresa ou a ilustração da lascívia, como a Madonna dos bons tempos. Algumas pessoas são capazes de nos destruir com uma simples palavra enquanto outras conseguem, com um sorriso sincero fazer com que o mundo até pareça um bom lugar para se viver.
Algumas pessoas são vampiros emocionais, que sugam nossas energias mesmo que inconscientemente. Outras nos fazem dar risada e esquecer os nossos problemas. Umas conseguem ser desagradáveis ao dar um "bom dia". Outras são boas companhias até em funerais. Algumas veem o copo sempre meio cheio, outras sempre meio vazio (e às vezes a segunda categoria consegue, paradoxalmente, ser mais interessante que a primeira). Algumas tem medo de nos magoar, enquanto outras não pensam duas vezes em passar por cima de nossos sentimentos (e acham que um pedido pálido de desculpas é o suficiente para apagar as cicatrizes que nos deixam). Algumas pessoas gostam de sexo, outras de conversas intelectuais. Algumas adoram discutir relações, outras preferem dormir de conchinha. Algumas são amigas de verdade, outras só até determinado ponto.
Algumas pessoas acreditam que jamais serão felizes, outras tem a certeza de que já o são, apesar de tudo. Umas gostam de futebol, outras de novela. Algumas gostam de música, outras de axé... Umas adoram chocolate, outras tem delírios terminais diante de um prato de salada. Tem gente bonita, feia, interessante, sem graça... Mas poucas, bem poucas, conseguem enxergar a verdade por trás de nossas idiossincrasias.
Para se conectar com uma pessoa é preciso antes de mais nada algo intangível chamado sintonia. Não só de pensamentos, de bagagem cultural, de objetivos de vida. É indispensável que haja uma conexão de sentimentos, de alma... É necessária uma compreensão além do normal, uma empatia natural, uma sensação de que encontramos um pedaço de nosso espírito. Isso pode acontecer com nossos amigos - e quando ocorre é simplesmente consequência de uma convivência não-compulsória. Mas quando acontece em termos sentimentais é tão raro, mas tão raro que só nos resta duas alternativas: racionalizar ou mandar a razão às favas e pular rumo ao desconhecido.
Racionalizar é uma opção mais, digamos... racional. Pesamos os prós e os contras, lembramos das dores de amores pelas quais passamos, tentamos adivinhar (através de nossa experiência anterior) o futuro da relação, fazemos a lista imaginária de tudo que pode dar errado... Construímos em nossa mente uma equação lógica e exata de uma sensação abstrata como se fosse possível "dançar a respeito de arquitetura". E no final do raciocínio é bem provável que abandonemos a possibilidade de um período de felicidade e sorrisos à-toa por medo de tentar e sofrer.
Pular rumo ao desconhecido... bom, é arriscado. Tudo por que já passamos pode se repetir (principalmente quando conhecemos pouco a pessoa em questão), podemos chorar, dispender energia e tempo em algo sem muita vida útil, gastar dinheiro e pior ainda... acumularmos mais uma decepção em nossos coraçõezinhos sensíveis. Mas ao mesmo tempo, é adrenalina pura, é vida direto na veia, é sonhar acordado, é ouvir música romântica, é esperar ansiosamente o fim do dia... Em outras palavras, pode até dar errado, mas enquanto funciona é a oitava maravilha do mundo!
Foda é ter mais de 1700km nos separando. Fisicamente, lógico, uma vez que a conexão mental e de alma nem anos-luz são capazes de separar.
Cheab, if you jump, I jump...