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O IMPOSSÍVEL
Posted by Clenio
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00:24
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CINEMA 2013
Ao contrário de "Titanic" - a comparação é inevitável, perdoem-me - em que a desgraça só chegava às personagens depois de mais da metade do filme, em "O impossível" o roteiro vai direto ao ponto: em menos de quinze minutos a paz e a tranquilidade da família do inglês Henry Bennett (Ewan McGregor) desaparece, sendo levada pela gigantesca onda que aniquila o hotel onde estavam todos hospedados. Afastada do marido e dos dois filhos caçulas, a médica Maria (Naomi Watts) une-se então ao filho mais velho, Lucas (Tom Holland) para tentar sobreviver às consequências do desastre. Enquanto isso, Henry e os outros meninos não desistem de procurar o resto da família, testemunhando abismados a extensão da tragedia.
A partir daí é surpreendente a maneira com que Bayona - que assinou o também ótimo "O orfanato" - manipula (no bom sentido) os sentimentos da audiência. Sem perder o ritmo em momento algum, o cineasta constrói um filme que equilibra com maestria sequências de suspense de tirar o fôlego com cenas da mais absoluta emoção. Fugindo do piegas admiravelmente, o filme conduz o público a uma experiência capaz de arrancar lágrimas do mais empedernido espectador ao apelar para os sentimentos mais puros e honestos de cada um. É notável também - e nisso se percebe claramente o talento de todos os envolvidos no projeto - como cada peça se encaixa perfeitamente no resultado final: a fotografia eficaz, a edição inteligente, a trilha sonora delicada e os efeitos visuais discretos e assustadores colaboram para transformar o trabalho de Bayona em duas horas do mais puro cinema, que entretém ao mesmo tempo em que apavora e emociona.
E emoção é a palavra-chave de "O impossível". Não há cena no filme que não arrepie, que não comova, que não mexa com o público. Tudo isso deve muito, justiça seja feita, a seu elenco: se apenas Naomi Watts foi indicada ao Oscar por sua performance não seria errado apontar que Ewan McGregor e o jovem Tom Holland mereciam maior atenção por parte dos eleitores da Academia. McGregor é dono de ao menos uma cena antológica (com a ajuda de um telefone celular) e Holland, com seu Lucas, ameaça roubar a cena sempre que aparece, demonstrando uma vasta gama de sentimentos que apenas os ótimos atores conseguem com apenas um olhar. Juntos aos outros atores mirins que completam a família - e uma participação afetiva de Geraldine Chaplin - são eles que dão alma ao filme de Bayona, desde já um clássico moderno. Imperdível!