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DEMÔNIO

Posted by Clenio on 23:02 in
Depois que virou praticamente piada em Hollywood graças a filmes como "Fim dos tempos" e "O último mestre do ar", o cineasta M. Night Shyamalan precisa urgentemente se reinventar. Enquanto seu público fiel espera seu renascimento comercial e artístico, ele segue uma carreira de produtor. Um de seus filmes nessa função é justamente este "Demônio", que fez um sucesso bastante razoável nos EUA: ao custo de apenas 10 milhões de dólares, ele recuperou o orçamento em seu fim-de-semana de estreia e já contabiliza uma bilheteria de mais 30 milhões. Primeira parte de uma planejada trilogia chamada "The night chronicles" - que pretende utilizar elementos sobrenaturais dentro de perímetros urbanos - o filme de John Erick Dowdle (diretor do remake americano de "[REC]") é interessante o bastante para justificar seu êxito e fazer o público aguardar as novas estreias da série.

A história de "Demônio" lembra um pouco as tramas de Stephen King e se beneficia de não apelar para efeitos visuais, monstros ou maquiagem exagerada. O protagonista é Bowden (o ótimo Chris Messina, de "Julie & Julia"), um policial da Filadélfia que tenta recuperar-se da trágica morte da família em um acidente de carro, cinco anos antes. Enquanto investiga um suicídio em um luxuoso prédio comercial da cidade, ele é chamado com urgência para ajudar no resgate de cinco pessoas que ficaram presas em um elevador do mesmo edifício. Enquanto não conseguem ser resgatadas, as cinco pessoas tem que lidar com estranhos acontecimentos dentro do elevador. Um  mecânico, uma senhora de idade, um segurança terceirizado, um executivo e uma bela e requintada jovem começam a morrer misteriosa e violentamente, praticamente frente às câmeras de segurança e um dos guardas do prédio, fervorosamente religioso, é o único com uma explicação para os acontecimentos: segundo ele, um dos cinco presos no elevador é o demônio disfarçado, que veio à Terra para buscar os demais.

Sem exigir mais do seu público do que simplesmente atenção e um pouco de credulidade, o roteiro enxuto de Brian Nelson utiliza todos os clichês do gênero a seu favor - algo que Shyamalan faz como poucos. O uso da cor vermelha, característica sua, se faz presente em elementos visuais das personagens, e o uso inteligente do som também colabora na tensão, nunca exagerada e usada na medida certa. E contar com Chris Messina no elenco não atrapalha em nada, muito pelo contrário: é Messina quem transmite humanidade ao filme, em uma interpretação que não lhe ajudará em cerimônias de premiação, mas que comprova o seu status de promessa (e currículo ele tem: além de "Julie & Julia", ele fez parte da última temporada da inesquecível "A sete palmos" e trabalhou com Woody Allen em "Vicky Cristina Barcelona").

"Demônio" não irá mudar o rumo que o gênero suspense vem seguindo há um bom tempo. Mas cumpre o que promete e poupa o espectador de um final constrangedor - coisa que muitos de seus congêneres vem fazendo. É um bom programa para quem quer experimentar um pouco de tensão.

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A REDE SOCIAL

Posted by Clenio on 22:05 in
Primeiro a questão fundamental: qual a relevância em se fazer um filme sobre o criador do Facebook? Depois a questão estética: o quão chato poderia ser um filme sobre um nerd rejeitado pela namorada que se transforma em bilionário ao criar um site de relacionamentos? Pois então vamos às respostas: com mais de 500 milhões de usuários, o Facebook é o mais acessado site do mundo e no mundo globalizado em que vivemos, negar-se a aceitar sua existência ou importância é fechar os olhos a uma realidade evidente. E segundo: nas mãos de David Fincher, que já dirigiu obras-primas como "Seven" e "Zodíaco", a história de Mark Zuckerberg transformou-se em um empolgante thriller, com sérias possibilidades de entrar como forte candidato ao Oscar 2011.

Baseado no livro de Ben Mezrich, o roteiro de Aaron Sorkin começa mostrando como, depois de uma briga com a namorada, e com a ajuda do melhor amigo Eduardo Saverin (Andrew Garfield, o novo Homem-aranha). o jovem estudante de Harvard Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) tem a ideia de criar um site classificando a beleza das alunas da universidade. Chamando a atenção pelo talento, ele é convidado por dois gêmeos, alunos mais graduados (vividos por Armie Hammer) para criar um website para a universidade. Depois de um tempo, em que não apresenta nenhuma ideia aos irmãos, ele surge com o"The facebook" e, conforme vai ganhando fama e dinheiro - através da ajuda do fundador do Napster, Sean Parker (Justin Timberlake) - ele vai arrumando brigas e processos: não só os poderosos irmãos Winklevoss os colocam como réu, mas também Eduardo. O filme, contado em flashbacks, conta como ele chegou aos tribunais.

Narrado de forma não exatamente convencional - para o que colabora a estupenda edição - "A rede social" tira proveito da inteligência do roteiro e jamais se prende à tentação de ser apenas mais uma cinebiografia corriqueira - mesmo porque seu protagonista não é o que se pode chamar de mega-astro. Na interpretação contida mas raivosa de Jesse Eisenberg (demonstrando uma maturidade surpreendente), Zuckerberg é um ser humano cheio de dúvidas, raivas e inseguranças, como qualquer um - com a diferença de ser o mais jovem bilionário do mundo. O senso de humor injetado por Aaron Sorkin em sua história serve como um alívio perfeito para uma trama de sucesso e ambição contada com agilidade e ironia. Até mesmo quem não tem a menor noção de informática fica hipnotizado com o filme de David Fincher, um diretor dos mais criativos e originais de sua geração.

Sem cair no maniqueísmo tão comum a este tipo de produções, Fincher não hesita em explicitar os defeitos de seu protagonista, mas tampouco o apresenta como vilão. Mesmo que não seja um exemplo de simpatia e carisma, Zuckerberg conquista a plateia com seu jeito reservado e quase arrogante e essa compaixão da audiência por ele - no fundo um rapaz solitário e sem traquejo social - é o grande trunfo do filme de Fincher, que aqui comprova seu imenso talento - e pode lhe valer um Oscar. Aliás, a Academia precisa também reconhecer outras qualidades do filme: seu roteiro, sua edição, sua trilha sonora são impecáveis, assim como as atuações dos dois atores centrais. Jesse Eisenberg entrega uma atuação impactante, que não se deixava entrever em seus filmes anteriores - dentre os quais o mais conhecido é "Zumbilândia". E Andrew Garfield, que irá substituir Tobey Maguire na nova franquia do Homem-aranha não poderia ter um cartão de visitas mais memorável em sua carreira.

"A rede social" é um filme que merece ser visto e revisto. É mais uma prova de que, com um bom diretor, até mesmo a vida de um nerd pode ser interessante...

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VOCÊ VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS

Posted by Clenio on 21:02 in
Quando quer, Woody Allen sabe ser sombrio e pessimista. Depois que flertou com o final feliz em seu "Tudo pode dar certo" ele volta a conversar com a falta de esperança em "Você vai conhecer o homem dos seus sonhos", no qual ele utiliza novamente a ironia e as armadilhas do destino para contar uma história sobre gente normal presa a seus próprios problemas amorosos/profissionais/sexuais. Lembra bastante "Crimes e pecados" e "Match point", dois de seus melhores trabalhos e, se não chega ao nível deles, fica bastante perto.

O filme acompanha a história de várias personagens que se cruzam por laços familiares. A primeira a ser apresentada é Helena (a extraordinária Gemma Jones), uma dona-de-casa que vê sua vida devastada ao ser abandonada pelo marido, Alfie (Anthony Hopkins), que resolve viver a vida depois dos sessenta anos. Perdida e sem rumo, ela procura uma vidente, Cristal (Pauline Collins), que lhe garante que ela irá encontrar um novo amor, assim como aconteceu com seu ex-marido, que casou-se com uma ex-prostituta, Charmaine (a exagerada Lucy Punch). A filha de Alfie e Helena, Sally (Naomi Watts exercitando um belo sotaque britânico) começa a trabalhar na galeria de arte do sedutor Greg (Antonio Banderas) e sente-se atraída por ele, mesmo porque seu casamento também está em crise: seu marido, Roy (Josh Brolin), que abandonou a Medicina para ser escritor, está com um problema de criatividade e sente-se tentado ao adultério quando passa a espionar a vizinha da frente, a bela Dia (Freida Pinto).

Essa ciranda de adultério, desejos reprimidos e busca desenfreada pela realização pessoal é contada de forma sóbria por um dos roteiros mais interessantes de Allen dos últimos anos. Não há muito humor - ao menos um humor óbvio - e o cineasta mantém-se neutro em relação aos atos de suas personagens. Como em seus melhores filmes, a imprevisibilidade da trama é um aliado poderoso, deixando a plateia sempre em suspenso, aguardando os desvios de sua história. E mais uma vez a escalação certeira do elenco merece um capítulo à parte. Naomi Watts e Josh Brolin estão em perfeita sintonia como um casal à beira da separação; Anthony Hopkins está à vontade em um papel bastante diferente dos que costuma representar e Gemma Jones rouba a cena como a desnorteada Helena, uma personagem crucial que ela segura com uma firmeza que mereceria uma indicação ao Oscar de coadjuvante.

Ao citar "Macbeth", de Shakespeare, em seu prólogo - que diz que a vida é feita de som e fúria e que não quer dizer nada - Woody Allen dá o tom amargo de seu novo e belo filme. Nem mesmo o final em aberto consegue estragá-lo, muito pelo contrário, o reafirma como um dos mais interessantes títulos de sua digna filmografia.

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HANDS CLEAN

Posted by Clenio on 18:01 in ,
Ok, desisto de você. Desisto de tentar te fazer entender o quanto te amo, ou o quanto poderíamos ser felizes juntos se a sua obsessão pela infelicidade não fosse maior do que sua vontade de amar e ser amado. Desisto de procurar te fazer ver a vida e a você mesmo através dos meus olhos apaixonados. Apaixonados, sim, quem há de discordar disso se dos meandros labirintícos do meu coração só quem sabe sou eu? Me apaixonei por você, por sua voz, por seu jeito desprotegido disfarçado sob uma casca de tristeza e dor. Me apaixonei pelos planos que fiz com você, pela vontade que tive de mudar minha vida por sua causa, pelos momentos de alegria que te proporcionei - porque eu sei que fiz isso. Me apaixonei até pelo fato de ter visto, em você, a ressurreição de um sentimento que eu considerava morto e enterrado. E de uma coisa estou certo: dessa vez eu não fiz nada errado.

Tenho minhas mãos limpas de qualquer mentira, traição, jogos sujos. Elas estão absolutamente limpas de qualquer dou-não-dou, faço-não-faço, quero-não-quero. Eu sempre quis, desde o momento em que as coisas começaram a sair do controle dos nossos sentimentos. Eu nunca tive medo, nunca tive dúvidas, nunca tive nada além de amor, carinho, amizade e desejo. Estou com as mãos totalmente limpas de culpa, de remorsos, e até mesmo de rancor. Se eu pude ser tão ingênuo de acreditar em ser feliz a culpa não é sua. Disso sim, eu me culpo. Isso não pode ser lavado das minhas mãos, mas terei que aprender a lidar com isso.

Terei também que aprender a lidar comigo mesmo. Achar novas e mais inteligentes maneiras de ser feliz. Aprender a buscar em mim e não em outras pessoas - muitas vezes ainda mais perdidas do que eu mesmo - o caminho para suportar uma existência que na maioria das vezes é frustrante e injusta. Eu tomarei as rédeas da minha vida, como já deveria ter feito há muito. É uma pena que tenha que ter sido mais essa latejante dor a me obrigar a isso, mas viver não tem mapa, não tem ensaio... e nem muito menos um final feliz completo, de novela das seis.

Tenho as mãos limpas, assim como minha consciência. Todas as chances que poderia ter dado, eu dei. Todas as oportunidades e argumentos lhe foram oferecidos. Lutei, batalhei, até o bagaço. Admito que cansei! O amor ficará? Quem sabe? Se for amor, como disse Nelson Rodrigues, jamais acabará. Só o tempo pode dizer com certeza. Tudo está limpo em mim, agora. Minhas mãos, minha consciência, meu coração vagabundo que quis guardar você em mim... Sobra entre nós a admiração, o carinho e a certeza de que não foi por acaso que nos esbarramos por aí...

PS - Como sou brega, deixo a letra de uma música da Jovem Guarda como epílogo. Sim, eu conheço Jovem Guarda e sim, eu ouvi Wanderléa ontem e a letra me disse tudo que eu precisava ouvir. "Eu já nem sei se gosto de você, ou se gostei. Você me magoou e eu nem liguei e nem senti vontade de chorar... Meu coração não sente mais nenhuma emoção, meus olhos já não vêem com paixão aquele seu jeitinho de me olhar... Você não foi aquele que eu queria para mim, o amor que eu esperava não ter fim e que parece agora.. se acabou. Só resta então dizer adeus sem medo de chorar pois a saudade não vai maltratar um coração que não tem mais amor.."

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AS CENTENÁRIAS

Posted by Clenio on 22:38 in
Tive a oportunidade, ontem, de assistir, da primeira fila, duas das minhas atrizes preferidas, Marieta Severo e Andréa Beltrão. Juntas no palco, elas encantaram a plateia que lotava o Teatro Bourbon Country com a peça "As centenárias", escrita por Newton Moreno especialmente para elas. Ao contrário de muitas peças de teatro do eixo Rio-São Paulo que lotam os teatros devido à presença de atores globais no elenco, aqui a coisa é bem diferente. Atrizes espetaculares que são, Marieta e Andréa comprovam, sem espaço para dúvidas, que o que teatro bom é teatro feito por quem entende do riscado.

Dirigida pelo criativo Aderbal Freire Filho, "As centenárias" conta a história de duas carpideiras do sertão nordestino que, como o título sugere, já passaram dos cem anos de idade. Sua longevidade advém do fato de terem enganado a morte muito tempo antes, o que as faz fugir de um novo encontro com "a mulher da foice". Enquanto aguardam o desenlace de um falecimento em vias de acontecer, Socorro (Marieta) e Zaninha (Andréa) bebem pinga e relembram toda a sua trajetória em chorar pela morte de desconhecidos em troca de comida e um pouco de dinheiro. Suas lembranças são repletas de acontecimentos surreais e hilariantes, como um encontro com Lampião e o velório de uma mulher assassinada pelo marido coronel que quer morrer para acertar as contas com ela até mesmo no além. Além de reverzar-se nos seus papeis na velhice e na juventude, as duas atrizes incorporam também inúmeras outras personagens, contando com a ajuda valiosa do ator Sávio Mello.

Imersas em um imenso e belíssimo cenário, mas que apesar de impressionar pelo tamanho mostra-se extremamente simples e funcional, elas simplesmente comandam um espetáculo que fala de morte sem nunca escorregar para o dramalhão. O texto, engraçadíssimo e imprevisível, soa como música ao ser declamado por elas, em um trabalho de construção física e vocal nunca aquém do impecável. Marieta e Andrea estão em constante movimento pelo palco, ao som de uma inspirada trilha sonora e de um figurino simples mas exato. Retratando a cultura do sertão nordestino através dos tempos - as protagonistas encaram assustadas a lâmpada e o rádio, por exemplo - a história de "As centenárias" consegue ser, ao mesmo tempo, muito divertida para a plateia e um exercício fenomenal para suas intérpretes, que são aplaudidas entusiasticamente por onde passam. Com todo o merecimento, diga-se de passagem.

"As centenárias" é teatro da mais alta qualidade. É uma hora e meia de deleite para os fãs de boas atuações, direção inspirada e texto criativo. E apenas aumentou minha admiração incondicional às duas atrizes.

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MINHAS MÃES E MEU PAI

Posted by Clenio on 19:27 in
Mais uma vez o título nacional é vergonhoso. "Minhas mães e meu pai" soa como uma daquelas baboseiras dos estúdios Disney estreladas por uma Lindsay Lohan pré-rehab, sendo que o filme da diretora Lisa Chodolenko é um drama adulto, que lida com temas sérios de maneira bem menos conservadora do que Hollywood é acostumada a proporcionar ao público. Veterana de episódios de séries de TV como "The L World" e "A sete palmos", além de alguns longas independentes que receberam elogios mas são poucos conhecidos no Brasil, Chodolenko comanda de forma leve e agradável uma interessante história sobre uma família "alternativa" que vê sua harmonia desestabilizar-se com a chegada de um elemento inesperado.

A médica Nic (Annette Bening) e a paisagista Jules (Julianne Moore) vivem um casamento estável e amoroso há quase vinte anos. Carinhosas e dedicadas, elas são os pais perfeitos mas um tanto rígidos de um casal de adolescentes, Joni (Mia Kasikowska, a Alice de Tim Burton) e Laser (Josh Hutcherson). Às vésperas de sair de casa para cursar uma universidade, Joni aceita o pedido de seu irmão e, aos 18 anos, tem a oportunidade de saber o nome do homem que doou esperma para as duas gestações de suas mães. Curiosos, os dois jovens vão atrás de Paul (Mark Ruffalo), um solteirão, dono de um restaurante natural e de uma cooperativa. A novidade cai como uma bomba no lar antes pacífico, e tanto Nic quanto Jules tentam lidar com ela de maneira racional, iniciando uma amistosa relação com o "pai" de seus filhos. Porém, as coisas se complicam quando a controladora Nic passa a perceber que sua prole está próxima demais dele e sua insegurança começa a atrapalhar seu casamento com Jules, que, sentindo-se pouco valorizada pela parceira, inicia com ele um romance heterossexual.

O roteiro de "The kids are all right'" (título bem mais apropriado) é feliz em jamais julgar ou questionar com condescendência suas personagens. Nic é uma chata dominadora, sim, mas é uma mulher dedicada a manter a harmonia da sua família a custa de muito trabalho. Jules é um tanto passiva em relação a suas próprias escolhas profissionais, é claro, mas suas dúvidas e desejos de amor são legítimas e nunca vulgares. Paul é um homem que, em vias de entrar na meia-idade, tem um vislumbre de um real relacionamento e não se faz de rogado em correr atrás dele. E até mesmo as reações de Joni e Laser diante do furacão em que se transforma suas vidas são verossímeis e nunca forçadas. Até mesmo o senso de humor do filme não peca por piadas grosseiras, sustentando-se basicamente na ironia e no tanto de surreal da situação proposta pela trama central.

E nada como um bom elenco para sustentar um filme calcado basicamente em personagens e diálogos sobre gente de verdade! Há muito tempo Annette Bening não tinha um papel tão bom para defender, e sua atuação elogiada unanimente pode render-lhe até mesmo uma quarta indicação ao Oscar do ano que vem. No entanto, ela deve boa parte de seu trabalho à excelente química com Julianne Moore, mais uma vez entregando uma interpretação corajosa e desprovida de artifícios e Mark Ruffalo, um dos atores mais subapreciados do cinema americano, que consegue convencer na difícil transição de sua personagem sem cair no clichê. E como os filhos confusos com as desventuras de seus pais, tanto Mia Kasikowska quanto Josh Hutcherson mostram que podem ter futuros alvissareiros na indústria - se souberem fazer as escolhas corretas.

Claramente simpático à causa gay, mas sem nunca chegar a ser panfletário, "Minhas mães e meu pai" é um belo exemplo de como filmes simples podem encantar apenas versando sobre pessoas e sentimentos.

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OS HOMENS QUE ENCARAVAM CABRAS

Posted by Clenio on 13:58 in
Bizarro! Esse talvez seja o adjetivo mais adequado a "Os homens que encaravam cabras", uma das comédias mais estranhas produzidas por Hollywood nos últimos anos. Estreia como cineasta do ator e roteirista Grant Heslov (que escreveu "Boa noite e boa sorte" entre outros menos cotados), o filme passou sem muito estardalhaço pelos cinemas, apesar do elenco de sonhos, e muito dessa quase apatia em relação a ele vem de um fato simples: ele não é, sob aspecto nenhum, um filme comum, capaz de agradar a gregos e troianos. Pelo contrário: ele é dono de um humor todo particular, e só quem entender o espírito da coisa é capaz de se divertir. E se isso acontecer, é só se esbaldar com piadas absurdamente inacreditáveis.

Ewan McGregor (se divertindo nitidamente em cena) vive Bob Wilton, um jornalista que, frustrado com o final de seu casamento, vai ao Iraque cobrir a guerra - mesmo chegando lá depois da queda de Saddam Hussein. Quando chega lá, ele conhece Lyn Cassady (George Clooney, absolutamente hilariante), que lhe confessa ter feito parte de uma desconhecida unidade do exército americano formada por paranormais que tencionavam vencer a guerra sem violência física. O exército era liderado pelo poderoso Bill Django (Jeff Bridges, ótimo como sempre) e foi sabotado pelo ambicioso Larry Hooper (Kevin Spacey). Ao lado de Lyn, o repórter tenta reencontrar Django, embarcando em uma trama surreal.

O humor de "Os homens que encaravam cabras" não é fácil. Repleto de citações pop nada óbvias - a brincadeira com os Jedi é a melhor delas, principalmente se levarmos em conta que é Ewan McGregor que está em cena - e um ritmo que foge à tradicional pressa do cinema comercial americano, é um filme que vai decepcionar muitos fãs dos atores envolvidos, mas que com certeza conquistará outros, desde que estejam dispostos a entrar no clima da brincadeira. George Clooney, por exemplo, um dos produtores, tem uma das atuações mais inspiradas de sua carreira, mantendo sua tendência a explorar caminhos menos fáceis para o sucesso.

Enfim, é um filme cujo conceito é ainda mais divertido que o resultado final. Vale, com certeza, uma hora e meia da vida dos espectadores que gostam de sentir seu cérebro bem-tratado.

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O PREÇO DA TRAIÇÃO

Posted by Clenio on 16:32 in
É fato sabido e comprovado que americanos não gostam de filmes legendados, o que acaba fazendo com que bem-sucedidos trabalhos em língua não-inglesa definhem nas bilheterias dos EUA. Uma das maneiras com que Hollywood lida com essa situação é refazendo esses filmes, muitas vezes com o mesmo diretor mas com rostos mais conhecidos estampando os cartazes. Uma das vítimas desse crime é "Nathalie X", um drama erótico francês dirigido por Anne Fontaine e estrelado pelos excepcionais Fanny Ardant, Emmanuelle Bèart e Gerard Depardieu, que foi transformado em "O preço da traição" e chegou às telas sob a competente direção de Atom Egoyan - o inteligente condutor de filmes sensacionais como "O doce amanhã". Se não chega a estragar o produto original, que não era tão bom quanto seu elenco promete, a versão hollywoodiana do filme também não é tudo que poderia.

A premissa é intrigante: a bem-sucedida ginecologista Catherine Stewart (Julianne Moore), desconfiada que o marido David (Liam Neeson), um professor de música, lhe é infiel, contrata uma garota de programa de luxo, a bela Chloe (Amanda Seyfried), para dar em cima dele e lhe fazer relatórios a respeito de suas reações. O perigoso jogo de Catherine avança conforme também anda o flerte entre Chloe e David: ao ouvir da jovem prostituta que seu marido cedeu a suas investidas, ela passa a querer saber detalhes sórdidos de seus momentos juntos, a ponto de tornar-se obcecada. Tudo fica ainda mais incontrolável quando Chloe passa a demonstrar sinais de que também está interessada na própria Catherine e em seu filho adolescente.

Na verdade, "O preço da traição" não se decide entre o drama psicologicamente sufocante a respeito de obsessão, repressão sexual e solidão de sua primeira parte ou o suspense um tanto xinfrim de sua reta final. Egoyam é um excelente diretor de atores e tem um elegante senso estético - tudo que ele fotografa é extremamente sofisticado, bem iluminado e serve à frieza que emana das personagens. Mas aqui, mesmo contando com o trabalho impecável de Julianne Moore, a entrega de Liam Neeson (que perdeu a esposa durante as filmagens) e um surpreendente Amanda Seyfried, ele parece não ter chegado a uma conclusão sobre as personagens e sua história, que acaba de forma tão superficial quanto à vida de seus protagonistas, que ele aparentemente queria criticar. Ainda assim, é um filme a ser conhecido.

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CASO 39

Posted by Clenio on 13:12 in
Demorou mais de três anos para que a Paramount lançasse "Caso 39" nos EUA. Pronto desde 2007, o filme de Christian Alvart só chegou aos cinemas americanos em outubro deste ano, tendo sido lançado em praticamente o mundo todo antes disso. Quando o filme acaba nota-se o motivo de tanto receio em mostrá-lo ao público: apesar do início intrigante, "Caso 39" é um filme de suspense que lembra um episódio ruim da série de TV "Arquivo X", e nem mesmo o trabalho competente de Renée Zellweger consegue fazer dele algo positivamente memorável - ao menos para o público, já que para ela deve ter sido uma boa experiência, já que iniciou um romance com o colega de cena Bradley Cooper.

Informações de revista "Contigo!" à parte, Zellweger se esforça o possível para dar credibilidade a um roteiro um tanto esquizofrênico e inverossímil. Ela vive Emily Jenkins, uma assistente social solitária e dedicada que ultrapassa um tanto os limites de sua profissão ao conhecer a pequena Lilith Sullivan (Jodelle Ferland), salva na última hora de ser morta pelos próprios pais. Encantada com a menina e comovida com sua situação lamentável, ela consegue sua guarda e a leva para morar consigo. Quando acontecimentos misteriosos e violentos começam a ocorrer à sua volta - assim como a morte de amigos e pessoas próximas - Emily passa a desconfiar que há algo de errado com a criança e somente os pais - presos e sofrendo de alucinações - podem lhe explicar realmente a verdade sobre a doce e inocente garotinha.

Utilizando descaradamente elementos de "A profecia", "Caso 39" é difícil de engolir. Começa relativamente bem, com clima, atuações convincentes e uma produção bem cuidada. Sua segunda metade, no entanto, é previsível, chata e pior ainda, nada assustadora. Indeciso entre contar uma história sobrenatural ou um drama de ressonâncias familiares - a família da protagonista também não era exatamente saudável - o roteiro é fraco demais para levar a algum lugar. Zellweger precisa de um agente novo com urgência!

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QUANDO EM ROMA

Posted by Clenio on 21:22 in
Uma coisa é mandatória quando o espectador se propõe a assistir a uma comédia romântica: saber que, por mais que os produtores tentem ser criativos - e muitos deles definitivamente não se dão a esse trabalho - o gênero é o menos propenso a novidades. Sendo assim, sempre se sabe onde a trama vai levar, como será o clímax, que o elenco coadjuvante será responsável pelo alívio cômico e que belas paisagens serão o cenário para uma história de amor que invariavelmente tem final feliz (caso contrário o filme faria parte de outro gênero caro à plateia mais sensível: o drama romântico). "Quando em Roma", dirigido por Mark Steven Johnson não inventa a roda e, apesar das críticas desfavoráveis terem o afastado de uma estreia decente nos cinemas brasileiros consegue ser divertido o suficiente para segurar uma sessão da tarde regada a pipoca e refrigerante.

Kristen Bell - das séries televisivas "Heroes" e "Veronica Mars" - vive a protagonista do filme, Beth, uma jovem curadora de um museu nova-iorquino que não acredita no amor desde que foi dispensada pelo namorado. Quando vai à Roma assistir ao casamento da irmã caçula com um italiano que ela conheceu durante um vôo, Beth conhece e se encanta por Nick (Josh Duhamel), o padrinho do noivo, um rapaz divertido e sedutor que também se sentre atraído por ela. De volta aos EUA, Beth começa a estranhar o fato de que vários homens, dos mais variados tipos, estão apaixonados perdidamente por ela, incluindo o próprio Nick. Quando ela descobre que tudo não passa de uma espécie de feitiço - relacionado a moedas jogadas em uma fonte romana que ela recolheu em um momento de bebedeira e revolta - ela põe na cabeça que nem mesmo o interessante rapaz realmente a ama e passa a rejeitar suas investidas românticas.

Mark Steven Johnson - que tem no currículo filmes de ação bem medianos como "Demolidor" e "Motoqueiro fantasma" - surpreende ao acertar no tom leve e agradável de sua primeira incursão no universo das comédias românticas. Ainda que dê mais atenção ao lado engraçado e surreal da história do que a seus meandros sentimentais, ele consegue segurar o interesse da plateia sem maiores esforços e ainda conta com a ajuda do sempre simpático e carismático Josh Duhamel para fazer rir. E, como dito antes, os coadjuvantes são engraçados como devem - em especial o modelo vivido por Dax Shepard, tão sem noção quanto seu colega de profissão Derek Zoolander interpretado por Ben Stiller no hilário filme de 2001.

Em um elenco que inclui ainda participações especiais de Anjelica Huston, Danny DeVito e até mesmo Don Johnson, só não dá pra entender os motivos que levaram os produtores a escolherem a insossa Kristen Bell para o papel central. Sem ser particularmente bonita ou carismática, ela acaba sendo menos interessante que Duhamel, que vem forjando uma persona extemamente agradável em sua carreira cinematográfica - a julgar por seu papel também simpático em "Juntos pelo acaso". O marido de Fergie brilha mais que sua parceira em "Quando em Roma", o que não deixa de ser a maior diferença do filme em relação a seus companheiros de gênero.

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PLANO B/EM BUSCA DE UMA NOVA CHANCE

Posted by Clenio on 12:50 in
Na segunda metade dos anos 80, Hollywood viveu uma fase de valorização da família, sempre representada por um elemento lúdico e apaixonante: um bebê. Foi dessa leva que surgiram "Presente de grego", com Diane Keaton e "Três solteirões e um bebê", refilmagem de uma comédia francesa de sucesso. E como modas somem e voltam, parece que a capital do cinema também resolveu utilizar essa fórmula vintage do politicamente correto como forma de atrair público - em especial o feminino. Filmes como "Juntos pelo acaso", com Katharine Heigl e "Coincidências do amor", com Jennifer Aniston (a nova Meg Ryan) tratam justamente sobre isso: filhos devolvendo (ou apresentando) aos pais uma razão para viver. Coincidentemente - ou não - assisti a dois filmes que novamente usam a maternidade como ponto de partida. Apesar de, em tese, não terem nada a ver um com o outro, a comédia romântica "Plano B" e o drama "Em busca de uma nova chance" acabam pertencendo, de uma maneira um tanto tortuosa, a essa nova tendência do cinema americano - ainda que modernizando um pouco as coisas para que se adequem ao novo século.

"Plano B" é mais uma comédia romântica como todas as outras, com a diferença que não faz rir tanto como promete a capa do DVD nem tampouco tenta ser mais ousada do que seus congêneres. Nem mesm a presença da linda e apetitosa Jennifer Lopez - que às vezes acerta em cheio, como "Reviravolta", de Oliver Stone e "Irresistível paixão", de Steven Soderbergh e em muitas ocasiões dá tiros n'água, como os tenebrosos "Olhar de anjo" e "Contrato de risco" - consegue salvar o filme de Alan Poul da mesmice. Ela vive Zoe, a dona de uma pet-shop em Nova York que, decidida a ter um filho, apela para a inseminação artificial, uma vez que não é bem-sucedida em relacionamentos amorosos. Como o destino - e os roteiristas sem imaginação de comédias românticas - adora ser irônico, justamente no dia em que é inseminada, ela conhece o bonitão, charmoso, romântico e dedicado Stan (o promissor australiano Alex O'Loughlin), que sonha em viver da venda dos queijos que fabrica em sua bucólica fazenda. Depois de chocado em saber da gravidez da amada, ele aceita assumir a paternidade, mas as coisas, logicamente, não são assim tão simples, e o belo casal vai ter que penar até chegar a seu final feliz.

O problema maior em "Plano B" nem é o fato de que J-Lo está particularmente pouco atraente e que o roteiro é uma colagem mal-feita de inúmeros outros. Seu grande erro está em não decidir-se entre o romance, a comédia ou o drama. "Juntos pelo acaso", por exemplo, conseguia equilibrar todos os elementos. Aqui, soa como esquizofrenia. As piadas não são especialmente engraçadas, o drama não convence e o romance até que poderia funcionar se não fosse a vontade inexplicável da roteirista em criar personagens tão fora de propósito como a ex-namorada de Stan e a avó de Zoe. Em resumo, "Plano B" pode funcionar para uma sessão da tarde, mas não segura uma noite de sábado.


Em compensação, "Em busca de uma nova chance" - mais um título nacional equivocado para uma vasta antologia - consegue ser uma ótima surpresa. Obviamente não tem o mesmo apelo do filme de Lopez nem tampouco busca o mesmo público, mas é infinitamente mais interessante. Infelizmente, não fez sucesso de bilheteria nos EUA, o que o fez passar em brancas nuvens também no resto do mundo, inclusive no Brasil. Azar de quem não pôde se emocionar com a história humana, realista e delicada sobre amor, perda, solidão e esperança escrita pela jovem Shana Feste. Contando com a ajuda de um elenco sensacional, ela retrata a relação entre uma família despedaçada pela morte do filho e irmão adolescente com a surpreendente namorada deste, grávida de três meses.

Rose (a excelente Carey Mulligan, de "Educação") chega à casa da família Brewer quase como uma intrusa. Grávida do jovem Bennett, morto em um trágico acidente de carro pouco antes, ela serve quase como o preenchimento ao vazio causado pela morte do adolescente. Sua chegada, no entanto, tem efeitos díspares nos três elementos da família. O pai, Allen (um admiravelmente bem Pierce Brosnan), um professor de Matemática, a acolhe com carinho e dedicação. O filho caçula, Ryan (Johnny Simmons), que tem problemas com drogas, a aceita como uma espécie de irmã, enquanto frequenta grupos de apoios a familiares enlutados. Somente a mãe de Bennet, Grace (Susan Sarandon, como sempre espetacular) é que não aceita a nora com naturalidade. Tentando lidar com a dor, ela vive na esperança de conversar com o causador do acidente que matou o filho, Jordan (Michael Shannon), que está em coma e, segundo ela, é o único que pode lhe contar com exatidão sobre os últimos momentos de vida do rapaz.

Apesar de parecer um dramalhão pesado e deprimente, "Em busca de uma nova chance" consegue fugir do baixo-astral, graças em especial a seu elenco talentoso e ao acerto de Feste em alternar a vida da família em luto com o início do romance entre Bennett e Rose, uma história de amor delicada e sensível. A gravidez da jovem surge como uma espécie de oásis em meio ao desespero, que inclui também uma relação de falta de confiança entre marido e mulher: Allen teve um romance extra-conjugal, o que apenas alimenta ainda mais o medo de Grace de que ele se envolva com a própria nora. Sim, é psicologicamente denso. Mas é também um auspicioso trabalho de estreia de uma diretora que parece ter muito a dizer. "Em busca de uma nova chance" é uma pequena pérola que merece ser descoberta em meio ao lixo que entulha as prateleiras das videolocadoras.

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ATRAÇÃO PERIGOSA

Posted by Clenio on 19:46 in
Que Ben Affleck é melhor como cineasta do que como ator, qualquer um que tenha assistido a "Medo da verdade", seu filme de estreia, sabe muito bem. Mas sua segunda incursão atrás das câmeras, o policial dramático "Atração perigosa" consegue a façanha de mostrar que, além de um diretor bastante seguro, o marido de Jennifer Garner também tem sensibilidade o bastante para se auto-dirigir sem cair na armadilha do egocentrismo e, melhor notícia ainda, até que não se sai mal no papel principal: há muito tempo uma atuação sua não era tão simples e adequada quanto aqui, como Doug MacRay, o assaltante que cai de amores pela refém que faz seu melhor amigo de infância, James (Jeremy Renner), depois do roubo ao banco de onde ela é gerente.

Baseado em um romance de Chuck Hogan, "Atração perigosa" é um filme policial eficiente e um romance bastante convincente, em especial devido à atenção dada por Affleck ao sutil equilíbrio entre as duas vertentes da trama. O suspense criado pela possibilidade de Claire (a ótima Rebecca Hall) identificar seu novo amor como um dos seus sequestradores, as dúvidas de Doug em seguir uma "carreira" à margem da lei e sua relação com o bairro onde mora, seus companheiros e seu pai (uma participação genial de Chris Cooper) e a busca de um incansável agente do FBI (John Hamm, da série "Mad men") pelos culpados pelo assalto se alternam sem cansar o espectador. Jeremy Renner, indicado ao Oscar deste ano por "Guerra ao terror" demonstra que tem cacife para ir muito longe na carreira, assim como Rebecca Hall, que além de linda, apresenta uma atuação repleta de nuances. E o fato de Affleck não atrapalhar os shows dos colegas já é um avanço e tanto.

"Atração perigosa" - título nacional extremamente derivativo, diga-se de passagem - pode não ser um filme espetacular ou uma obra-prima, mas é um entretenimento muito decente, comandado por um astro que parece ter descoberto seu maior talento. Uns minutos a menos em seu terço final e "Atração perigosa" seria um dos melhores exemplares do gênero nos últimos anos. Mas é um pecado bastante pequeno perante o ótimo resultado final.

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